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segunda-feira, abril 15, 2024

Khrushchov, o homem que teve a coragem de denunciar os crimes de Estaline, nasceu há cento e trinta anos...

  
Nikita Sergueievitch Khrushchov
(também grafado Khrushchev ou Cruschev, Kalinovka, Oblast de Kursk, 15 de abril de 1894 - Moscovo, 11 de setembro de 1971) foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) entre 1953 e 1964 e líder político do mundo comunista até ser afastado do poder por causa da sua perspetiva reformista e substituído na direção da URSS pelo político Leonid Brejnev.
  
Biografia
Khrushchov nasceu na pequena vila de Kalinovka, perto da cidade de Kursk, na então Rússia imperial no fim do século XIX. Ainda criança, sua família mudou-se para a cidade de Donetsk, na Ucrânia, onde recebeu apenas dois anos de educação escolar; apesar de ser considerada uma criança inteligente, Nikita só receberia instrução completa já na casa dos vinte anos.
Na sua adolescência e juventude, trabalhou em fábricas e minas e após a revolução bolchevique de 1917 integrou-se no Exército Vermelho, tornando-se membro do Partido Comunista em 1918 passando a exercer diversas atividades políticas na Ucrânia, durante os anos 20.
Nos anos 1930, Khrushchov foi transferido para Moscovo, continuando a exercer funções de comando dentro da burocracia governamental soviética e em 1939 entrou para o Politburo, o órgão máximo do Partido Comunista da URSS.
Durante a II Guerra Mundial, ficou famoso como comissário político (maior autoridade do Partido Comunista na região) de Estaline durante a sangrenta Batalha de Estalingrado, que virou a sorte da guerra em favor da União Soviética, e após esse triunfo passou o resto do conflito como principal líder político no sul do país.
Com a morte de Estaline em 1953, Khrushchov chegou ao poder como líder do PCUS, vencendo uma sangrenta disputa interna com políticos poderosos da era estalinista - como Gueórgui Malenkov, Lazar Kaganovitch, Viatcheslav Molotov e Nikolai Bulganin. A disputa culminou na prisão e execução de Laurenti Béria, o líder da temida NKVD - a polícia política da URSS - e Ministro do Interior.
Khrushchov iniciou uma série de reformas no país, priorizando a fabricação de bens de consumo para a população soviética ao invés da ênfase no desenvolvimento da indústria pesada.
Em 23 de fevereiro de 1956, durante o XX Congresso do PCUS, Khrushchov chocaria a nação e o mundo ao fazer seu famoso “discurso secreto”, no qual acusava José Estaline do crime de genocídio durante as grandes purgas realizados nos anos 30 na URSS e denunciava o culto da personalidade que o cercava.
O seu ato acabou afastando-o dos líderes soviéticos mais conservadores, mas ele acabou derrotando-os numa disputa interna que visava derrubá-lo do poder em 1957.
Em 1958, Khrushchov substituiu Nikolai Bulganin como primeiro-ministro da União Soviética. Ao se tornar o líder incontestado da URSS, teve condições para dar maior agilidade ao processo de implementação das suas reformas.
Khrushchov era um líder pouco diplomático, de instrução apenas básica, a quem faltavam entendimento e conhecimento da história e do mundo fora de suas fronteiras, apesar de reconhecidamente inteligente por seus adversários, dentro e fora da URSS. Ficou conhecido no período da Guerra Fria por suas atitudes anticonvencionais e grosseiras, famoso por interromper oradores de outros países em eventos internacionais para insultá-los e por suas atitudes insólitas como tirar os sapatos e batê-los na mesa de discussões durante sessões do Conselho de Segurança das Nações Unidas ou brandir uma bota na cara do líder chinês Mao Tsé Tung ou ainda fazer comentários xenófobos e racistas sobre o povo búlgaro para o próprio primeiro-ministro da Bulgária.
Em 1959 foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz. Neste mesmo ano, em visita aos EUA, um repórter anónimo perguntou-lhe: "O que o senhor fez durante a época de Estaline?" Sem conseguir identificar o autor da pergunta, Khrushchov respondeu:
Bem, fiz o mesmo que a pessoa que perguntou acabou de fazer. Fiquei de boca fechada.
Conjuntamente com erros estratégicos, tanto na condução da economia agrícola soviética, como na derrota política sofrida frente aos Estados Unidos na crise dos mísseis de Cuba (1962), o seu comportamento e suas atitudes humilhavam os seus camaradas do Politburo e acabaram por causar a sua queda.
A 14 de outubro de 1964, Khrushchov foi derrubado do poder na União Soviética pelos seus adversários do Politburo, acusado de erros políticos graves e desorganização da economia soviética, a principal acusação foi de se meter numa guerra armamentista, iniciada pela invasão da Baía dos Porcos, cuja atribuição, segundo os soviéticos, foi única e exclusiva de John F. Kennedy, iniciando-se a chamada Guerra Fria. Khrushchov seria substituído por Leonid Brejnev e passaria os restantes sete anos de sua vida em prisão domiciliar, até morrer, em Moscovo, a 11 de setembro de 1971.
Foi sepultado no Cemitério Novodevichy, em Moscovo, na Rússia.
   

