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sábado, abril 13, 2024

O Reino de Portugal foi reconhecido pelo Papa há 845 anos...!

         
Manifestis probatum foi uma bula emitida pelo Papa Alexandre III, em 1179, que declarou o Condado Portucalense independente do Reino de Leão e D. Afonso Henriques e seus herdeiros os seus soberanos. Esta bula reconheceu a validade do Tratado de Zamora, assinado a 5 de outubro de 1143 em Zamora, pelo rei de Leão, e por D. Afonso Henriques.
  
O Condado Portucalense era um pequeno território pertencente ao Reino de Leão, que o rei deste cedera, juntamente com a mão da sua filha, D.ª Teresa, a D. Henrique de Borgonha, um cavaleiro francês que veio ajudar o monarca leonês na luta contra os muçulmanos.
Juntos, Teresa e Henrique tiveram um filho, D. Afonso Henriques. Quando D. Henrique faleceu, a viúva, D.ª Teresa, herdou o condado.
Já desde 1128 que D. Afonso Henriques acreditava que o Condado Portucalense devia ser independente. No entanto, a sua mãe, aconselhada pela nobreza galega e pelo seu amante, também galego, não acreditava nesta possibilidade, sendo contra ela.
Incitado e encorajado pela nobreza e pelo clero portucalenses, D. Afonso Henriques travou contra a mãe a batalha de São Mamede (1128), vencendo-a. Tornou-se então conde e estabeleceu duas prioridades:
  1. Tornar independente o condado;
  2. Conquistar território aos sarracenos, que ocupavam ainda uma boa parte da península Ibérica.
Em 5 de outubro de 1143, foi assinado pelo próprio Afonso Henriques e pelo primo, rei de Leão, o Tratado de Zamora, segundo o qual o rei de Leão reconheceu a independência do Condado Portucalense, que passou a denominar-se Portugal. No entanto, só em 13 de abril de 1179 é que o Papa Alexandre III aceitou e reconheceu, pela primeira vez, o Reino de Portugal e D. Afonso I como seu primeiro monarca.
  
A Bula reza (em português atual):
"Alexandre, Bispo, Servo dos Servos de Deus, ao Caríssimo filho em Cristo, Afonso, Ilustre Rei dos Portugueses, e a seus herdeiros, in 'perpetuum'. Está claramente demonstrado que, como bom filho e príncipe católico, prestaste inumeráveis serviços a tua mãe, a Santa Igreja, exterminando intrepidamente em porfiados trabalhos e proezas militares os inimigos do nome cristão e propagando diligentemente a fé cristã, assim deixaste aos vindouros nome digno de memória e exemplo merecedor de imitação. Deve a Sé Apostólica amar com sincero afeto e procurar atender eficazmente, em suas justas súplicas, os que a Providência divina escolheu para governo e salvação do povo. Por isso, Nós, atendemos às qualidades de prudência, justiça e idoneidade de governo que ilustram a tua pessoa, tomamo-la sob a proteção de São Pedro e nossa, e concedemos e confirmamos por autoridade apostólica ao teu excelso domínio o reino de Portugal com inteiras honras de reino e a dignidade que aos reis pertence, bem como todos os lugares que com o auxílio da graça celeste conquistaste das mãos dos Sarracenos e nos quais não podem reivindicar direitos os vizinhos príncipes cristãos. E para que mais te fervores em devoção e serviço ao príncipe dos apóstolos S. Pedro e à Santa Igreja de Roma, decidimos fazer a mesma concessão a teus herdeiros e, com a ajuda de Deus, prometemos defender-lha, quanto caiba em nosso apostólico magistério."
   

quinta-feira, abril 11, 2024

El-Rei D. João I nasceu há 667 anos

    
D. João I de Portugal (Lisboa, 11 de abril de 1357 – Lisboa, 14 de agosto de 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, cognominado O de Boa Memória pelo legado que deixou.
Filho ilegítimo (bastardo) de El-Rei D. Pedro I e 3.º Mestre da Ordem de Avis (com sede em Avis), foi aclamado rei na sequência da Crise de 1383-1385 que ameaçava a independência de Portugal.
Com o apoio do condestável do reino, Nuno Álvares Pereira, e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. A vitória foi decisiva: Castela retirou-se, acabando bastantes anos mais tarde por o reconhecer oficialmente como rei.
Para selar a aliança Luso-Britânica casou com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, dedicando-se desde então ao desenvolvimento do reino.
Em 1415 conquistou Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração.
Escrito entre esse mesmo ano de 1415 e 1433, terá escrito um "notável" livro versado em montaria, uma das artes de caçar.
    
Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa: Pour bien
        
(...)
   
Cronistas contemporâneos descrevem D. João I como um homem arguto, cioso em conservar o poder junto de si, mas ao mesmo tempo benevolente e de personalidade agradável. Na juventude, a educação, que recebeu como Grão Mestre da Ordem de Avis, transformou-o num Rei invulgarmente culto para a época.
O seu amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados por Luís Vaz de Camões, nos Lusíadas, por «Ínclita Geração»: o Rei D. Duarte de Portugal foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra, o «Príncipe das Sete Partidas», foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e o Henrique, Duque de Viseu, o «Navegador», investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos.
A sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras.
No reinado de D. João I foram descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da ilha da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Teve início, igualmente, o povoamento dos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
D. João faleceu a 14 de agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Foi cognominado de O de Boa Memória, pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses, também podendo ser chamado de O Bom ou O Grande.
  
Descendentes
Do seu casamento com Filipa de Lencastre (13591415) nasceram nove filhos. Destes, os seis que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a Ínclita Geração:
D. João teve ainda dois filhos naturais, de Inês Pires, antes do seu casamento:
   

terça-feira, abril 09, 2024

Leopoldo II, o segundo Rei dos Belgas, nasceu há 189 anos

   
Leopoldo II
(Bruxelas, 9 de abril de 1835 - Laeken, 17 de dezembro de 1909) foi o segundo rei dos belgas. Era o segundo filho do rei Leopoldo I, a quem sucedeu em 1865, permanecendo rei até à sua morte. Foi irmão da imperatriz Carlota do México e primo-irmão da rainha Vitória do Reino Unido.

O regime da colónia africana de Leopoldo II, o Estado Livre do Congo, tornou-se um dos escândalos internacionais mais infames da viragem do século XIX para o XX. O relatório de 1904, escrito pelo cônsul britânico Roger Casement, levou à prisão e à punição de oficiais brancos que tinham sido responsáveis por matanças a sangue frio durante uma expedição de recolha de borracha em 1903 (incluindo um indivíduo belga que matou a tiros pelo menos 122 congoleses).
O Estado Livre do Congo incluiu o terotório hoje conhecido como República Democrática do Congo. Amigo de Henry Morton Stanley, o rei pediu a ele que o ajudasse a dar entrada à petição do território. Ele administrou-o como sua possessão privada, considerando-se um empresário astuto, tendo passado uma semana em Sevilha para estudar os registos espanhóis de seu comércio com as suas colónias da América Latina.

Leopoldo II deu ênfase à defesa militar como base da neutralidade da Bélgica, mas não foi capaz de obter a lei de conscrição. Apesar de ter sido impopular, Leopoldo II é lembrado pelo povo belga como "o rei construtor" (Koning-Bouwer em neerlandês e le Roi-Bâtisseur em francês), porque mandou construir um grande número de prédios e projetos públicos, principalmente em Bruxelas, Oostende e Antuérpia.
Entre as construções estão as estufas reais nos terrenos do Castelo de Laeken, a Torre Japonesa, o Pavilhão Chinês, o Museu do Congo em Tervuren (hoje chamado Museu Real da África Central), o Cinquantenaire e a estação de comboios da Antuérpia. Ele também construiu a Villa des Cèdres em Saint-Jean-Cap-Ferrat, na Riviera Francesa, que é um jardim botânico no presente.
Tais construções foram todas realizadas com o dinheiro proveniente do Congo. Em 1900, ele doou a maior parte das suas propriedades à nação belga.
    
  
in Wikipédia

segunda-feira, abril 08, 2024

El-Rei D. Pedro I, o eterno namorado de Inês de Castro, nasceu há 704 anos

        
D. Pedro I de Portugal (Coimbra, 8 de abril de 1320 - Estremoz, 18 de janeiro de 1367) foi o oitavo Rei de Portugal. Recebeu os cognomes de O Justiceiro (e também O Cruel ou O Cru), pela energia posta em vingar o assassínio de Inês de Castro. Filho do Rei D. Afonso IV e da sua mulher, a Rainha D. Beatriz de Castela, Pedro I sucedeu ao seu pai em 1357.
    
