O Curso de Geologia de 85/90 da Universidade de Coimbra escolheu o nome de Geopedrados quando participou na Queima das Fitas.
Ficou a designação, ficaram muitas pessoas com e sobre a capa intemporal deste nome, agora com oportunidade de partilhar as suas ideias, informações e materiais sobre Geologia, Paleontologia, Mineralogia, Vulcanologia/Sismologia, Ambiente, Energia, Biologia, Astronomia, Ensino, Fotografia, Humor, Música, Cultura, Coimbra e AAC, para fins de ensino e educação.
Nascido numa aldeia do concelho de Bragança, onde nasceram também os seus pais, Francisco Alves Barnabé e a sua mulher, Francisca Vicente, foi ordenado sacerdote em 13 de junho de 1889 e, desde então, até à sua morte, tornou-se pároco da sua aldeia natal.
Dedicou a sua vida a recolher testemunhos arqueológicos, etnológicos e históricos respeitantes à região de Trás-os-Montes
e, especialmente ao distrito de Bragança. Autodidata erudito,
rústico e pitoresco, os críticos apontam-lhe, contudo, a sua falta de
sistematização e poder interpretativo.
A sua obra principal são as Memórias arqueológicas-históricas do distrito de Bragança (1909-1947), em onze volumes.
Em 1925 foi nomeado diretor-conservador do Museu Regional de Bragança, que desde 1935 é designado por Museu do Abade de Baçal em sua homenagem.
No quinto volume da sua obra-prima, dedicado aos Judeus, constam os seus títulos:
Reitor de Baçal, Antigo Vereador da Câmara Municipal de Bragança,
Antigo Vogal à Junta Geral do Distrito do mesmo nome, Sócio da
Associação dos Arqueólogos Portugueses, da Sociedade Portuguesa de
Estudos Históricos, do Instituto de Coimbra, da Academia das Ciências
de Lisboa, do Instituto Etnológico da Beira, do Instituto Histórico do
Minho, Presidente Honorário do Instituto Científico-Literário de Trás
os Montes, Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de S.
Tiago do Mérito Científico, Literário e Artístico, em atenção às suas
qualidades de escritor reveladas na obra "Memórias
Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança", distinguido pelo Clero
Bragançano com a oferta dum cálix de valor artístico, com uma pena de
ouro e um tinteiro no mesmo metal de alto valor artístico por oferta
do Distrito de Bragança em reconhecimento dos seus trabalhos de
investigação histórica em prol do mesmo, pedaço de asno se acredita que estas honrarias douram a sua muita ignorância, e ainda, ultimamente, Diretor-Conservador do Museu Regional de Bragança.
George Edward Stanhope Molyneux Herbert, 5th Earl of Carnarvon (Mayfair, London, 26 June 1866 – Cairo, 5 April 1923), styled Lord Porchester until 1890, was an English aristocrat best known as the financial backer of the search for and the excavation of Tutankhamun's tomb in the Valley of the Kings.
Exceedingly wealthy, Carnarvon was at first best known as an owner of
racehorses and a reckless driver of early automobiles, suffering in 1901
a serious motoring accident near Bad Schwalbach in Germany which left him significantly disabled. In 1902, he established Highclere Stud to breed thoroughbred racehorses. In 1905, he was appointed one of the Stewards at the new Newbury Racecourse. His family has maintained the connection ever since. His grandson, the 7th Earl, was racing manager to Queen Elizabeth II from 1969, and one of Her Majesty's closest friends.
Lord Carnarvon was an enthusiastic amateur Egyptologist, undertaking in 1907 to sponsor the excavation of nobles' tombs in Deir el-Bahri (Thebes). Howard Carter joined him as his assistant in the excavations. It is now established that it was Gaston Maspero,
then Director of the Antiquities Department, who proposed Carter to
Lord Carnarvon. He received in 1914 the concession to dig in the Valley of the Kings, in replacement of Theodore Davis who had resigned. In 1922, he and Howard Carter together opened the tomb of Tutankhamun in the Valley of the Kings, exposing treasures unsurpassed in the history of archaeology.
On 25 March 1923 Carnarvon suffered a severe mosquito bite infected by a
razor cut. On 5 April, he died in the Continental-Savoy Hotel in Cairo. This led to the story of the "Curse of Tutankhamun", the "Mummy's Curse". His death is most probably explained by blood poisoning (progressing to pneumonia) after accidentally shaving a mosquito bite infected with erysipelas. Carnarvon's tomb, appropriately for an archaeologist, is located within an ancient hill fort overlooking his family seat at Beacon Hill, Burghclere, Hampshire. Carnarvon was survived by his wife Almina, who re-married, and their two children.
Varinha mágica intrigou cientistas durante décadas. A sua função foi agora descoberta
Visualizações de vários ângulos do bastão encontrado na caverna de Hohle Fels
Um novo estudo fornece uma explicação plausível para a
finalidade de um misterioso artefacto da Idade do Gelo, que
anteriormente se especulava que poderia ter sido usado como uma “varinha
mágica” ou um símbolo de poder do oculto.
Descoberto na caverna de Hohle Fels, no sudoeste da Alemanha, o artefacto, feito de marfim de mamute e datado de há 40.000 anos atrás, intriga cientistas há décadas.
Os arqueólogos consideraram inicialmente que se trataria de uma “varinha mágica”
para uso em rituais religiosos, um cetro ou até mesmo um instrumento
musical devido à sua forma pontiaguda e buracos perfurados.
Mas a verdadeira função do artefacto acaba agora de ser finalmente revelada, após um estudo conduzido por Nicholas Conard, investigador da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e Veerle Rots, da Universidade de Liège, na Bélgica.