quinta-feira, abril 11, 2024

Enver Hoxha, uma espécia de afonso-costa albanês que fingiu que tinha criado um estado ateu, morreu há 39 anos


Enver Halil Hoxha
(Gjirokastër, 16 de outubro de 1908  - Tirana, 11 de abril de 1985) foi o ditador da Albânia desde o fim da Segunda Guerra Mundial até à sua morte, em 1985, na função de primeiro secretário do Partido do Trabalho da Albânia - PPSH (Partido Comunista). Ele também atuou como primeiro-ministro da Albânia de 1944 a 1954, ministro da Defesa de 1944 a 1953, ministro das Relações Exteriores de 1946 a 1953, líder da Frente Democrática, de 1945 até à sua morte, e comandante-em-chefe das Forças Armadas albanesas desde 1944 até à sua morte.
A liderança de Hoxha foi caracterizada pelo isolacionismo e sua aderência firme e manifesta ao Marxismo-Leninismo antirrevisionista da metade da década de 70 em diante. Após sua rutura com o maoísmo, no final da década de 70 e início da década de 80, inúmeros partidos maoístas declararam-se hoxhaístas. A Conferência Internacional dos Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (Unidade e Luta) é a mais conhecida coligação de tais partidos hoje em dia.

Direitos humanos
Certas cláusulas na Constituição de 1976 restringiam efetivamente o exercício das liberdades políticas que o governo interpretava como sendo contrárias à ordem estabelecida. Além disso, o governo negava à população o acesso a qualquer informação que não fosse aquela disseminada pelos media controlados pelo governo. A Sigurimi (polícia secreta albanesa) rotineiramente violava a privacidade de pessoas, lares e meios de comunicação e efetuava prisões arbitrárias.
Internamente, a Sigurimi certificou-se de copiar os métodos repressivos do NKVD, MGB, KGB e da alemã oriental Stasi. “As suas atividades permeavam a sociedade albanesa ao ponto de que um a cada três cidadãos ou já havia cumprido pena em campos de trabalho forçado ou já havia sido interrogado por oficiais da Sigurimi”. Para eliminar a dissidência, o governo aprisionou milhares em campos de trabalhos forçados ou os executou por crimes como traição ou por sabotar a ditadura do proletariado. Viajar para o exterior foi proibido após 1968 para todas as pessoas, exceto aqueles que viajavam a negócios oficiais. A cultura da Europa Ocidental foi vista com profunda suspeita, resultando em prisões e na proibição de material estrangeiro não-autorizado. A arte foi remodelada para refletir o estilo do realismo socialista. O uso de barbas foi proibido por ser considerado anti-higiénico e para reduzir a influência do islão (muitos Imãs e Babas possuíam barbas) e da fé ortodoxa.
Todos os albaneses deveriam ter permissões para a aquisição de carros (que não eram considerados como propriedade privada), refrigeradores e máquinas de escrever, entre outras coisas. O sistema de justiça frequentemente se degenerava em farsas judiciárias. “…[o réu] não tinha a permissão de interrogar as testemunhas e, apesar de ter a permissão de fazer as suas objeções a certos aspetos do caso, suas objeções eram rejeitadas pelo promotor, que dizia “Sente-se e fique quieto, nós sabemos melhor do que você”. Com o objetivo de amenizar o perigo de dissidência política e mais exilados, os parentes do acusado muitas vezes eram presos, condenados ao ostracismo e acusados de serem “inimigos do povo”.
Tortura era frequentemente usada para obter confissões:
Um emigrante, por exemplo, testemunhou ter sido amarrado pelas suas mãos e pés por um mês e meio e agredido com um cinto, com os punhos ou botinas por períodos de duas ou três horas a cada dois ou três dias. Um outro foi detido em uma cela de um metro por oito metros em uma delegacia local e mantido em confinamento solitário por um período de cinco dias, marcado por duas sessões de espancamento até assinar sua confissão; ele foi levado ao quartel-general da “Sigurimi”, onde foi mais uma vez torturado e interrogado, apesar de sua prévia confissão, até seu julgamento de três dias de duração. Ainda uma outra testemunha foi confinada por mais de um ano em uma cela subterrânea de três metros quadrados. Durante este tempo, ele foi interrogado em intervalos irregulares e submetido a varias formas de tortura física e psicológica. Ele foi acorrentado a uma cadeira, espancado e submetido a choques elétricos. Mostraram a ele uma bala que supostamente era para ele e disseram-lhe que os motores de carros que ele ouvia levavam vítimas para a execução, a próxima das quais seria a dele.

