sábado, janeiro 06, 2007

National Geographic - Portugal de Janeiro!

Do Blog Ciências Físicas e Naturais - Escola Correia Mateus, retirámos o seguinte post, de autoria de Ana Rola:

Já saiu a National Geographic de Janeiro!

A capa deste mês é um apelo urgente à consciência das pessoas de todo o mundo: a Amazónia está a desaparecer vítima de uma exploração desenfreada por capitalistas desejosos de aumentar o seu capital.

O pulmão do planeta, uma das últimas florestas tropicais, está a ser desbastado!

A renovação do ar está comprometida! Sem árvores para retirar o dióxido de carbono da atmosfera, o aumento do efeito de estufa será mais acelerado.

E, no entanto, podemos tomar, cada um de nós, atitudes para evitar este problema, nomeadamente: não comprar móveis de madeira exótica, não comprar animais selvagens, não comprar carne oriunda destes locais, entre outras medidas.


Para pensar:

Brasil: O fim da Amazónia
«Nos minutos que demorar a ler esta reportagem, uma área da Amazónia com dimensão aproximada de 150 campos de futebol será destruída.
As forças da globalização estão a invadir a Amazónia, apressando a morte da floresta e frustrando os esforços dos seus defensores. Nas últimas três décadas, centenas de pessoas morreram em guerras pela posse de terra e muitas outras enfrentam o medo, ameaçadas por quem lucra com o roubo da madeira e da terra. Nesta fronteira onde mandam as armas, as motosserras e os bulldozers, os funcionários da administração pública são frequentemente corruptos e ineficazes ou mal apetrechados e incapazes de aplicar a justiça. Texto de Scott Wallace; Fotografias de Alex Webb

Recentemente, os produtores industriais de soja aliaram-se aos madeireiros e aos criadores de gado na luta pela posse da terra, acelerando a destruição e fragmentando ainda mais a grandiosa região bravia brasileira. Nos últimos 40 anos, quase um quinto da floresta tropical da Amazónia foi abatido. Trata-se de uma área maior do que aquela que foi alvo da destruição perpetrada nos 450 anos anteriores, decorridos desde o início da colonização portuguesa. A comunidade científica teme que, nas próximas duas décadas, se percam ainda mais 20% das árvores existentes. Se isso acontecer, a ecologia da floresta começará a desmoronar-se. Intacta, a Amazónia produz metade da sua própria chuva através da humidade que liberta para a atmosfera. Se uma quantidade suficiente de chuva for eliminada pelo abate de clareiras, as restantes árvores secarão e morrerão. Quando o grau de exsicação é agravado pelo aquecimento global, as secas graves aumentam o perigo de fogos incontroláveis capazes de devastar a floresta. Uma seca desse tipo afligiu a Amazónia em 2005, reduzindo o nível dos rios até 12 metros e afectando centenas de comunidades. Entretanto, como a queima de árvores se está a processar de forma desmesurada (com o objectivo de criar terras cultiváveis nos estados fronteiriços do Pará, Mato Grosso, Acre e Rondónia), o Brasil tornou-se um dos maiores emissores de gases de estufa. Os sinais de perigo são indesmentíveis. Tudo começa sempre com uma estrada. Se exceptuarmos um punhado de auto-estradas federais e estaduais (incluindo a auto-estrada Transamazónica, de leste a oeste, e a controversa “auto-estrada da soja” BR-163, que divide o coração da Amazónia numa extensão de 1.770km), quase todas as estradas na Amazónia foram construídas sem licença. Essas estradas representam uma distância superior a 169 mil quilómetros e, na maioria, foram ilegalmente abertas por madeireiros que pretendiam acesso ao mogno e a outras madeiras duras para o mercado exportador. No Brasil, os acontecimentos desencadeados pela indústria madeireira são quase sempre mais destrutivos do que o próprio abate. Uma vez cortadas as árvores, os madeireiros prosseguem caminho, mas as estradas construídas servem para canalizar uma mistura explosiva de ocupantes de terra, especuladores, rancheiros, agricultores e inevitavelmente mercenários armados. Os açambarcadores de terra seguem a estrada até às profundezas da floresta, até aí impenetrável, e, depois, destroem grandes superfícies, de maneira a dar a impressão de que a terra lhes pertence. O roubo de terras é cometido graças a tácticas de corrupção e intimidação e a títulos fraudulentos de posse da terra. Os brasileiros até já inventaram um nome para descrevê-lo: grilagem, derivado do insecto grilo. Aqueles que cometem esta prática são apelidados de grileiros, por se saber que fabricam títulos falsos de propriedade, envelhecendo-os em gavetas cheias de grilos esfomeados.»


Artigo em:
National Geographic

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