sábado, outubro 18, 2008

Os Robots

Tarefas do Magalhães saturam professores
Ministério quer que sejam os docentes a tratar das burocracias e inscrições
TIAGO RODRIGUES ALVES

Os professores dizem que não são delegados comerciais e que as tarefas exigidas pelo Ministério não fazem parte das suas funções de docentes. As acções de formação do Magalhães ainda não foram esquecidas.

O Ministério da Educação, através das Direcções Regionais está a enviar orientações, no âmbito do programa e.escolinhas, para que os professores dêem todas as informações do Magalhães aos encarregados de educação e que tratem de todo o processo de inscrição. As tarefas passam por facultar os documentos de adesão aos pais, receber e validar as fichas e termos de responsabilidade depois de preenchidos e efectuar a inscrição dos alunos no sítio da Internet do programa, obtendo do sistema o código de validação para cada um.

"Isto está a deixar os professores indignadíssimos", afirmou, ao JN, Manuel Micaelo, coordenador do primeiro ciclo do Sindicato de Professores da Grande Lisboa. "Obviamente, isto não é conteúdo funcional da profissão e esta vai ser mais uma burocracia que impede os professores de se dedicarem às suas verdadeiras funções de docentes", explicou o sindicalista, salientando que "somos professores, não somos delegados de uma empresa ou técnicos informáticos".

Este é apenas mais um acidente de percurso na curta mas atribulada viagem do Magalhães. Ainda fresca na memória está a polémica que provocaram os vídeos das cinco acções de formação promovidas pelo Ministério da Educação. Recorde-se que cerca de 800 coordenadores de Tecnologia de Informação e Comunicação foram requisitados para terem um primeiro contacto e receberem formação específica sobre o Magalhães para depois a transmitirem aos professores do primeiro ciclo dos respectivos agrupamentos. Durando dois dias, as acções de formação passariam pela utilização do Magalhães em ambiente de sala de aula, na utilização da Internet com segurança e a questão do controlo parental.

No entanto, segundo os relatos de um cordenador que esteve presente na acção de Cantanhede, o que se passou foi "uma coisa completamente surreal". Paulo Carvalho confessa, no seu blogue, que "como professor e coordenador TIC" se sentiu "vexado nestes dois dias". E não percebe como é possível que se gaste "um dia a obrigar-nos a produzir teatrinhos e cantigas para miúdos de 6 anos, outro meio dia gasto com russos a lerem powerpoints em pseudo inglês, escritos em Português, com tradução por senhoras contratadas."

O gabinete de comunicação do Plano Tecnológico da Educação, através de um comunicado, afirmou que "das opiniões recolhidas sobre a qualidade destas jornadas de trabalho, nomeadamente através de inquéritos de avaliação, o balanço geral é francamente positivo." Quanto ao custo das acções de formação, o gabinete revelou ao JN que a despesa das acções propriamente ditas recaiu nas empresas associadas: Intel, Microsoft e Caixa Mágica. No entanto, foi o Estado a suportar as despesas de deslocação e estadia dos formandos.

Outras "falhas de navegação" do Magalhães - "convites" do Estado às autarquias para que estas suportassem as despesas com a Internet dos alunos do seu município, o facto de a empresa que está a produzir os Magalhães estar com um processo por incumprimento fiscal e, ainda, o falso anúncio de que este seria um computador 100% português.

in JN on-line - ler notícia


NOTA: Os sublinhados (bold/negrito) são da nossa responsabilidade. Já agora, aqui fica uma canção alusiva ao tema, por sugestão do Paulo Guinote:

Kraftwerk - Die Roboter

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