"Existiam seis instituições para presos políticos e quatorze campos de trabalho forçado onde prisioneiros políticos e criminosos comuns trabalhavam juntos. Estima-se que havia aproximadamente 32.000 pessoas aprisionadas na Albânia em 1985."
O Artigo 47 do Código Criminal Albanês dizia que a “fuga para fora do Estado, assim como a recusa em retornar à pátria por uma pessoa que foi enviada para trabalhar ou teve permissão de viajar temporariamente para fora do Estado” constitui um crime de traição, punível com uma sentença mínima de dez anos ou até mesmo a morte.
Uma cerca eletrificada de metal fica de 600 metros a um quilometro da fronteira real. Qualquer pessoa que tocar a cerca, não só correrá o risco de eletrocussão, mas também acionará os alarmes e as sirenes que alertarão os guardas estacionados em intervalos de aproximadamente um quilometro ao longo da cerca. Dois metros de solo em cada lado da cerca estão limpos de vegetação, a fim de que se verifique as pegadas de fugitivos ou de infiltradores. A área entre a cerca e a fronteira real está fechada com armadilhas como anéis de arame, produtores de ruídos consistindo de finos pedaços de tiras de metal atados a duas ripas de madeira com pedras em um recipiente de lata que fazem ruídos caso pisados e faróis que são ativados com o contacto, iluminando os possíveis fugitivos durante a noite.
 
