terça-feira, janeiro 22, 2008

Podemos prever um Tsunami?

CICLO DE CONFERÊNCIAS: NA FRONTEIRA DA CIÊNCIA

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

A ciência dedica-se ao estudo dos fenómenos da natureza e das suas interacções. Sendo o universo infinito, o processo de o apreendermos, acompanhando o progresso da ciência, não pode parar nem retroceder. A fronteira pula e avança.

Mas a ciência é também um poderoso veículo da cultura das sociedades contemporâneas e do exercício da cidadania. Por este motivo, torna-se necessário que cada vez se faça mais investigação e em melhores condições. O conhecimento científico está na base do espírito crítico, da atitude participativa, da verificação sistemática das condições do funcionamento da realidade de todos os dias.

A democracia é o único regime político que permite questionar livremente a relação da ciência com a sociedade. Ciência e democracia estão, pois, indissoluvelmente ligadas. Importa assim que todos compreendam os desafios e as perspectivas novas que decorrem das actividades na fronteira da ciência. Essas percepções são um poderoso indicador das oportunidades bem como das dificuldades com que se depara a nossa sociedade.

A leitura que fazemos do presente com vista ao futuro é a utopia que se tornará realidade no intervalo de uma geração. Torna-se assim tão importante falar sobre a ciência como fazer investigação na sua fronteira. É este encontro entre a ciência e os cidadãos que é fundamental promover. Para que as suas implicações sejam claras para todos – e para que o gosto pela aventura e pela descoberta perdure como aspiração colectiva.


PODEMOS PREVER UM TSUNAMI?
por Ana Vieira Batista
ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

30 de Janeiro de 2008, 18.00 horas, Auditório 2

O tsunami gerado pelo sismo de 1 de Novembro de 1755 foi o maior desastre natural verificado em Portugal. O sismo ocorreu cerca das 09.30, hora de Lisboa, tendo sido sentido um pouco por toda a Europa. O tsunami foi observado no Atlântico Norte, desde as Ilhas Barbados até à Escócia; no entanto as ondas mais destrutivas ocorreram em Portugal Continental, Espanha (Golfo de Cádiz) e no Norte de Marrocos. As dimensões catastróficas deste evento deram origem a uma onda de solidariedade e de consternação a nível global.

Passados cerca de duzentos e cinquenta anos, no início do século XXI, a Humanidade assiste quase em directo, pela televisão, ao desenrolar de duas catástrofes naturais de grandes dimensões: o tsunami de Sumatra e o furacão Katrina. O que tiveram em comum estas duas catástrofes? Ambas são fenómenos altamente energéticos e com um elevado poder devastador; por outro lado, verificou-se a incapacidade de ser prestado auxílio às populações em fuga e a enorme vulnerabilidade dos locais atingidos, quer se trate de um dos países mais ricos do mundo ou do litoral mais pobre do oceano Índico.

Os tsunamis têm um potencial destrutivo enorme, sendo gerados por grandes sismos, por gigantescos deslizamentos de terrenos ou grandes explosões vulcânicas. Os furacões são gerados pela evolução de tempestades tropicais, em regiões onde a temperatura da água do mar à superfície é elevada. Se bem que envolvendo escalas temporais distintas, ambos são fenómenos globais no que diz respeito ao impacto social e económico.

Quatro anos passados sobre o grande tsunami de Sumatra em que ponto nos encontramos? Quais os avanços científicos nesta área? Qual a resposta dos países e das organizações mundiais a futuros fenómenos semelhantes a um grande tsunami?

O que foi feito em Portugal? Às 22.14 horas do dia 25 de Agosto de 2007 foi colocado o primeiro observatório submarino integrado na rede de alerta precoce de tsunamis em instalação no Golfo de Cádiz. Este acontecimento é parte de um conjunto de projectos que visa dotar as populações da área do Golfo de Cádiz de um sistema integrado de alerta precoce.

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