  
 
 
(imagem daqui)
  
  

Alcobaça

   
  
Corpos feitos de pedra - para sempre
aqui
nesta nave de gelo e de sombra,
no incandescente sono a que chamamos
eternidade.

Quem desperta o teu rosto? Quem move
as tuas mãos no gesto com que iludes
a distância dos vivos? Não sabemos
morrer
e repetimos hoje o mesmo abraço
fiel à órbita dos astros
e a esta certeza de que fomos
e somos e seremos
um do outro.

É assim o amor - uma palavra
sonâmbula, uma bênção
que os séculos não apagam
sob as pequenas asas de alguns anjos
guardando e protegendo o nosso imenso
segredo.

Corpos feitos de pedra - ainda e sempre
aqui
até ao fim do mundo,
até ao fim.



in Pena Suspensa (2004) - Fernando Pinto do Amaral 

Filipe IV de Espanha, III de Portugal, nasceu há 419 anos

      
Filipe IV (Valladolid, 8 de abril de 1605Madrid, 17 de setembro de 1665) foi o Rei da Espanha de 1621 até à sua morte, e também Rei de Portugal e Algarves, como Filipe III, até ao início da Guerra da Restauração, em 1640. Filipe é lembrado pelo seu patrocínio das artes, principalmente de Diego Velázquez, e por governar o Império Espanhol durante o período da Guerra dos Trinta Anos.
Apesar do Império Espanhol ter alcançado aproximadamente 12,2 milhões de quilómetros quadrados de área na época de seu falecimento, o reino estava em declínio em outros aspetos, reflexo das inúmeras reformas fracassadas das políticas filipinas.  
     
Brasão de Filipe IV de Espanha
   

domingo, abril 07, 2024

O Imperador D. Pedro I abdicou da coroa brasileira há 193 anos

    
A abdicação do Imperador Pedro I do Brasil, ocorreu em 7 de abril de 1831, em favor de seu filho D. Pedro de Alcântara, futuro Imperador D. Pedro II. O ato marcou o fim do Primeiro Reinado e o início do período regencial, no Brasil, e uma série de disputas em Portugal e oferta dos tronos da Grécia e de Espanha, na Europa.
  
Contexto histórico
Segundo Emília Viotti da Costa a estrutura construída na Independência fez com que fosse organizado um sistema político que colocava os municípios dependentes das províncias e estas, ao poder central; e ainda "adotaram um sistema de eleições indiretas baseado no voto qualificado (censitário), excluindo a maior parte da população do processo eleitoral. Disputaram avidamente títulos de nobreza e monopolizaram posições na Câmara, no Senado, no Conselho de Estado e nos Ministérios".
Tal "Conselho de Estado", implementava o Poder Moderador instituído por Pedro I, quando dissolvera a Constituinte: formado por membros vitalícios, nomeados pelo monarca, não mais que em número de dez, tinham por função ser ouvidos "em todos os negócios graves e medidas gerais de pública administração, principalmente sobre a declaração de guerra, ajuste de paz, negociações com as nações estrangeiras, assim como em todas as ocasiões em que o imperador se propunha exercer qualquer das atribuições do Poder Moderador" - e ao qual se opunham fortemente os liberais.
Ocorrera em 1830 em França uma revolta liberal que depusera o rei Carlos X, e influenciara os demais países com as ideias liberais. No Brasil surgem jornais como o Aurora Fluminense, no Rio, que fazem forte oposição ao ministério conservador imposto por Pedro I.
Evaristo da Veiga escrevera, no Aurora: "Se a vontade do povo for dominada pelo terror, a nossa liberdade será reduzida, necessariamente, a uma mera sombra". Em São Paulo Libero Badaró comandava o periódico Observador Constitucional, onde protestava contra autoridades, muitas delas ainda portuguesas. Badaró, um jornalista italiano radicado no Brasil, é assassinado numa emboscada, causando tal crime profunda impressão na opinião pública.
Procurando minimizar os ânimos liberais, empreende o imperador uma viagem a Minas Gerais, com intuito de minimizar as agitações liberais que eram capitaneadas por Bernardo Pereira de Vasconcelos; mas lá o recebem friamente.
Quando retorna à Corte, teria já o imperador pensado na abdicação. Os portugueses locais realizam uma manifestação em seu apoio, com luminárias, entrando em conflito com os nacionais, naquela que passou à história com o nome de Noite das Garrafadas.
A inabilidade de Pedro I faz com que, a um Ministério moderado, nomeie um absolutista, em substituição. O povo exige a volta da equipe anterior, ajuntando-se no Campo da Aclamação. O Imperador, sendo comunicado da exigência popular, responde que "Tudo farei para o povo, nada, porém, pelo povo".
As tropas aderem ao movimento, deixando o monarca sem o apoio das armas. Numa última tentativa de compor um novo ministério, desta feita de acordo com os anseios populares, procura o Senador Vergueiro. Mas este não é encontrado.
  