Religião e ateísmo
A Albânia, sendo o estado mais predominantemente muçulmano na Europa devido à influência turca, identificava, assim como o Império Otomano, religiões com etnias. No Império Otomano muçulmanos eram vistos como “turcos”, ortodoxos orientais eram vistos como “gregos” e católicos como “latinos.” Hoxha via isto como um sério problema, achando que isto inflamava tanto os separatistas gregos no Épiro Setentrional e também dividia a nação de um modo geral. A Lei de Reforma Agrária de 1945 confiscou grande parte da propriedade da igreja no país. Os católicos foram a primeira comunidade religiosa a ser alvo, já que o Vaticano foi visto como um agente do fascismo e do anticomunismo. Em 1946, a Ordem Jesuíta e em 1947 os Franciscanos foram banidos. O Decreto Nº. 743 (Sobre as Religiões) afetou uma igreja nacional e proibiu líderes religiosos de se associarem com potências estrangeiras.
O Partido focou-se na educação ateísta nas escolas. Esta tática foi eficaz, principalmente devido à política de aumento da taxa de natalidade encorajada após a guerra. Durante períodos sagrados como o Ramadão ou a Quaresma, muitos alimentos proibidos (laticínios, carne, etc.) foram distribuídos em escolas e fábricas e as pessoas que recusavam a comer tais comidas eram denunciadas. A partir de 6 de fevereiro de 1967, o Partido começou uma nova ofensiva contra as religiões. Hoxha, que havia declarado uma “Revolução Cultural e Ideológica” após ter sido parcialmente inspirado pela Revolução Cultural chinesa, encorajou estudantes e trabalhadores comunistas a usarem táticas mais enérgicas para promover o ateísmo, apesar do uso de violência ter sido inicialmente condenado.
De acordo com Hoxha, o surgimento de atividade antirreligiosa começou com a juventude. O resultado deste “movimento espontâneo, não provocado” foi o encerramento de 2.169 igrejas e mesquitas na Albânia. O ateísmo de estado se tornou a política oficial e a Albânia foi declarada o primeiro estado ateu do mundo. Nomes de vilas e cidades de inspiração religiosa foram mudados, tal como nomes pessoais. Durante este período, nomes de inspiração religiosa também foram declarados ilegais. O “Dicionário de Nomes do Povo”, publicado em 1982, continha 3.000 nomes seculares que eram permitidos. Em 1992, Monsenhor Dias, o Núncio Papal para a Albânia nomeado pelo Papa João Paulo II, disse que dos trezentos padres católicos presentes na Albânia antes dos comunistas chegarem ao poder, apenas trinta sobreviveram. Toda prática religiosa e clerical foi banida e aquelas figuras religiosas que se recusassem a abrir mão das suas posições eram presas ou forçadas a se esconderem.
    
        

sábado, março 09, 2024

Viatcheslav Molotov, especialista russo em guerras, traições e genocídios, nasceu há 134 anos

   
Viatcheslav Mikhailovitch Molotov, nascido Viatcheslav Mikhailovitch Scriábin (Sovietsk, 9 de março de 1890 - Moscovo, 8 de novembro de 1986), foi um diplomata e político da União Soviética de destaque entre os anos 20 e 50 do século XX.
Nascido na pequena aldeia de Kukarka (atual Sovietsk, no Óblast de Kirov), filho de um pequeno comerciante judeu, educado numa escola secundária em Kazan, onde se juntou à fação bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo, em 1906. Adotou o pseudónimo de Molotov (do russo molot, "martelo"). Foi preso em 1909 e passou dois anos no exílio na Sibéria. Em 1911 inscreveu-se na Universidade Politécnica de São Petersburgo, e tornou-se um dos editores do Pravda, o jornal bolchevique clandestino, do qual Estaline era também editor. Em 1913 Molotov foi preso novamente, e deportado para Irkutsk, de onde escapou em 1915 e regressou à capital. Em 1920 ingressou no Comité Central do PCUS e foi dirigente da Internacional Socialista no período de 28-34.
Na qualidade de membro do Politburo, foi responsável pela campanha de requisições das colheitas na Ucrânia, causando a fome-genocídio de 1932-1933, o Holodomor. Sendo um dos principais colaboradores de Estaline, foi Ministro de Relações Exteriores da URSS no período 1939-1949 e 1953-1956. Em 1957, foi afastado da direção do Partido por Nikita Khrushchov, em virtude da sua oposição à "desestalinização" e nomeado embaixador na Mongólia, cargo que exerceu entre 1957 e 1960 tendo logo após sido indicado para chefiar a representação da URSS na Organização Internacional de Energia Atómica, sediada em Viena, tendo permanecido neste cargo até 1962, ao ser excluído do Partido Comunista. Foi readmitido no Partido em 1984.
O seu nome tornou-se célebre pela popularidade do cocktail molotov, arma química incendiária muito utilizada em guerrilhas e manifestações urbanas. A associação de seu nome com essa bomba caseira deve-se à sua declaração, durante a Guerra de Inverno, de que os soviéticos não estavam bombardeando cidades finlandesas, mas sim enviando alimentos. As bombas russas então foram apelidadas de "cestos de pães de Molotov" e as bombas improvisadas usadas pelos finlandeses de Cocktails Molotov. A sua mais relevante participação na história mundial foi a assinatura do Tratado Molotov-Ribbentrop, o pacto de não-agressão firmado entre a União Soviética e a Alemanha nazi, em agosto de 1939. O tratado perdurou até ao dia 22 de junho de 1941, quando Adolf Hitler quebrou o pacto, ordenando a invasão do território soviético, na chamada Operação Barbarossa.
   
Caricatura no jornal semanal "Mucha", de Varsóvia, em 8 de setembro de 1939, já com a invasão nazi em andamento (o ministro nazi Ribbentrop faz reverência a Estaline, com Molotov a seu lado)
         

quarta-feira, março 06, 2024

O PCP faz hoje 103 anos

  
O Partido Comunista Português (PCP) é um partido político de índole comunista e marxista-leninista. É um dos partidos comunistas mais fortes da Europa Ocidental e o mais antigo partido político português com existência ininterrupta.

O PCP tem deputados na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, onde integra o grupo Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde. Depois da morte do secretário-geral do PCP, Bento Gonçalves, no campo de concentração do Tarrafal, o Partido passou por um período, de 1942 até 1961, sem secretário-geral. Em 1961, é eleito o líder histórico Álvaro Cunhal. Em 1992, é sucedido por Carlos Carvalhas, e em 2004 é Jerónimo de Sousa o escolhido pelo Comité Central para Secretário-Geral do PCP, até 2022, quando é eleito Paulo Raimundo para o cargo.

O Partido foi fundado em 1921, e em 1922 estabeleceu contactos com a Internacional Comunista (Komintern), tornando-se em 1923 a secção Portuguesa do Komintern. Ilegalizado no fim dos anos 1920, o PCP teve um papel fundamental na oposição ao regime ditatorial conduzido por António de Oliveira Salazar e Marcello Caetano. Durante as cinco décadas de ditadura, o PCP participou ativamente na oposição ao regime e era o Partido mais organizado e mais forte da oposição. Foi suprimido constantemente pela polícia política, a PIDE, que obrigou os seus membros a viver clandestinamente, sob a ameaça de serem presos, torturados ou assassinados. A capacidade de adaptar a sua organização à conjuntura política interna e externa, e a capacidade de recuperação de uma organização política sujeita à frequente repressão e violência política, foram importantes fatores que garantiram a sua continuidade. Após a revolução dos cravos, em 1974, os seus 36 membros do Comité Central de então já tinham, em conjunto, cumprido 308 anos de prisão.

Após o fim da ditadura, o Partido tornou-se numa principal força política do novo regime democrático, mantendo o seu «papel de vanguarda ao serviço dos interesses de classe dos trabalhadores, do processo de transformação social, para a superação revolucionária do capitalismo» a assumir o Marxismo-Leninismo como a sua base teórica, a concepção materialista e dialética do mundo como «instrumento de análise e guia para a acção, imprescindível para a interpretação do mundo e para a sua transformação revolucionária», a rutura com a política de direita, a concretização de uma alternativa patriótica e de esquerda e a realização do seu programa de uma «Democracia Avançada com os valores [da revolução] de Abril no futuro de Portugal, o socialismo e o comunismo». O Partido é popular em vastos sectores da sociedade portuguesa, particularmente nas áreas rurais do Alentejo e Ribatejo e áreas industrializadas como Lisboa e Setúbal, onde lidera vários municípios.

O PCP publica o jornal semanário Avante!, fundado em 1931, e a revista bimensal O Militante. A sua ala jovem é a Juventude Comunista Portuguesa, membro da Federação Mundial da Juventude Democrática

 

(...)

 

A data de fundação do PCP, 6 de março de 1921, é data da última de várias reuniões. Pouco depois da fundação do Partido, criou-se também a Juventude Comunista (JC), que estabeleceu imediatamente contactos com a Internacional Comunista Juvenil.

 

terça-feira, março 05, 2024

O Massacre de Katyn foi aprovado por Estaline há 84 anos - e a Rússia não aprendeu nada...

 Memorial ao Massacre de Katyn

O Massacre de Katyn (em polaco zbrodnia katyńska) foi uma execução em massa de cidadãos da Polónia ordenada por autoridades da União Soviética em 1940. Estima-se que mais de 22 mil pessoas tenham sido mortas.
Os prisioneiros polacos foram assassinados numa floresta nos arredores da vila de Katyn, em prisões e em diversos outros lugares. Cerca de oito mil vítimas eram militares polacos que  tinham sido aprisionados na invasão soviética da Polónia em 1939, sendo os restante cidadãos polacos presos sob alegações de pertencerem a corpos de serviços de inteligência, espionagem, sabotagem, e também proprietários rurais, advogados, padres etc.