Segundo os autores do estudo, publicado no fim de janeiro na revista Science Advances, o artefacto não era um instrumento de feitiçaria - seria na realidade uma ferramenta prática para fazer cordas - um objeto essencial na vida dos humanos do Paleolítico.
Dada a natureza perecível de materiais como fibras de plantas, as evidências para o fabrico de cordas na era Paleolítica têm sido escassas.
No entanto, o estado bem preservado deste artefacto, juntamente com fibras de plantas encontradas no local, apoiou a hipótese de que seria uma ferramenta para a criação de cordas.
A importância da corda na Idade da Pedra, para
tarefas que vão desde a segurança de armas até a confeção de roupas,
implica a existência de tecnologia para produzi-la eficientemente.
Para validar a sua hipótese, Conard e Rots criaram uma réplica do artefacto e realizaram experiências com vários materiais, incluindo tendões de veado, cânhamo, linho e urtigas.
Os investigadores descobriram que as fibras de junco, tília e salgueiro produziram os melhores resultados, possibilitando a criação de cordas duráveis e flexíveis.
Através dos seus testes, os investigadores demonstraram que o artefacto poderia realmente facilitar a criação de cordões mais grossos, aumentando a eficiência da produção das cordas paleolíticas.
Embora replicar o uso do artefacto não prove conclusivamente
o seu propósito original, a combinação de análise microscópica das
ranhuras do artefacto e a presença de fibras de plantas no local fornecem evidências convincentes que suportam a teoria da fabricação de cordas.
“Esta ferramenta responde a uma questão que intrigava os cientistas há décadas: como é que se faziam cordas no Paleolítico“, explica Veerle Rots, citado pelo Science Alert.
Cultivou também a poesia e colaborou em revistas e jornais científicos. Encontra-se colaboração da sua autoria na revista O Pantheon (1880 - 1881) e no semanário Branco e Negro (1896 - 1898).
Entre as suas obras contam-se: Os Argonautas; Ora Marítima; Lusitanos, Lígures e Celtas.
No museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, conserva-se uma grande parte dos objetos arqueológicos por si encontrados.
A pedra do altar de Stonehenge não veio de onde pensávamos
O mistério em torno de Stonehenge aprofundou-se ainda mais
graças a um novo estudo sobre a Pedra do Altar, que desafia as crenças
sobre a sua origem.
Contrariamente às anteriores suposições de que a Pedra do Altar partilhava a sua origem com as outras pedras do círculo interior de Stonehenge, o estudo sugere que pode ter vindo de um local ainda mais distante.
Acredita-se que Stonehenge, situado em Wiltshire, no sudoeste de
Inglaterra, tenha sido construído ao longo de milénios, com a fase
inicial a datar de há cerca de 5.000 anos.
Esta fase envolveu a colocação de 56 pedras, que notavelmente têm a sua origem na região de Mynydd Preseli,
no País de Gales, aproximadamente 225 quilómetros a oeste de
Stonehenge. Este transporte de longa distância está entre os mais
extensos conhecidos desde a origem até à construção do monumento a nível
mundial.
A Pedra do Altar, a maior das pedras, tinha sido anteriormente
considerada parte do grupo das pedras. No entanto, utilizando técnicas
avançadas, os investigadores descobriram que a composição mineral da
Pedra do Altar não se alinhava com o Old Red Sandstone (ORS) típico da
Bacia Anglo-Welsh, explica o IFLScience.
Como resultado, a Pedra do Altar já não se enquadra na classificação
convencional de pedras provenientes de Mynydd Preseli. Os resultados da
nova investigação foram recentemente publicados na revista Journal of Archaeological Science: Reports.
A análise revelou concentrações significativamente mais elevadas de baritina,
um mineral que contém sulfato de bário, na Pedra do Altar em comparação
com o ORS galês. Esta descoberta levou os investigadores a explorar
fontes alternativas de arenito no Reino Unido.
Os depósitos em Cumbria, no norte de Inglaterra, e nas ilhas escocesas de Orkney e Shetland surgiram como potenciais candidatos à origem da Pedra do Altar.
O que torna estas regiões particularmente intrigantes é a presença de
monumentos neolíticos, o que implica que as comunidades locais podem
ter extraído a pedra para fins rituais. Além disso, há indícios de que
Stonehenge tinha ligações com regiões tão distantes como a Escócia, que
remontam a cerca de 2500 a.C., durante a segunda fase de construção do
monumento.
O estudo propõe que a Pedra do Altar possa ter sido transportada para Stonehenge durante este período posterior, muito depois da colocação inicial das pedras. No entanto, são necessárias mais análises, realça ainda o IFLScience.
Howard Carter nasceu em Londres, Inglaterra,
e era filho de Samuel John Carter, um artista que treinou e desenvolveu
os talentos artísticos do filho, e de sua mulher Martha Joyce Sands.
Em 1891, aos 17 anos, foi convidado pelo Fundo de Exploração Egípcia para se tornar assistente de Percy Newberry na escavação e nos registos arqueológicos dos túmulos do Império Médio, encontrados em Beni Haçane.
Embora ainda jovem, foi inovador nos métodos de transcrição das
decorações dos túmulos. Em 1892, Howard Carter trabalhou sob a tutela de
Flinders Petrie, um dos mais importantes arqueólogos britânicos, por uma época em Amarna, a capital fundada pelo faraó Aquenáton. Entre 1894 e 1899 juntou-se à equipa de Édouard Naville em Deir Elbari, onde era responsável por registar os relevos de parede do templo de Hatexepsute.
