sábado, abril 20, 2013

Há 14 anos dois jovens massacraram 13 pessoas na Escola de Columbine e suicidaram-se


O Memorial HOPE da Biblioteca de Columbine,  que substitui a biblioteca onde grande parte do massacre ocorreu

O Massacre de Columbine aconteceu em 20 de abril de 1999 no Condado de Jefferson, Colorado, Estados Unidos, no Instituto Columbine, onde os estudantes Eric Harris (aka ReB), de 18 anos, e Dylan Klebold (aka VoDkA), de 17 anos, atiraram em vários colegas e professores.

Eric Harris e Dylan Klebold eram aparentemente adolescentes típicos de um subúrbio americano de classe média alta que moravam em casas confortáveis (o pai de Klebold era geofísico e a mãe especialista em crianças deficientes).
Harris e Klebold deixaram uma nota, encontrada perto dos seus corpos: "Não culpem mais ninguém por nossos atos. É assim que queremos partir". Faltavam apenas 17 dias para o fim do ano letivo. Com 1.965 alunos, Columbine era uma escola tão boa que muitas famílias se mudaram para Littleton, perto de Denver, com o objetivo de matricular os filhos na escola, pois, em média, 82% de seus alunos são aceites em universidades (nos Estados Unidos não há exames, o que conta é o desempenho do aluno no ensino secundário). Columbine também se orgulhava de não registar casos de violência. O polícia de plantão limitava-se a multar alunos que estacionavam os carros nos lugares de professores e não havia, como nas escolas de Nova York, Los Angeles e Chicago, detectores de metais na entrada. Nas festas de formatura, os alunos costumavam aceitar o pedido dos pais para vedar bebidas alcoólicas. Columbine era famosa por ser conservadora e privilegiar os jogadores de equipas de futebol americano, basebol e basquetebol, sendo esse o rastilho da tragédia.

Harris e Klebold, ótimos alunos de boas famílias, não eram populares na escola. Preferiam os computadores aos desportos. Encontraram os seus amigos num grupo chamado a Máfia da Capa Preta. Ridicularizados pelos atletas, remoíam planos de vingança e extravasavam o seu ódio na Internet. Harris, principal cabeça por trás do ataque, tinha um website, já desativado, no qual colecionava suásticas e sinistros vídeos neonazis e até dava receitas para a fabricação de bombas. Em seu auto-retrato, escreveu: "Mato aqueles de quem não gosto, jogo fora o que não quero e destruo o que odeio". Já Klebold dizia que seu número pessoal era "420", possivelmente uma referência à data de nascimento de Hitler, 20 de abril.
Os diários dos jovens foram encontrados, mas ainda não se chegou a uma conclusão sobre o motivo do ataque. «Não eram rapazes comuns que foram importunados até retaliarem», escreveu o psicólogo Peter Langman no seu livro, "Why Kids Kill: Inside the Minds of School Shooters" ("Por que Crianças Matam: Dentro das Mentes dos Atiradores Escolares") «Não eram rapazes comuns que jogavam jogos de videojogos demais», «Não eram rapazes comuns que queriam apenas ser famosos», «Eles simplesmente não eram rapazes comuns», «Eram rapazes com problemas psicológicos sérios».
No seu diário Harris mostrava toda a sua revolta e seu "desejo de ser Deus", enquanto Klebold mostrava grande depressão:
Harris escreveu certa vez: "Eu me sinto como Deus, e gostaria que fosse assim, para que todos estivessem OFICIALMENTE abaixo de mim" Enquanto Klebold escreveu "Eu sou um deus, um deus da tristeza"
É dito que no dia do ataque, Harris usava uma camisola escrita Natural Selection (Selecção Natural) e Klebold uma escrita «Wrath» (Ira/Raiva).
A socióloga de Princeton, Katherine Newman, co-autora do livro de 2004, "Rampage: The Social Roots of School Shootings" ("Violência: As Raízes Sociais dos Tiroteios em Escolas"), disse que jovens como Harris e Klebold não eram solitários, eles apenas não eram aceites pelos colegas que importavam: «Obter atenção ao se tornar notório é melhor do que ser um fracassado».
Langman, cujo livro traça o perfil de 10 atiradores, incluindo Harris e Klebold, descobriu que nove sofriam de depressão e pensamentos suicidas, uma combinação "potencialmente perigosa", disse ele. «É difícil impedir um assassinato quando os assassinos não se importam em viver ou morrer. É como tentar deter um homem-bomba».

Eric Harris e Dylan Klebold conseguiram o seu arsenal comprando pela internet - duas caçadeiras, uma pistola semi-automática e uma arma de assalto de 9mm, acharam também na Internet a receita para fabricar as bombas. Um vizinho viu os dois, na segunda-feira, véspera do fuzilamento, partindo garrafas com um taco de basebol. Os cacos seriam usados como estilhaços nas bombas, e o vizinho não desconfiou de nada. Harris escreveu num diário os planos do ataque à escola. Um diagrama mostra como as armas seriam escondidas sob as longas capas de couro preto. Num exemplar do livro de formatura do colégio, Harris escreveu sobre as fotos, quem ia morrer e quem seria poupado: "Morto", "Morrendo" e "Salvo".
Até o final da semana pairava no ar a suspeita de que os atiradores tinham contado com a ajuda de cúmplices no ataque. Duvidando de que pudessem carregar sozinhos mais de 30 bombas para dentro do colégio, a polícia investigava outros membros da Máfia da Capa Preta. Entre a invasão da escola, às 11.30 da manhã, e a descoberta dos corpos pela polícia, às 04.00 da tarde, os cúmplices podem ter deixado o prédio misturados à multidão que conseguiu escapar. A equipe da SWAT ordenava que todos levassem as mãos à cabeça, mas não tinha como separar supostos atacantes de vítimas.
Centenas de alunos e um professor trancados nas salas, ouviam os tiros e explosões sem saber o que estava acontecendo. Muitos ligaram para casa pelos telemóveis, sussurrando, para pedir por socorro. Harris e Klebold acompanhavam tudo na TV da biblioteca, vendo a transmissão em direto do cerco à escola. No final, depois de meia hora de silêncio, a SWAT invadiu a biblioteca e encontrou os corpos dos dois cercados de outros, alguns irreconhecíveis. O sangue era tanto que a polícia divulgou a estimativa de 25 mortos. Só no dia seguinte, desativadas todas as bombas, pôde-se retirar e contar os corpos.

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