Após a invasão da Polónia, que teve início em 1 de setembro de 1939, a União Soviética declarou, em 17 de setembro de 1939, que o governo polaco não estava mais no controle do seu país. Isto fez com que qualquer acordo diplomático em vigor com o estado polaco fosse cancelado.
Na mesma data (17/09/1939), o Exército Vermelho ocupou o leste da Polónia, conforme previsto no Pacto Molotov-Ribbentrop. A ação foi apontada como afronta pelos governos da Inglaterra e França, que afirmaram responder a ação do exército alemão conforme o Pacto Britânico-Polaco de Defesa e a Aliança Militar Franco-Polaco. Este episódio ficou conhecido como a "traição ocidental".
O Exército Soviético rapidamente avançou ao território polaco e encontrou pouca resistência por parte dos militares locais. Entre 250.000 e 454.700 soldados e polícias polacos foram presos. Após isso, cerca de 250 mil foram libertados e 125 mil foram encaminhados ao Comissariado do Povo de Assuntos Internos soviética, o NKVD. O órgão, num segundo momento, libertou 42.400 soldados de etnia ucraniana e bielorrussa que estavam ao serviço do Exército Polaco. Já os 43 mil soldados detidos que residiam no oeste da Polónia foram entregues à Alemanha.
Em novembro de 1939, o NKVD tinha cerca de 40 mil polacos presos, sendo cerca de 8.500 oficiais e subtenentes, 6.500 polícias e 25 mil soldados e sargentos. Estes foram interrogados através de determinação do Comissário do Povo para Assuntos Internos da URSS, Lavrentiy Beria, que criou um órgão de gestão dos prisioneiros de guerra dentro do NKVD.
O NKVD organizou uma rede de campos de trabalho e pontos de transição de presos polacos através de linhas ferroviárias para o Oeste da União Soviética. Os maiores campos estavam localizados em Kozelsk, Ostashkov e Starobelsk. Prisioneiros também foram encaminhados para Jukhnovo, Yuzhe, Tyotkino, Kozelshchyna, Oranki, Vologda e Gryazovets.
Kozelsk e Starobelsk foram utilizados principalmente para os oficiais militares, enquanto Ostashkov foi utilizado principalmente para guardas, policiais e agentes penitenciários. Também foram detidos intelectuais polacos.
De outubro de 1939 a fevereiro de 1940, os prisioneiros polacos foram submetidos a interrogatórios. O processo de entrevistas determinou quais seriam libertados ou condenados. Em 5 de março de 1940, Estaline e mais três membros do Politburo assinaram a ordem para executar 27.500 polacos, sob acusação de serem contra-revolucionários.
  

Uma das muitas valas comuns em Katyn
 
 
NOTA: numa altura em que  diversos serviços de inteligência referem que o exército ao serviço de um ditador russo fez o mesmo aos ucranianos, era altura de o povo russo recordar os erros do passado...

Anna Akhmatova morreu há 58 anos

Retrato de Anna Akhmatova, de Kuzma Petrov-Vodkin -1922
   
Anna Akhmatova (Odessa, 23 de junho de 1889 - Moscovo, 5 de março de 1966) é o pseudónimo de Anna Andreevna Gorenko, uma das mais importantes poetas acmeístas russas.
Começou a escrever poesia aos onze anos de idade, mas o pai, um engenheiro naval, temia que Anna viesse a desonrar o nome da família, convencido de estar a adivinhar hábitos decadentes associados à vida artística. Assim, assinou os seus primeiros trabalhos com o primeiro nome da sua bisavó, Tatar.
Apesar do seu pai ter abandonado a família, quando Anna contava apenas dezasseis anos, conseguiu prosseguir os seus estudos. Portanto, não só estudou no liceu feminino de Tsarskoe Selo e no célebre Instituto Smolnyi de São Petersburgo, como também no Liceu Fundukleevskaia de Kiev e numa Faculdade de Direito, em 1907.
A obra de Akhmatova compõem-se tanto de pequenos poemas líricos como de grandes poemas, como o Requiem, um grande poema acerca do terror estalinista. Os temas recorrentes são o passar do tempo, as recordações, o destino da mulher criadora e as dificuldades em viver em escrever à sombra do estalinismo.
Os seus pais separaram-se em 1905. Ela casou-se com o poeta Nikolaï Goumilev em 1910 e o filho deles, nascido em 1912, foi o historiador Lev Goumilev.
Akhmatova teve uma longa amizade com a poetisa Marina Tsvetaeva, sua compatriota. Estas duas amigas trocaram uma correspondência poética.
Nikolaï Goumilev foi executado em 1921, por causa de atividades consideradas anti-soviéticas; Akhmatova foi forçada ao silêncio, não podendo a sua poesia ser publicada de 1925 a 1952 (excetuando-se o período de 1940 a 1946). Excluída da vida pública, vivendo de uma irrisória pensão e forçada a ir fazendo traduções de obras de escritores como Victor Hugo e Rabindranath Tagore, Akhmatova começou, após a morte de Estaline, em 1953, a ser reabilitada, tendo-lhe sido autorizada uma viagem a Itália, para receber o prémio literário Taormina, e a Oxford, para receber um título honorário, em 1965.
Na generalidade, a sua obra é caracterizada pela aparente simplicidade e naturalidade e pela precisão e clareza da sua escrita.
    
 

A sentença

A palavra
caiu pétrea
no meu seio ainda vivo.
Não importa, eu já esperava,
de certo modo eu sabia.
Tenho muito
a fazer hoje:
matar memórias de vez,
para a alma ser de pedra
a viver mais aprender.
Ou ... o estralejar
do ardente Estio
como, além da janela, um feriado.
Há muito tempo já que vinham vindo
o luminoso dia e a vazia casa.
E não
me consentirá
que leve nada comigo
(por mais que eu peça e suplique,
por mais que a moa a rezar):
não
os olhos do meu filho,
sofrimento como pedra,
o dia de tempestade,
nem a hora da visita,
o suave frio
das mãos,
o rugir de sombras de árvore,
nem o distante som leve -
consolação das últimas palavras.
  


Anna Akhmatova

domingo, fevereiro 25, 2024

Nikita Khrushchev desmascarou finalmente os crimes de Estaline há 68 anos

 
O XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) teve lugar entre 14 e 26 de fevereiro de 1956. Na ocasião, o secretário do Partido, Nikita Khrushchov, com o seu célebre discurso secreto, denunciou as violências, os expurgos e as limitações à liberdade impostas pelo regime de Estaline, seu predecessor.
Durante a sessão a portas fechadas, no penúltimo dia do congresso, Khrushchov criticou asperamente a política estalinista, denunciando o culto de personalidade e uma série de crimes cometidos por ele e seus colaboradores. Estaline não procurava persuadir com explicações mas impunha suas ideias e exigia uma submissão absoluta, qualquer um que discordasse era demitido de qualquer função diretiva, e em seguida liquidado moralmente e fisicamente.
 

...Estaline descartou o método leninista de convencer e educar, ele abandonou o método de luta ideológica para que a violência, repressões em massa e terror...

...É claro que Estaline mostrou em toda uma série de casos a sua intolerância, a sua brutalidade e o seu abuso de poder. Em vez de provar a sua correção política e mobilizar as massas, muitas vezes ele escolheu o caminho da repressão e aniquilação física, não só contra os inimigos reais, mas também contra as pessoas que não tinham cometido qualquer crime contra o partido e o governo soviético. Aqui vemos nenhuma sabedoria, mas apenas uma demonstração da força brutal que outrora tão alarmou Lenine.

  

  
O discurso chocou os delegados presentes, que depois de anos de propaganda estavam convencidos da grandeza de Estaline. Após um longo debate, o discurso veio a tornar-se público no mês seguinte mas o relatório completo, no qual se baseou, só foi publicado em 1989. Logo após o congresso quase todos os Gulag foram fechados e, somente em Moscovo, regressaram 200.000 presos políticos. Anastas Mikoyan, vice-primeiro ministro, criou comissões para reabilitar os presos acusados ou mortos injustamente.
    

