sábado, setembro 29, 2012

O massacre de Babi Yar foi há 71 anos

Selo postal ucraniano feito para recordar o 70º aniversário da tragédia em Babi Yar

Babi Yar é uma ravina existente em Kiev, capital da Ucrânia, que ficou conhecida na história como local de um dos maiores massacres de judeus e civis da então União Soviética pelos nazis, durante a II Guerra Mundial.
Em 29 e 30 de setembro de 1941, 92.771 civis ucranianos judeus foram levados a Babi Yar e assassinados coletivamente, num dos maiores massacres em massa da história. Nos meses que seguiram, milhares de outros judeus e não-judeus russos foram capturados, trazidos à ravina e fuzilados, num total de cerca de 100.000 mortos.

A ravina de Babi Yar é mencionada por registos históricos desde 1401 e através dos tempos sua área foi usada para diferentes propósitos, incluindo campos militares e cemitérios, um dos quais, judeu, foi fechado em 1937. Após a invasão da URSS pelas tropas nazistas em junho de 1941, a cidade de Kiev acabou caindo em mãos alemães depois de 45 dias de batalha, em 19 de setembro. Poucos dias após a ocupação, as execuções começaram com o fuzilamento de 700 pacientes de um hospital psiquiátrico da cidade.
Em 28 de setembro, um aviso foi afixado pelos postes e muros de Kiev, dirigido aos judeus:
Ordena-se a todos os judeus residentes de Kiev e suas vizinhanças que compareçam à esquina das ruas Melnyk e Dokterivsky, às 08.00 horas da manhã de segunda-feira, 29 de setembro de 1941 portando documentos, dinheiro, roupas de baixo, etc. Aqueles que não comparecerem serão fuzilados. Aqueles que entrarem nas casas evacuadas por judeus e roubarem pertences destas casas serão fuzilados.
Os judeus levados à ravina esperavam ser embarcados em comboios. A multidão de homens, mulheres e crianças era suficientemente grande para que ninguém tomasse conhecimento do que estava para acontecer a não ser tarde demais. Todos passavam por um corredor de soldados gritando, em grupos de dez e fuzilados; ao escutarem o barulho das metralhadoras do grupo da frente, já não tinham como escapar.
O massacre foi realizado em dois dias, a cargo da unidade C do Einsatzgruppen, o esquadrão da morte das SS, apoiados por membros de um batalhão das Waffen-SS; unidades da polícia ucraniana também seriam usadas para agrupar e conduzir os judeus até o local de fuzilamento, o que provocaria uma grande discussão na Ucrânia após a guerra.
Além deste massacre, Babi Yar foi alvo de milhares de outras execuções durante os dois anos de ocupação nazi de Kiev. O número total de mortos na ravina não é bem conhecido, mas o número mais aceite, cerca de 100 mil, foi fornecido pelo cálculo de moradores obrigados a enterrar os corpos. Tempos depois, o campo de concentração de Syrets foi erguido no local e nele internados prisioneiros de guerra russos, civis comunistas e combatentes da resistência, que ali eram executados.
Quando os nazis se retiraram de Kiev, fizeram tentativas de esconder os sinais das atrocidades cometidas durante os anos de ocupação. Entre agosto e setembro de 1943, o campo de Syrets foi parcialmente demolido e diversos corpos exumados e queimados, sendo as cinzas espalhadas pelas áreas vizinhas. Na noite de 29 de setembro de 1943, quando o campo estava sendo desmantelado, rebentou uma revolta entre os prisioneiros e quinze deles conseguiram escapar; após retomar o controle da situação, os alemães fuzilaram os 311 sobreviventes.

Quando o Exército Vermelho retomou o controlo de Kiev, em novembro de 1943, o campo foi transformado num local de internamento de prisioneiros alemães e utilizado até 1946, quando foi totalmente demolido. Nos anos 50 e 60, o local transformou-se num grande parque e num complexo de apartamentos.
O governo soviético sempre desencorajou que se desse ênfase ao massacre de judeus em Babi Yar, preferindo oficialmente que a tragédia fosse lembrada como um crime cometido contra todo o povo soviético e a população de Kiev. Diversas tentativas de se erguer um memorial judeu no local dos massacres foram adiadas. Em 1976 foi erguido um memorial em honra de todos os cidadãos soviéticos ali fuzilados, mas, apenas em 1991, com o fim da URSS, os judeus puderam finalmente erguer seu próprio monumento.
Sobre Babi Yar, o escritor e sobrevivente do Holocausto Elie Wiesel escreveu:
As testemunhas oculares disseram que, por meses após as mortes, o solo de Babi Yar continuava a esguichar geysers de sangue.

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