Em 1899, Carter tornou-se no primeiro inspetor-chefe do Serviço das Antiguidades Egípcias, fundado por Auguste Mariette em 1858. Durante este período, supervisionou várias escavações em Tebas Antiga (também conhecida por Luxor), quando foi transferido em 1904 para a Fiscalização do Baixo Egito.
Em 1905 demitiu-se do seu cargo no Serviço das Antiguidades Egípcias,
após um inquérito sobre um incidente (conhecido como o Saqqara Affair)
que envolveu guardas locais egípcios e um grupo de turistas franceses,
no qual ele apoiou os egípcios.
Túmulo de Tutancâmon
Em 1907 Carter foi contratado por Lorde Carnarvon para supervisionar as escavações que ele financiava no Egito. Estes trabalhos prosseguiram no Vale dos Reis até 1914, quando precisaram ser interrompidos por causa da Primeira Guerra Mundial.
Em 1917, as escavações foram retomadas. Porém, depois de vários anos
de buscas infrutíferas, em 1922 Carnarvon avisou Carter de que
financiaria apenas mais um ano de pesquisas pela tumba que procurava.
Em 4 de novembro de 1922, o grupo de escavação de Carter encontrou os
degraus que levavam à tumba. Ele então avisou Carnarvon da descoberta e
esperou que ele viesse até o local das escavações. Então, em 26 de
novembro de 1922, na presença de Lorde Carnarvon, da filha de Carnarvon e
de algumas outras pessoas, Howard Carter abriu uma pequena brecha no
canto superior esquerdo da porta de entrada, espaço suficiente para que a
luz de uma vela pudesse revelar que muitos tesouros de ouro e marfim
estavam intactos. Era uma antecâmara, de onde podia se ver uma
promissora porta selada, guardada por duas estátuas sentinelas. Quando
Carnarvon lhe perguntou se estava vendo alguma coisa, Carter proferiu
sua célebre frase: "Yes, wonderful things" ou "Sim, coisas
maravilhosas".
Os meses seguintes foram gastos no inventário de todo o imenso
conteúdo desta antecâmara da tumba, sob cuidadosa supervisão das
autoridades egípcias, pois apenas em presença delas é que se podia abrir
oficialmente uma tumba. O Diretor Geral do Departamento de Antiguidades
do Egito, Pierre Lacau supervisionou pessoalmente a atuação da equipe britânica.
Finalmente, em 16 de fevereiro de 1923, Carter pôde abrir a porta
selada, descobrindo que ela levava a uma câmara onde o faraó havia sido
sepultado. Foi então que descobriram o sarcófago de Tutancâmon.
Este túmulo é, de longe, o mais intacto e preservado descoberto em todo o
Vale dos Reis, de elevado valor histórico e arqueológico. A imprensa
mundial cobriu estes feitos e as reportagens fizeram de Howard Carter
uma celebridade.
A exploração do túmulo e a catalogação de seus milhares de objetos prosseguiu até 1932.
Morte
Carter morreu da doença de Hodgkin aos 64 anos em seu apartamento em
Londres em 49 Albert Court, ao lado do Royal Albert Hall, em 2 de março
de 1939. Ele foi enterrado no Putney Vale Cemetery em Londres, em 6 de março, com nove pessoas comparecendo ao seu funeral.
O seu amor pelo Egito permaneceu forte; o epitáfio em sua lápide
diz: "Que seu espírito viva, que você passe milhões de anos, você que
ama Tebas, sentado com seu rosto ao vento norte, seus olhos contemplando
a felicidade", uma citação tirada do Cálice dos Desejos de Tutancâmon, e
"Ó noite, abre tuas asas sobre mim como as estrelas imperecíveis".
O inventário foi concedido em 5 de julho de 1939 ao egiptólogo
Henry Burton e ao editor Bruce Sterling Ingram. Carter é descrito como
Howard Carter de Luxor, Alto Egito, África,
e de 49 Albert Court, Kensington Grove, Kensington, Londres. Seu
patrimônio foi avaliado em £ 2 002 (equivalente a £ 132.051 em 2021). A
segunda concessão de inventário foi emitida no Cairo em 1 de setembro de
1939.
Em seu papel como executor, Burton identificou pelo menos 18 itens na
coleção de antiguidades de Carter que haviam sido retirados do túmulo de
Tutancâmon sem autorização. Como este era um assunto sensível que
poderia afetar as relações anglo-egípcias, Burton procurou conselhos
mais amplos, finalmente recomendando que os itens fossem discretamente
apresentados ou vendidos para o Metropolitan Museum of Art, com a
maioria eventualmente indo para lá ou para o Museu Egípcio no Cairo. Os
itens do Metropolitan Museum foram posteriormente devolvidos ao Egito.
Tutancámon, também conhecido pela grafia Tutankhamon (falecido em 1.324 a.C.), foi um faraó do Antigo Egito que faleceu ainda na adolescência.
Era filho e genro de Aquenáton (o faraó que instituiu o culto de Aton, o deus Sol) e filho de Kiya, uma esposa secundária do seu pai. Casou-se aos 8 anos, provavelmente com a sua meia-irmã, Anchesenamon. Assumiu o trono quando tinha cerca de nove anos, restaurando os antigos cultos aos deuses e os privilégios do clero (principalmente o do deus Amon de Tebas). Morreu, provavelmente, em 1.324 a.C.,
aos dezanove anos, sem herdeiros - com apenas nove anos de trono - "o
que levou especialistas a especularem sobre a hipótese de doenças
hereditárias na família real da XVIII dinastia egípcia", na opinião de Zahi Hawass, secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.
Devido ao facto de ter falecido tão novo, o seu túmulo não foi tão
sumptuoso quanto o de outros faraós, mas mesmo assim é o que mais fascina
a imaginação moderna pois foi uma das raras sepulturas reais
encontradas quase intacta. Ao ser aberta, em 1923, ainda continha
peças de ouro, tecidos, mobília, armas e textos sagrados que revelam muito sobre o Egito de três milénios atrás.
(...)
Em novembro de 1922 foi descoberto o túmulo de Tutancámon, resultado dos esforços de Howard Carter e do seu mecenas, o aristocrata Lord Carnarvon.
O túmulo encontrava-se inviolado, com exceção da antecâmara onde os
ladrões penetraram por duas vezes, talvez pouco tempo depois do funeral
do rei, mas por razões pouco claras ficaram-se por ali.
A câmara funerária foi aberta, de forma oficial, no dia 16 de fevereiro
de 1923. Estava preenchida por quatro capelas em madeira dourada
encaixadas umas nas outras, que protegiam um sarcófago
em quartzito de forma retangular, seguindo a tradição da forma dos
sarcófagos da XVIII dinastia. Em cada um dos cantos do sarcófago estão
representadas as deusas Ísis, Néftis, Neith e Selket.
Dentro do sarcófago encontravam-se três caixões antropomórficos,
encontrando-se a múmia no último destes caixões; sobre a face a múmia
tinha a famosa máscara funerária. Decorados com os símbolos da realeza
(a cobra e o abutre, símbolos do Alto e do Baixo Egito, a barba postiça
retangular e ceptros reais), o peso dos três caixões totalizava 1375
quilos, sendo o terceiro caixão feito de ouro. Na câmara funerária foram
colocadas também três ânforas,
estudadas, em 2004 e 2005, por arqueólogos espanhóis, coordenados por Rosa
Lamuela-Raventós. Os estudos revelaram que a ânfora junto à cabeça
continha vinho tinto, a colocada do lado direito do corpo continha shedeh (variedade de vinho tinto mais doce) e a terceira, junto aos pés, continha vinho branco.
Esta pesquisa revelou-se importante pois mostrou que os egípcios
fabricavam vinho branco, mil e quinhentos anos antes do que se pensava.
A lâmina de uma das adagas encontradas junto da múmia era feita com o metal de um meteorito.
Na câmara do tesouro estava uma estátua de Anúbis,
várias joias, roupas e uma capela, de novo em madeira dourada, onde
foram colocados os vasos canópicos do rei. Neste local foram achadas
duas pequenas múmias correspondentes a dois fetos do sexo feminino, que
se julgam serem as filhas do rei, nascidas de forma prematura.
Embora os objetos encontrados no túmulo não tenham lançado luz sobre a
enigmática vida de Tutancámon, revelaram-se bastante importantes para
um melhor entendimento das práticas funerárias e da arte egípcia.
Tesouro da Idade do Bronze descoberto em Espanha foi feito com metal extraterrestre
Tesouro de Villena, constituído por 59 objetos de ouro
Uma nova análise revela que alguns objetos do Tesouro de Villena foram feitos com ferro de um meteorito.
Numa descoberta notável que une o terrestre ao celestial, sabe-se agora
que o Tesouro de Villena, descoberto em Espanha há mais de seis décadas,
contém artefactos feitos de ferro meteorítico.
Esta análise inovadora, publicada
na revista Trabajos de Prehistoria em dezembro, revela que parte deste
tesouro da Idade do Bronze, encontrado em 1963 numa pedreira de cascalho
em Alicante, tem origem fora do nosso mundo.
O tesouro inclui 59 itens, tais como garrafas, taças e peças de
joalharia, feitos de ouro, prata, âmbar e agora confirmado, ferro
meteórico.
Inicialmente, os componentes de ferro do tesouro intrigaram os
investigadores com a sua composição e aparência únicas, sendo brilhantes
em alguns lugares e cobertos com um óxido que parece ferroso e rachado, relata o Live Science.
Somente estudos recentes, utilizando espectrometria de massa,
confirmaram a origem celestial do ferro utilizado numa pulseira em forma
de C e numa esfera oca. Estes objetos, datados entre 1400 e 1200 a.C.,
terão sido feitos a partir de um meteorito que atingiu a Terra
aproximadamente há 1 milhão de anos.
A pesquisa sublinha a importância do ferro no contexto da metalurgia
da Idade do Bronze. O ferro, especialmente o ferro meteórico, possuía um
valor simbólico e social comparável ao do ouro.
O estudo sugere que estes artefactos provavelmente faziam parte do
tesouro escondido de uma comunidade, refletindo a ausência de reinos
conhecidos na Península Ibérica durante este período.
Embora as origens exatas destes artefactos de ferro meteórico permaneçam incertas, os investigadores especulam que poderiam ter vindo do Mediterrâneo Oriental, traçando paralelos com objetos contemporâneos como os encontrados no túmulo do faraó Tutankhamon.
Esta hipótese, contudo, permanece especulativa sem evidências
concretas que apoiem a produção local na região Ibérica, pois outros
artefactos conhecidos de ferro meteórico da Europa, como os da Polónia e
Suíça, são datados mais tarde.
The New Hermitage was opened to the public on 5 February 1852. In the same year the Egyptian Collection of the Hermitage Museum emerged, and was particularly enriched by items given by the Duke of Leuchtenberg, Nicholas I's son-in-law. Meanwhile in 1851–1860, the interiors of the Old Hermitage was redesigned by Andrei Stackensneider
to accommodate the State Assembly, Cabinet of Ministers and state
apartments. Andrei Stakenschneider created the Pavilion Hall in the
Northern Pavilion of the Small Hermitage in 1851–1858.
Heinrich Schliemann (Neubukow, Mecklemburgo-Schwerin, 6 de janeiro de 1822 - Nápoles, 26 de dezembro de 1890) foi um arqueólogo clássico alemão, um defensor da realidade histórica dos topónimos mencionados nas obras de Homero e um importante descobridor de sítios arqueológicos micénicos, como Troia e a própria Micenas. Nos anos 1870, Schliemann viajou pela Anatólia e escavou o sítio arqueológico do Hisarlik, revelando várias cidades construídas em sucessão a cada outra. Uma das cidades descobertas por Schliemann, nomeada Troia VII, é frequentemente identificada com a Troia homérica.
Filho
de um pastor protestante alemão, Schliemann, desde criança, era
fascinado pelas obras de Homero e tinha extrema fé de que Troia existira
de facto. Estuda até aos seus catorze anos, quando então começa a trabalhar
como aprendiz numa loja. Em 1841, embarcou para Hamburgo, mais tarde para a Venezuela, e retornou à Europa (Amesterdão).
Autodidata
Em 1846, com vinte e quatro anos de idade mudou-se para São Petersburgo, Rússia, onde trabalhou como correspondente e guarda-livros, levando seis semanas, por meio do seu próprio método, a aprender o russo.
Em 1809 torna-se professor de História em Grenoble. O seu interesse pelas línguas orientais, especialmente o copta, levou-o a se dedicar à tarefa de decifrar os escritos da então recém-descoberta Pedra de Rosetta, e ele passou os anos de 1822 a 1824 envolvido nesta tarefa, expandindo enormemente os trabalhos de Thomas Young nesta área, que foi a chave para o estudo da Egiptologia.
25 anos depois, o “Menino do Lapedo” vai ou não ser mostrado ao público?
Menino de Lapedo (conceito artístico)
Vinte e cinco anos depois da sua descoberta, o esqueleto do
“Menino do Lapedo”, a criança neandertal portuguesa descoberta em 1998,
permanece depositado no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa — e
está por decidir se algum dia será exposto ao público.
No Lagar Velho, no vale do Lapedo, a cerca de 150 km de Lisboa, foi descoberto em 1998 o esqueleto conhecido como Menino do Lapedo - o esqueleto português que sugere que neandertais e humanos se cruzaram.
Com cerca de 4 anos, a criança foi enterrada neste local há cerca de 29 mil anos.
Na altura da descoberta, algo diferente no seu corpo chamou a atenção
dos arqueólogos que começaram a escavar o sítio arqueológico.
“Havia algo estranho na anatomia da criança. Quando
encontramos a mandíbula, sabíamos que seria um humano moderno, mas
quando expusemos o esqueleto completo […] vimos que tinha as proporções corporais de um Neandertal”, explica João Zilhão, arqueólogo e líder da equipa que trabalhou na descoberta.
“A única coisa que poderia explicar essa combinação
de características é que a criança era, de facto, evidência de que os
neandertais e os humanos modernos se cruzaram”.
Mas a teoria do cientista português provocou então uma revolução
nos estudos evolutivos, e imortalizou o Menino de Lapedo — que está
depositado, desde então, nas reservas do Museu Nacional de Arqueologia
(MNA).
Agora, no âmbito das comemorações dos 25 anos da descoberta, o MNA organizou uma visita ao esqueleto.
O MNA está encerrado ao público há mais de um ano,
para remodelação no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR),
mas algumas das obras e coleções, como o esqueleto do “Menino do
Lapedo”, e laboratórios estão depositados em oito contentores
climatizados, numa área ao ar livre do edifício.
Na visita conduzida pelo diretor do MNA, António Carvalho, foi possível ver as caixas onde estão colocadas as dezenas de fragmentos e ossos da “Criança do Lapedo”, com cerca de 29.000 anos, classificados como tesouro nacional.
A descoberta marcou a paleoantropologia internacional, por se tratar
do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica e
porque a criança apresenta traços de ‘Neandertal’ e de ‘homo sapiens‘.
Questionado pela Lusa, António Carvalho disse que ainda está a ser debatido, e não há uma decisão tomada,
sobre o futuro deste achado arqueológico: se permanecerá nas reservas
do museu nacional, se poderá integrar a exposição permanente quando
reabrir, ou se regressará ao sítio arqueológico, classificado como monumento nacional.
“No quadro da intervenção do museu certamente que esta questão e
outras vão ser debatidas, porque é normal. Um museu que depois se
oferece com todas as condições de conservação e de alguma projeção das suas reservas que vá ser objeto de reflexão, se se vão juntar determinados bens arqueológicos”, disse.
“Até para respeitar um princípio legal que é a da não-dispersão dos bens arqueológicos. Vamos ver”, detalhou António Carvalho.
Presente na visita, a antropóloga Cidália Duarte,
que em 1998 fez parte da equipa de escavações, e que atualmente ainda
trabalha no projeto de conservação, falou na “enorme responsabilidade”
em lidar com este tesouro nacional.
“É uma descoberta tão importante que é uma responsabilidade
que recai em cima de nós se isto se deteriora por alguma ação que
queiramos fazer. Já o imaginei exposto de várias maneiras, mas eu tenho receio, todos nós temos de tratar dessa memória para o futuro”, acrescentou a antropóloga.
A antropóloga recordou que o esqueleto só esteve uma vez exposto
ao público, numa exposição temporária, na Alemanha, no âmbito da
exposição de 2011 que assinalou os 150 anos da descoberta do Homem de
Neandertal nesse país.
A visita realizada esta quinta-feira é uma das várias iniciativas que
assinalam os 25 anos da descoberta do Menino do Lapedo — agora também
conhecido como a “Criança do Lapedo”.
O programa prolongar-se-á até ao final de 2024 e
“inclui conferências, conversas, mesas-redondas, exposições, residências
artísticas, publicações, em vários formatos, percursos pedestres e
atividades performativas e educativas, de distintas naturezas”, anunciou
a Câmara de Leiria.
Um estudo realizado por uma equipa internacional de
investigadores na Gruta da Oliveira, em Portugal, está a desafiar a
visão de longa data de que os neandertais são uma espécie separada dos
humanos modernos.
Os neandertais sabiam controlar o fogo e usavam-no para cozinhar, revela
um estudo conduzido por uma equipa internacional de investigadores, da
qual fazem parte os arqueólogos portugueses Mariana Nabais e João Zilhão.
O estudo, liderado por Diego Angelucci, arqueólogo da Universidade de Trento, baseia-se em descobertas na Gruta da Oliveira, em Torres Novas.
Este sítio arqueológico, uma jazida do Paleolítico Médio descoberta em
1989, foi habitado pelos neandertais há mais de 71.000 anos.
De acordo com os autores do estudo, publicado na PLOS One, os neandertais faziam um uso sofisticado e controlado do fogo para cozinhar e aquecer-se, de forma semelhante aos humanos modernos.
A conclusão é evidenciada pelo posicionamento consistente de uma lareira e de ossos queimados encontrados no local.
Esta descoberta está em linha com a ideia de que os neandertais, que chegaram a ser considerados intelectualmente inferiores aos humanos contemporâneos, tinham uma cultura complexa, com práticas como o enterro intencional dos mortos, a elaboração de joias e, possivelmente, a criação de arte.
A visão tradicional dos neandertais como uma espécie distinta, designada Homo neanderthalensis, remonta à sua descoberta inicial em 1864 e subsequente classificação pelo geólogo William King.
No entanto, esta perspetiva tem mudado à medida que análises mais sofisticadas revelaram ligações genéticas e culturais que aproximam os neandertais do Homo sapiens.
Pesquisas genéticas mostram que os neandertais acasalaram com antepassados dos humanos modernos, tornando ainda mais ténue a linha que em teoria separa as duas espécies.
Escavações arqueológicas na Gruta da Oliveira, Torres Novas
O uso controlado do fogo, marca da civilização
humana agora identificada na Gruta da Oliveira, apoia a ideia de que as
capacidades e práticas culturais dos neandertais não eram afinal assim
tão diferentes das nossas.
“Os achados do local da Gruta da Oliveira sugerem que os neandertais talvez devam ser vistos como diferentes formas de humanos e não como uma espécie completamente separada”, diz Diego Angelucci numa nota de imprensa publicada no site da Universidade de Trento.
Assim, embora a classificação taxonómica formal possa não mudar a
curto prazo, devido à natureza conservadora da taxonomia, o estudo agora
publicado reflete a ideia de que os neandertais são afinal mais como nossos irmãos do que primos distantes na árvore genealógica humana.
Nascido numa aldeia do concelho de Bragança, onde nasceram também os seus pais, Francisco Alves Barnabé, e sua mulher, Francisca Vicente, foi ordenado sacerdote em 13 de junho de 1889, desde então, até a sua morte, tornou-se pároco da sua aldeia natal.
Dedicou a sua vida a recolher testemunhos arqueológicos, etnológicos e históricos respeitantes à região de Trás-os-Montes
e, especialmente, ao distrito de Bragança. Autodidata erudito, rústico e
pitoresco, os críticos apontam-lhe, contudo, a sua falta de
sistematização e poder interpretativo.
A sua obra principal são as Memórias arqueológicas-históricas do distrito de Bragança (1909-1947), em onze volumes.
Em 1925 foi nomeado diretor-conservador do Museu Regional de Bragança, que, desde 1935, é designado por Museu do Abade de Baçal, em sua homenagem.
No quinto volume da sua obra-prima, dedicado aos Judeus, constam os seus títulos:
Reitor
de Baçal, Antigo Vereador da Câmara Municipal de Bragança, Antigo Vogal
à Junta Geral do Distrito do mesmo nome, Sócio da Associação dos
Arqueólogos Portugueses, da Sociedade Portuguesa de Estudos Históricos,
do Instituto de Coimbra, da Academia das Ciências de Lisboa, do
Instituto Etnológico da Beira, do Instituto Histórico do Minho,
Presidente Honorário do Instituto Científico-Literário de Trás os
Montes, Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de S.
Tiago do Mérito Científico, Literário e Artístico, em atenção às suas
qualidades de escritor reveladas na obra "Memórias
Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança", distinguido pelo Clero
Bragançano com a oferta dum cálix de valor artístico, com uma pena de
ouro e um tinteiro no mesmo metal de alto valor artístico por oferta do
Distrito de Bragança em reconhecimento dos seus trabalhos de
investigação histórica em prol do mesmo, pedaço de asno se acredita que
estas honrarias douram a sua muita ignorância, e ainda, ultimamente,
Diretor-Conservador do Museu Regional de Bragança.
Cultivou também a poesia e colaborou em revistas e jornais científicos. Encontra-se colaboração da sua autoria na revista O Pantheon (1880 - 1881) e no semanário Branco e Negro (1896 - 1898).
Entre as suas obras contam-se: Os Argonautas; Ora Marítima; Lusitanos, Lígures e Celtas.
No museu da Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, conserva-se uma grande parte dos objetos arqueológicos por si encontrados.
Menino do Lapedo. O esqueleto português que sugere que neandertais e humanos se cruzaram
Reconstrução visual do menino do Lapedo
No Lagar Velho, no vale do Lapedo, a cerca de 150 km de
Lisboa, foi descoberto em 1998 o esqueleto conhecido como menino do
Lapedo. Com cerca de 4 anos, foi enterrado neste local em Portugal há
cerca de 29 mil anos.
Algo diferente no seu corpo chamou a atenção dos arqueólogos que começaram a escavar o local.
“Havia algo estranho na anatomia da criança. Quando
encontramos a mandíbula, sabíamos que seria um humano moderno, mas
quando expusemos o esqueleto completo […] vimos que tinha as proporções corporais de um Neandertal”, explicou à BBC João Zilhão, arqueólogo e líder da equipa que trabalhou na descoberta.
“A única coisa que poderia explicar essa combinação de características é
que a criança era, de facto, evidência de que os neandertais e os
humanos modernos se cruzaram”.
Se voltarmos ao que se pensava sobre a evolução dos humanos no final
dos anos 90 — quando se supunha que os neandertais e os humanos modernos
eram espécies diferentes e, portanto, o cruzamento era impensável — não
surpreende que a grande maioria dos especialistas tenha acreditado que a
interpretação de Zilhão e sua equipa era um tanto exagerada.
Mas a sua teoria provocou uma revolução nos estudos evolutivos. A
comunidade à qual o menino pertencia era de caçadores-coletores e de
natureza nómada.
Conforme explicou à BBC Reel a arqueóloga Ana Cristina Araújo, quando
o menino morreu, o grupo cavou um buraco no chão, queimou um galho de
pinheiro e depositou o seu corpo envolto numa mortalha tingida de ocre
sobre as cinzas.
“Não sabemos (com certeza) se era menino ou menina, mas há indícios de que era menino”.
Sobre a causa da morte, a arqueóloga diz que não há pistas que apontem para uma doença ou queda. Portanto, é possível imaginar uma diversidade de cenários. “O menino pode ter comido um cogumelo venenoso ou pode ter-se afogado”.
O seu corpo permaneceu enterrado por milénios até que, em 1998, foi
descoberto por acaso e estava com o esqueleto quase intacto quando os
donos do terreno começaram a escavar para construir uma série de
estruturas em terraços.
Depois de transferido para o Museu Nacional de Lisboa, começaram a estudá-lo detalhadamente.
“Os ossos das pernas eram mais curtos do que o normal
para uma criança da idade dele. Como é que as pernas poderiam parecer
de um neandertal? Alguns dentes também pareciam de um neandertal,
enquanto outros pareciam de um humano moderno. Como explicar isso?”,
questionou Zilhão.
Os investigadores lidaram com duas hipóteses. Uma delas era que a
criança era o resultado de um cruzamento entre um neandertal e um humano
moderno.
Zilhão, porém, não se convenceu disso. Se esse foi um evento único,
raro e esporádico, a possibilidade de encontrá-lo 30 mil anos depois era quase impossível.
A segunda hipótese sugeria que os neandertais e os sapiens mantinham relações sexuais regulares entre si.
“Sabíamos que na Península Ibérica o momento do contacto [entre os
dois] foi […] há cerca de 37 mil anos. Se o esqueleto pertencesse a essa
época, a primeira teoria poderia funcionar. Mas se o menino era de um
período muito mais tardio, as implicações tinham que ser que estávamos a
olhar para um processo em nível populacional, não um encontro casual entre dois indivíduos”, diz Zilhão.
A datação por radiocarbono resolveu a questão: a criança do Lapedo tinha 29 mil anos.
“Se tantos milénios após o tempo de contacto, as pessoas que vivem
nesta parte do mundo ainda apresentam evidências anatómicas dessa
população ancestral de neandertais, deve ser porque o cruzamento não
aconteceu apenas uma vez, foi a norma”, apontou o arqueólogo.
A força das evidências encontradas pela equipa em Portugal fez com que outros especialistas tivessem que considerar seriamente essa hipótese.
Graças a esta descoberta, houve uma mudança na nossa compreensão dos neandertais como espécie.
A investigação dá a entender que os neandertais não são uma espécie
diferente. “Nós sobreinterpretamos pequenas diferenças no esqueleto
facial ou na robustez do esqueleto”, diz Zilhão.
Outras descobertas de fósseis feitas posteriormente com características semelhantes às do menino do Lapedo deram mais peso à teoria do cruzamento, que mais tarde foi reforçada quando os investigadores sequenciaram todo o genoma neandertal.
É assim que sabemos que é possível que europeus e asiáticos tenham até 4% de ADN neandertal.
“Isso não quer dizer que em cada um de nós 2% ou 4% seja
[neandertal]. Na realidade, se juntar todas as partes do genoma
neandertal que ainda persistem, isso é quase 50% ou 70% do que era
especificamente neandertal. Portanto, o genoma neandertal persistiu
quase na sua totalidade”, explica o investigador.
Esse conhecimento “enriquece a nossa compreensão da evolução humana”,
diz Zilhão, em vez de “pensar que apenas descendemos de uma população
muito pequena que viveu nalgum lugar de África há 250 mil anos e que
todo o resto das pessoas que viveram nessa época simplesmente
desapareceram”.
José Leite de Vasconcellos Pereira de Melo nasceu no seio de uma família aristocrata na aldeia vinhateira de Ucanha do concelho de Tarouca,
a 7 de julho de 1858. Era filho de José Leite Cardoso Pereira de Melo e
de Maria Henriqueta Leite de Vasconcellos Pereira de Melo.
A infância e a adolescência foram passadas num meio rural rico em
testemunhos históricos, que desde cedo despertaram o seu interesse pela
observação das tradições e dos costumes locais, anotando as suas
experiências em pequenos cadernos. Deixou a Beira aos 18 anos para trabalhar no Porto,
num liceu e num colégio, assim ajudando ao sustento da família e
assegurando os seus estudos no Colégio de São Carlos e, mais tarde, na Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Durante o curso de Medicina escreveu uma das suas primeiras obras - Tradições Populares Portuguesas - e editou o opúsculoPortugal Pré-Histórico (1885). Ao concluir o curso e após defesa da tese, A Evolução da Linguagem: Ensaio Antropológico
(1886), recebeu o Prémio Macedo Pinto, destinado ao aluno mais
brilhante. Assumiu, então, as funções de subdelegado de saúde do Cadaval,
onde tinha família, durante seis meses. No entanto, dois anos mais
tarde, depois de ter exercido funções de subdelegado de saúde, médico
municipal e presidente da Junta Escolar do Cadaval, decide abandonar a
carreira médica e dedicar-se ao estudo das suas ciências prediletas: Linguística, Arqueologia e Etnologia.
Exonerado dos cargos em 1888, instala-se em Lisboa onde começa por trabalhar como professor no Liceu Central. Nesse mesmo ano toma posse do lugar de conservador da Biblioteca Nacional,
cargo que exerce até 1911. Durante os 23 anos em que trabalhou nesta
instituição teve oportunidade de consolidar as linhas mestras da sua
investigação e da sua produção literária. Lecionou cursos de Numismática e de Filosofia e deu início à edição da Revista Lusitana
(1887-1943). Tendo por base o trabalho realizado na Biblioteca
Nacional, empenhou-se na criação de um museu dedicado ao conhecimento
das origens e tradições do povo português, projeto apoiado por Bernardino Machado, à época Ministro das Obras Públicas e responsável pela criação do Museu Etnográfico Português,
em 1893. Instalado inicialmente numa sala da Direção dos Trabalhos
Geológicos, este museu foi transferido em 1900 para uma ala do Mosteiro dos Jerónimos. Inaugurado a 22 de abril de 1906, designou-se Museu Etnológico,
denominação que detinha desde 1897. O acervo do museu foi crescendo em
resultado de escavações arqueológicas e de campanhas etnográficas em
todo o país, as quais eram noticiadas na revista O Arqueólogo Português (1895-2014), fundada por Leite de Vasconcellos.
Prossegue os seus estudos em Paris, tirando um curso de Filologia na Universidade de Paris, no qual defendeu a tese Esquisse d'une dialectologie portugaise (1901), o primeiro importante compêndio diatópico do português (depois continuado e melhorado por Manuel de Paiva Boléo e Luís Lindley Cintra), que foi classificada com a menção de "très honorable".
Por essa altura, encetou relações sólidas com figuras de prestígio e
desenvolveu pesquisas em obras raras de bibliotecas estrangeiras. Na
Biblioteca de Leiden descobriu A canção de Sancta Fides de Agen, manuscrito medieval que publicou em 1902. Na Biblioteca Palatina de Viena identificou o Livro de Esopo, que editou em 1906.
Fez inúmeras viagens em Portugal, visitou vários países europeus e deslocou-se ao Egito para participar no Congresso do Cairo de 1909, no qual presidiu à secção de Arqueologia Pré-Histórica.
Estas digressões permitiram-lhe recolher material para o museu e criar
laços de amizade com colegas portugueses e estrangeiros. Em 1911 é
integrado no corpo docente da recém-criada Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leciona Filologia Clássica, Filologia Românica, Arqueologia e Epigrafia. Em 1914 solicitou a Bernardino Machado que lhe fosse atribuída a categoria de professor titular de Arqueologia.
Em 1929 aposenta-se. Em sua homenagem, o Museu Etnológico
passou a ter o seu nome, tendo Leite de Vasconcellos recebido o título
de diretor honorário. A partir dessa altura dedica-se à escrita, na qual
se salienta o projeto Etnografia Portuguesa publicado em vários volumes pela Imprensa Nacional. Foi agraciado com diversas distinções, como a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (1930), a Comenda da Legião de Honra (1930) de França e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1937), a que se juntaram muitas outras, alcançadas ao longo da sua carreira, como a de correspondente do Instituto de França
(1920). Foi autor, também, de poesia e do maior epistolário português
(24.289 cartas de 3727 correspondentes, editadas em 1999), produto da
imensa rede de contactos que estabeleceu ao longo da vida.
Faleceu a 17 de maio de 1941, na sua residência, o número 40 da Rua Dom Carlos de Mascarenhas, freguesia de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, aos 82 anos de idade, vítima de broncopneumonia, sem nunca ter casado ou ter tido filhos. Deixou em testamento ao Museu Nacional de Arqueologia
parte do seu espólio científico e literário, incluindo uma biblioteca
com cerca de oito mil títulos, para além de manuscritos,
correspondência, gravuras e fotografias. Encontra-se sepultado em jazigo
de família, no Cemitério dos Prazeres.
A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa alberga o Legado
de Leite de Vasconcellos, composto por uma Biblioteca de Linguística e
Literatura e por um fundo manuscrito.