Abdicação e partida
  

Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que tenho muito voluntariamente abdicado na pessoa de meu muito amado e prezado filho, o Senhor D. Pedro de Alcântara.
Boa Vista, 7 de abril de mil oitocentos e trinta e um, décimo da Independência e do Império

Pedro

Após escrever sua abdicação, o agora ex-imperador entrega o papel da renúncia ao mesmo major Miguel de Frias e Vasconcelos (comandante da Fortaleza de São José da Ilha das Cobras) que lhe viera comunicar o estado de ânimo das tropas e do povo, dizendo-lhe então, com os olhos marejados: "Aqui está a minha abdicação; desejo que sejam felizes! Retiro-me para a Europa e deixo um país que amei e que ainda amo." Eram duas horas da madrugada do dia 7 de abril de 1831.
Viriato Correia fez a seguinte descrição dos momentos seguintes:
"As crónicas da época pintam de uma maneira emocionante o momento em que Pedro I, depois da abdicação, se foi despedir do filho imperador. É noite. O monarca menino dorme tranquilamente no seu leito de criança. D. Pedro entra no quarto e para junto do menino. Não tem coragem de acordá-lo. Fita-o demoradamente. As lágrimas ensopam-lhe os olhos; os soluços vão sufocar-lhe a garganta e ele, temendo aquela fraqueza, sai do aposento, enxugando os olhos."
Na manhã do mesmo dia o ex-Imperador embarca no navio inglês Warspite, acompanhado da Imperatriz D. Amélia e da filha, D. Maria, deixando no Brasil, além de Pedro II, as meninas D. Januária (com 9 anos), D. Paula (8 anos) e D. Francisca (7 anos), filhos de seu primeiro casamento; D. Amélia estava, então, grávida de três meses.
A nau inglesa, contudo, não partiu para a Europa. Dias depois do embarque o ex-monarca transfere-se com a esposa para a fragata Volage, enquanto D. Maria segue na corveta francesa La Seine - estas sim partindo rumo à Europa. Como tutor do futuro imperador o monarca deixou José Bonifácio, com quem se reconciliara pouco tempo antes.

Na Europa, D. Pedro empreende uma luta contra o seu irmão, D. Miguel, a fim de assegurar para a filha Maria a sucessão do trono português. No Brasil, dada a menoridade de Pedro II, tem início o conturbado e importante período regencial
 

quinta-feira, março 28, 2024

Alexandre Herculano nasceu há 214 anos

      
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de março de 1810 - Quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo, Santarém, 13 de setembro de 1877) foi um escritor, historiador, jornalista e poeta português da era do romantismo.
Como liberal que era, teve como preocupação maior, estabelecida nas suas ações políticas e seus escritos, sobretudo em condenar o absolutismo e a intolerância da coroa no século XVI para denunciar o perigo do retorno a um centralismo da monarquia em Portugal.
     
  
 
A GRAÇA


Que harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O férreo pé da dor,
E o hino da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?

És tu, meu anjo, cuja voz divina
Vem consolar a solidão do enfermo,
E a contemplar com placidez o ensina
De curta vida o derradeiro termo?

