sexta-feira, outubro 06, 2017

O jesuíta Matteo Ricci, o primeiro sinólogo, nasceu há 465 anos

Padre Matteo Ricci, S.J. (Macerata, 6 de outubro de 1552 - Pequim, 11 de maio de 1610) foi um sacerdote jesuíta, missionário, cientista, geógrafo e cartógrafo renascentista italiano. É conhecido pela sua actividade missionária na China da dinastia Ming, onde era conhecido por Lì Mǎdòu. É considerado o fundador das modernas missões católicas na China, contribuindo assim de modo fulcral para a introdução do catolicismo na China.

(...)

Matteo Ricci é considerado também como "um modelo de proveitoso encontro entre as civilizações europeia e chinesa" e ainda como "um singular modelo de evangelização e de diálogo com as várias realidades culturais e religiosas". Mais especificamente, "Matteo Ricci é considerado o símbolo do primeiro contacto da China com as ciências e a tecnologia europeias, do encontro pioneiro do Evangelho com os intelectuais da raça Han, assim como um dos primeiros intercâmbios entre a cultura chinesa e a ocidental".
Na altura, Ricci era classificado pelos chineses como "um dos mais notáveis e brilhantes homens da História" e como o "Mestre do grande Ocidente". Isto porque Ricci fascinou os chineses pelo seu grande interesse, admiração e respeito pela cultura chinesa e também pelo seu vasto saber ocidental em diversas áreas do conhecimento, como a teologia, a apologética, a catequese popular, a matemática, a astronomia, a literatura, a poesia, a arte e a música.
Em 2010, quando das celebrações do quarto centenário da morte de Matteo Ricci, o Papa Bento XVI afirmou que o "Padre Ricci constitui um caso singular de feliz síntese entre o anúncio do Evangelho e o diálogo com a cultura do povo ao qual Ele é levado, um exemplo de equilíbrio entre clareza doutrinal e obra pastoral prudente. Não apenas a profunda aprendizagem da língua, mas também a assunção do estilo de vida e dos costumes das classes cultas chinesas, fruto de estudo e de exercício paciente e clarividente, fizeram com que Padre Ricci fosse aceite pelos chineses com respeito e estima, não como um estrangeiro, mas como o "Mestre do grande Ocidente"." O Papa afirmou ainda que a actividade missionária de Ricci na China "se torna também diálogo entre culturas; um diálogo desinteressado, livre de ambições de poder económico ou político, vivido na amizade, que faz da obra de Padre Ricci e dos seus discípulos um dos pontos mais salientes e felizes na relação entre a China e o Ocidente" . Por fim, o Papa salientou ainda o facto de que, "no "Museu do Milénio" de Pequim somente duas pessoas estrangeiras são recordadas entre os grandes da história da China: Marco Polo e Padre Matteo Ricci" .

(...)

Recebeu a sua primeira formação na sua cidade natal de Macerata (Itália). Em 1568, partiu para Roma para estudar Direito na Universidade La Sapienza, dado que seu pai ambicionava para si a ascensão na administração pontifícia. Foi em Roma que começou a frequentar as reuniões da Annunciata, uma associação cristã de jovens ligada à Companhia de Jesus, que promovia a oração e os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Este desenvolvimento espiritual leva a que a 15 de agosto de 1571, contra a vontade do seu pai, requeira o ingresso na Companhia de Jesus. Ingressou depois no Colégio Romano, onde estudou Retórica, Filosofia e Teologia. Aí estudou também Matemática, Cosmologia, Geografia e Astronomia, sob a orientação do célebre padre Cristóvão Clávio.
Aconselhado pelo padre Alessandro Valignano, visitador da Companhia de Jesus nas missões do Oriente, em 1577 Ricci voluntariou-se para trabalhar nas missões de evangelização da Ásia. Por isso, prosseguiu para Portugal, onde aproveitou para aprender a língua portuguesa na Universidade de Coimbra. A 24 de março de 1578, partiu de Lisboa para a colónia portuguesa de Goa, na nau São Luís, juntamente com um grupo de jesuítas. Ordenou-se sacerdote a 26 de julho de 1580, enquanto trabalhava como professor de latim e grego em Cochim, onde terminou também os seus estudos de Teologia.
Em 1582, foi destacado por Alexandre Valignano para a missão jesuíta da China. A 7 de agosto do mesmo ano, chegou à colónia portuguesa de Macau com o fim de estudar a língua chinesa, para poder evangelizar no país, naquela altura governado pela dinastia Ming. A entrada neste país dum ocidental era difícil, pois eram tomados como feiticeiros e intrusos de índole perigosa.

Matteo Ricci com as suas vestes de um letrado chinês confuciano

Sem comentários: