quarta-feira, março 14, 2007

Grutas algarvias "estão quase a saque"

Por ser de difícil acesso, o interior da terra sempre suscitou muita curiosidade. Mas foi exactamente o isolamento que permitiu que ao longo de milhares de anos a natureza fosse criando autênticos monumentos: as grutas. O Algarve é apontado como uma das melhores zonas do país para desenvolver a espe-leologia, um desporto que aliado à ciência permite conhecer as grutas e perceber o seu verdadeiro valor. Facto que pode ser considerado importante para o turismo alternativo. As pesquisas realizadas até ao momento identificaram cerca de 180 grutas no Algarve, estando cem localizadas em Moncarapacho, mais concretamente no Cerro da Cabeça. Repletas de verdadeiras maravilhas naturais, formações fantásticas, como as estalactites e as estalagmites, cores inesperadas, colunas, animais invul-gares, como os morcegos e por vezes depósitos de objectos ancestrais estes verdadeiros monumentos enterrados parecem suscitar o interesse de muitos. Para o bem e para o mal. No Algarve, o estudo das grutas tem estado a cargo dos amantes da espeleologia, que, voluntariamente, embarcam quase semanalmente na aventura e mergulham na obscuridade das grutas algarvias e fazem inventários, mapas e outros trabalhos necessários à protecção deste património. Do outro lado da barricada parece estar o vandalismo de quem não percebe o valor deste património e cuja curiosidade leva a entrar nas grutas e destruir o que levou milhares de anos para se formar. Em entrevista ao Jornal do Algarve, o presidente do Centro de Estudos Espeleológicos e Arqueológicos do Algarve (C.E.E.A.A.), João Varela, descortinou um pouco mais sobre a actividade desta associação, os perigos que as grutas enfrentam frequentemente, a falta de legislação que as proteja e o potencial turístico das grutas algarvias. “Estudar e explorar as grutas da nossa região (…), lutar pela preservação e conservação das grutas e dar a conhecer à população em geral o que é a espe-leologia” são alguns dos objectivos desta associação cuja actividade remonta à década de 70. Actualmente com 32 sócios, dos 16 aos 40 anos, o C.E.E.A.A. está preocupado com a constante degradação das grutas e o desinteresse das entidades com competência na área da preservação do património histórico e natural.


Notícia de Sofia Cavaco Silva - 2007-03-14
Mais desenvolvimentos na edição 2607 do Jornal do Algarve

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