Oh, sim!, és tu, que na infantil idade,.
Da aurora à frouxa luz,
Me dizias: «Acorda, inocentinho,
Faz o sinal da Cruz.»
És tu, que eu via em sonhos, nesses anos
De inda puro sonhar,
Em nuvem d'ouro e púrpura descendo
Coas roupas a alvejar.
És tu, és tu!, que ao pôr do Sol, na veiga,
Junto ao bosque fremente,
Me contavas mistérios, harmonias
Dos Céus, do mar dormente.
És tu, és tu!, que, lá, nesta alma absorta
Modulavas o canto,
Que de noite, ao luar, sozinho erguia
Ao Deus três vezes santo.
És tu, que eu esqueci na idade ardente
Das paixões juvenis,
E que voltas a mim, sincero amigo,
Quando sou infeliz.
Sinta a tua voz de novo,
Que me revoca a Deus:
Inspira-me a esperança,
Que te seguiu dos Céus!...

 

Alexandre Herculano

terça-feira, março 26, 2024

El-Rei D. Sancho I morreu há 813 anos

 

 Estátua de El-Rei D. Sancho I, desterrada num canto da praça da Sé, na cidade da Guarda

      

D. Sancho I de Portugal (Coimbra, 11 de novembro de 1154  - Coimbra, 26 de março de 1211) foi o Rei de Portugal de 1185 a 1211. Era cognominado de o Povoador pelo estímulo com que apadrinhou o povoamento dos territórios do país - destacando-se a fundação da cidade da Guarda, em 1199, e a atribuição de cartas de foral na Beira e em Trás-os-Montes: Gouveia (1186), Covilhã (1186), Viseu (1187), Bragança (1187) ou Belmonte (1199), povoando assim áreas remotas do reino, em particular com imigrantes da Flandres e da Borgonha.

     
Maravedi (morabitino) em ouro com a efígie de D. Sancho I
    
   in Wikipédia

 

 

Ai eu, coitada

Ai eu, coitada, como vivo en gran cuidado
por meu amigo, que hei alongado!
     Muito me tarda
     o meu amigo na Guarda!

Ai eu, coitada, como vivo en gran desejo

por meu amigo, que tarda e non vejo!
     Muito me tarda
     o meu amigo na Guarda!

 

El-Rei D. Sancho I

 

A Escócia e a Inglaterra aceitaram juntar-se num Reino Unido há 317 anos


O Tratado de União de 1707 foi um tratado que aboliu a independência da Inglaterra e da Escócia em favor de um novo Estado, o "Reino Unido da Grã-Bretanha". O acordo foi ratificado a 26 de março de 1707 pelos parlamentos da Inglaterra e Escócia e teve como principais efeitos:

  • A criação do novo Reino Unido da Grã-Bretanha: Inglaterra e Escócia encontravam-se até então sob um regime de união pessoal das coroas; agora, a independência formal dos dois países desapareceria em favor do novo Estado. O País de Gales, por sua vez, já havia sido anexado à Inglaterra no século XVI;
  • A dissolução dos parlamentos escocês e inglês e a sua substituição pelo novo parlamento da Grã-Bretanha (em Westminster);
  • a união aduaneira entre os dois países.
A Rainha Ana da Inglaterra tornou-se a primeira ocupante de um trono britânico único e a Escócia enviou 45 deputados para o parlamento unificado em Londres. Em contrapartida, o direito, a moeda e a Igreja escoceses continuaram separados.
Este evento histórico também é conhecido como "Atos de União de 1707" (Acts of Union, em inglês), uma referência às ratificações do tratado pelos parlamentos dos dois países.
 
in Wikipédia
 

  
O Reino da Grã-Bretanha acabou após o Ato de União de 1800, pelo que a Irlanda foi anexada e criado o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, após o final das Revoltas Irlandesas de 1798.
 

segunda-feira, março 25, 2024

El-Rei D. Afonso II morreu há oitocentos e um anos...

  
D. Afonso II de Portugal (cognominado o Gordo, o Crasso ou o Gafo, em virtude da doença que o teria afectado; Coimbra, 23 de abril de 1185 - Santarém, 25 de março de 1223), terceiro rei de Portugal, era filho do rei Sancho I de Portugal e da sua mulher, D. Dulce de Aragão, mais conhecida como Dulce de Barcelona, infanta de Aragão

Afonso foi o primeiro filho de Sancho I e de Dulce de Aragão. Teve três irmãs nascidas antes dele, sendo o quarto a nascer. Foi o terceiro rei de Portugal, nasceu no mesmo ano em que o avô Afonso Henriques morreu.

Teve uma vida curta, morreu aos 37 anos de doença. No seu reinado preocupou-se mais em centralizar o poder real do que na conquistas aos mouros.

Casou-se em 1208 com Urraca de Castela, uma prima sua, descendente de Afonso VI de Leão, sendo este o trisavô de Afonso II. Este casamento ia contra a lei canónica, pois eram primos em 5.º grau. O bispo do Porto, Martinho Rodrigues opôs-se à entrada dos noivos por esse motivo, o que desencadeou uma resposta violenta por parte do rei Sancho I, pai de Afonso.

Os seus filhos eram menores quando morreu. O sucessor, D. Sancho II, ainda não tinha os 14 anos ao herdar o trono. O país acabou por mergulhar num período de desordem que levou o irmão de Sancho II, Afonso III, a lutar pela posse do trono, o que acabou por conseguir.

Diz-se que D. Afonso II possa ter morrido de lepra (isso poderá ter justificado um dos seus cognomes, o Gafo, bem como uma célebre e depreciativa frase dita por alguns elementos do povo: Fora Gaffo!), mas a enorme gordura que o rei possuía teria sido a sua causa de morte
 
   
Reinado

Os primeiros anos do seu reinado foram marcados por violentos conflitos internos (1211-1216) entre Afonso II e as suas irmãs Mafalda, Teresa e Santa Sancha de Portugal (a quem seu pai legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse de alguns castelos no centro do país - Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer - com as respetivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos), numa tentativa de centralizar o poder régio. Este conflito foi resolvido com intervenção do papa Inocêncio III. O rei indemnizou as infantas com muito dinheiro, a guarnição dos castelos foi confiada a cavaleiros templários, mas era o rei que exercia as funções soberanas sobre as terras e não as infantas como julgavam ter e que levou à guerra. O conflito deu-se na altura em que se deu a batalha de Navas de Tolosa e como tal, poucos soldados o rei tinha ao seu dispor.

No seu reinado foram criadas as primeiras leis escritas e pela primeira vez reunidas cortes com representantes do clero e nobreza, em 1211 na cidade de Coimbra, na altura capital. Foram realizadas inquirições em 1220, inquéritos feitos por funcionários régios com vista a determinar a situação jurídica das propriedades e em que se baseavam os privilégios e imunidades dos proprietários. As confirmações entre 1216 e 1221, validavam as doações e privilégios concedidos nos anteriores reinados, após analisados os documentos comprovativos ou por mercê real. Todo o seu reinado foi um combate constante contra as classes privilegiadas, isto porque seu pai e avô deram grandes privilégios ao clero e nobreza e Afonso II entendia que o poder real devia ser fortalecido.  

O reinado de Afonso II caracterizou um novo estilo de governação, contrário à tendência belicista dos seus antecessores. Afonso II não contestou as suas fronteiras com Galiza e Leão, nem procurou a expansão para Sul (não obstante no seu reinado ter sido tomada aos mouros as cidades de Alcácer do Sal, Borba, Vila Viçosa, Veiros, em 1217, e, possivelmente também Monforte e Moura, mas por iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo bispo de Lisboa), preferindo sim consolidar a estrutura económica e social do país. O primeiro conjunto de leis portuguesas é de sua autoria e visam principalmente temas como a propriedade privada, direito civil e cunhagem de moeda. Foram ainda enviadas embaixadas a diversos países europeus, com o objetivo de estabelecer tratados comerciais. Não teve preocupações militares, mas enviou tropas portuguesas que, ao lado de castelhanas, aragonesas e francesas, combateram bravamente na célebre batalha de Navas de Tolosa na defesa da Península Ibérica contra os muçulmanos. A única conquista feita foi Alcácer do Sal.

Outras reformas de Afonso II tocaram na relação da coroa Portuguesa com o Papa. Com vista à obtenção do reconhecimento da independência de Portugal, Afonso Henriques, seu avô, foi obrigado a legislar vários privilégios para a Igreja. Anos depois, estas medidas começaram a ser um peso para Portugal, que via a Igreja desenvolver-se como um estado dentro do estado. Com a existência de Portugal firmemente estabelecida, Afonso II procurou minar o poder clerical dentro do país e aplicar parte das receitas das igrejas em propósitos de utilidade nacional. Esta atitude deu origem a um conflito diplomático entre o Papado e Portugal. Depois de ter sido excomungado pelo Papa Honório III, Afonso II prometeu retificar os seus erros contra a Igreja, mas morreu em 1223 excomungado, sem fazer nenhum esforço sério para mudar a sua política.

Só após a resolução do conflito com a Igreja, logo nos primeiros meses de reinado do seu sucessor, Sancho II, pode finalmente Afonso II descansar em paz no Mosteiro de Alcobaça (foi o primeiro monarca a fazer da abadia cisterciense o panteão real).
 
Túmulo de Afonso II
   

quarta-feira, março 20, 2024

A Rainha D. Maria I morreu há 208 anos...

    
D.ª Maria I de Portugal, de nome completo Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança (Lisboa, 17 de dezembro de 1734 - Rio de Janeiro, 20 de março de 1816) foi Rainha de Portugal de 24 de fevereiro de 1777 a 20 de março de 1816, sucedendo ao seu pai, El-Rei D. José I. D. Maria foi, antes de assumir o trono, Princesa do Brasil, Princesa da Beira e duquesa de Bragança.
Jaz na Basílica da Estrela, em Lisboa, para onde foi transportada após a morte.
Ficou conhecida pelos cognomes de A Piedosa ou a A Pia, devido à sua extrema devoção religiosa à Igreja Católica - demonstrada, por exemplo, quando mandou construir a Basílica da Estrela, em Lisboa. No Brasil, é conhecida pelo cognome de Dona Maria, a Louca ou Maria Louca, devido à doença mental, manifestada com veemência nos últimos 24 anos de vida.
   

Brasão de D.ª Maria, I, Rainha do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
        

terça-feira, março 19, 2024

El-Rei D. João IV nasceu há quatrocentos e vinte anos...!

 

    
D. João IV (Vila Viçosa, 19 de março de 1604 - 6 de novembro de 1656) foi o vigésimo primeiro Rei de Portugal e o primeiro da quarta dinastia, fundador da dinastia de Bragança.

 


Bandeira pessoal de João IV
   
(...)
  
O rei faleceu em 6 de novembro, devido ao «mal da gota e da pedra» de que fala o conde da Ericeira, doença que se manifestara em 1648. Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. No seu testamento, datado de 2 de novembro de 1656, confiou a regência à mulher, Luísa de Gusmão.
Diz Veríssimo Serrão que «a historiografia liberal procurou denegri-lo na ação de governo, mas as fontes permitem hoje assentar um juízo histórico completamente diferente. (...) Deve pôr-se em relevo a ação do monarca na defesa das fronteiras do Reino (....). Também providenciou no envio de várias embaixadas às cortes europeias, para a assinatura de tratados de paz ou de trégua, a obtenção de auxílio militar e financeiro e a justificação legítima de 1640
Deve-se-lhe a criação do Conselho de Guerra (1640), da Junta dos Três Estados (1643), do Conselho Ultramarino (1643) e da Companhia da Junta de Comércio (1649), além da reforma em 1642 do Conselho da Fazenda. E a regulamentação dos negócios da Secretaria de Estado, para melhor coordenação das tarefas de Governo. Esta em 29 de novembro de 1643 foi dividida em Secretaria de Estado, de um lado, que coordenava toda a política interna e externa, e à «das Mercês e Expediente», do outro, que tratava de «consultas, despachos, decretos e ordens» não dependentes da outra Secretaria.
Promulgou abundante legislação para satisfazer as carências de governo na Metrópole e no Ultramar. E, para além do monarca e do restaurador, impõe-se considerar nele o artista e o letrado, o amador de música que, no seu tempo, compondo o hino Adeste Fideles, esteve à altura dos maiores de Portugal.»
      

 

quinta-feira, março 14, 2024

A última Imperatriz do Brasil nasceu há 202 anos...

  
Dª Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, cujo nome completo em italiano era Teresa Cristina Maria Giuseppa Gasparre Baltassarre Melchiore Gennara Rosalia Lucia Francesca d'Assisi Elisabetta Francesca di Padova Donata Bonosa Andrea d'Avelino Rita Liutgarda Geltruda Venancia Taddea Spiridione Rocca Matilde di Borbone-Due Sicilie (Nápoles, 14 de março de 1822 - Porto, 28 de dezembro de 1889), foi uma princesa do reino das Duas Sicílias, do ramo italiano da Casa de Bourbon, e a quarta e última imperatriz-consorte do Brasil, esposa do imperador D. Pedro II. Foi a mãe das princesas Isabel e Leopoldina.
  
  

quarta-feira, março 13, 2024

O Czar Alexandre II foi assassinado há 143 anos...

    
Alexandre II (Moscovo, 29 de abril de 1818 - São Petersburgo, 13 de março de 1881) foi Czar da Rússia desde 2 de março de 1855 até ao seu assassinato. Como tal, foi também grão-duque da Finlândia (1855-1881) e rei da Polónia até 1867.
É conhecido pelas suas reformas liberais e modernizantes, através das quais procurou renovar a cristalizada sociedade russa.
Em 19 de fevereiro de 1861 decretou o fim da servidão na Rússia. Foram libertados, ao todo, 22,5 milhões de camponeses servos - preservando-se, todavia, a propriedade dos latifúndios.
   
(...)
     
Após a última tentativa de assassinato em fevereiro de 1880, o conde Loris-Melikov foi nomeado chefe da Comissão Executiva Suprema e recebeu mais poderes para combater os revolucionários. As propostas de Loris-Melikov iriam incluir a criação de uma espécie de parlamento e o imperador pareceu concordar com ele, contudo estes planos nunca foram concretizados.
A 13 de março de 1881, Alexandre foi vitima de uma conspiração para o assassinar em São Petersburgo.
Como se sabia, todos os domingos, durante vários anos, o imperador ia visitar o Mikhailovsky Manège para assistir à chamada militar. Viajava para e regressava do Manège numa carruagem fechada acompanhada de seis cossacos e mais um sentado ao lado do cocheiro. A carruagem do imperador era seguida por dois trenós que levavam, entre outros, o chefe da polícia e o chefe dos guardas do imperador. A viagem, como sempre, fez-se pelo Canal de Catarina e por cima da Ponte Pevchesky. A estrada era apertada e tinha passeios para os peões de ambos os lados. Um jovem membro da Vontade do Povo, Nikolai Rysakov carregava uma pequena embalagem branca embrulhada num lenço de pano.
Embora a explosão tenha matado um dos cossacos e ferido o condutor e pessoas que passavam na rua com gravidade, apenas conseguiu provocar danos na carruagem à prova de bala, um presente do imperador Napoleão III de França. O imperador saiu abalado, mas ileso. Rysakov foi capturado quase de seguida. O chefe da polícia, ouviu Rysakov a gritar para outra pessoa que estava no meio da multidão. Os guardas e os cossacos imploram ao imperador que deixasse imediatamente o local em vez de ir ver o local da explosão.
Apesar de tudo, um segundo membro jovem da organização terrorista, Ignaty Grinevitsky que estava perto da cerca do canal, ergueu ambos os braços e atirou algo para os pés do imperador. Alegadamente, Alexandre terá gritado: Ainda é cedo demais para agradecer a Deus. Dvorzhitsky escreveu mais tarde:
Mais tarde descobriu-se que havia um terceiro bombista na multidão. Ivan Emelyanov estava pronto agarrando uma mala de mão que tinha uma bomba que seria usada se as outras duas tivessem falhado.
Alexandre foi levado de trenó até ao Palácio de Inverno e depois para o seu escritório onde, ironicamente, quase exatamente vinte anos antes, tinha assinado o documento que tinha libertado os servos. Alexandre estava a perder muito sangue, tinha as pernas destruídas, o estômago aberto e o rosto mutilado. Vários membros da família real apressaram-se para o local.
O imperador moribundo recebeu a comunhão e a extrema unção. Quando perguntaram ao médico que estava de serviço, Sergey Botkin, quanto tempo de vida lhe restava, ele respondeu: No máximo, quinze minutos. Às três e meia da tarde a bandeira pessoal de Alexandre II foi arreada pela última vez.