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

O golpe de estado comunista que acabou com a Democracia na Checoslováquia foi há 76 anos...

    
O Golpe de Estado da Checoslováquia de 1948, muitas vezes, simplesmente Golpe Checo ou Golpe de Praga (em checo: Únor 1948, em eslovaco: Február 1948, ambas significando "Fevereiro de 1948"; na historiografia comunista conhecido como "Fevereiro Vitorioso", em checo: Vítězný únor, em eslovaco: Víťazný február), foi um evento em que o Partido Comunista da Checoslováquia (KSČ), com o apoio soviético, assumiu o controle incontestável do governo da Checoslováquia, inaugurando mais de quatro décadas de ditadura sob seu comando.

 

(...)  

    

A crise começou a 21 de fevereiro de 1948, quando o Ministro do Interior escolheu oito novos Comissários em Praga, todos comunistas, o que demonstrava o controle do partido comunista sobre o governo da Checoslováquia e, em especial, sobre as forças de segurança do Estado. Isso provocou protestos, seguidos pela renúncia dos ministros democratas. Os renunciantes pensavam que assim provocariam uma crise política, levando a eleições gerais antecipadas, quando então derrotariam o Partido Comunista.
No entanto, havia uma atmosfera de tensão crescente e enormes manifestações lideradas pelos comunistas ocorrendo em todo o país, enquanto o presidente Edvard Benes procurava manter-se neutro, temendo que o fomento do KSČ causasse uma insurreição que, por fim, desse ao Exército Vermelho um pretexto para invadir o país e restaurar a ordem.
No entanto, os membros que se demitiram foram substituídos por membros do Partido Comunista, e, com o apoio de Estaline, o líder comunista da Checoslováquia, Klement Gottwald, marcou uma greve geral para 24 de fevereiro, criando assim uma série de comités de ação, apoiadas pelas milícias dos trabalhadores, que impediram qualquer resistência por parte das forças democráticas.
Enquanto isso, os ministros comunistas se mobilizavam. Para ajudá-los, o embaixador soviético, Valerian Zorin, chegou a Praga para organizar um golpe. Milícias armadas tomaram Praga; manifestações comunistas foram montadas, um manifestação estudantil anticomunista foi interrompida. Os ministérios comandados por não comunistas foram ocupados; funcionários eram demitidos, e os ministros impedidos de entrar em seus próprios gabinetes. O exército ficou confinado aos quartéis e não interferiu.
Num discurso perante 100.000 simpatizantes, o líder Gottwald ameaçou com uma greve geral, a não ser que o presidente Benes concordasse em formar um novo governo dominado pelos comunistas. O embaixador soviético ofereceu os serviços do Exército Vermelho, cujas tropas estavam preparadas  nas fronteiras do país. Mas Gottwald recusou a oferta, acreditando que a ameaça de violência, combinada com uma forte pressão política, seria o suficiente para forçar Benes a ceder. Após o golpe, Gottwald diria: "[Benes] sabe o que é a força, e isso o levará a avaliar essa [situação] de forma realista".
Em 25 de fevereiro de 1948, após duas semanas de intensa pressão da União Soviética o Presidente da República da Checoslováquia, Edvard Benes, cedeu todo o poder a Klement Gottwald e a Rudolf Slánský, aceitando a renúncia dos ministros não comunistas e nomeando um novo governo, sob a liderança de Gottwald e dominado por comunistas e social-democratas pró-Moscovo. O único ministério controlado por um não comunista era o das Relações Exteriores, que foi entregue a Jan Masaryk - encontrado morto duas semanas depois. Após o golpe, os comunistas moveram-se rapidamente para consolidar o seu poder: milhares de não simpatizantes foram demitidos, centenas foram presos e milhares de pessoas fugiram do país.
Nas eleições de 30 de maio, os eleitores foram presenteados com uma única lista - a da Frente Nacional - e que oficialmente obteve 89,2% dos votos. Na lista da Frente Nacional, os comunistas e os social-democratas (que logo se fundiram) tinham maioria absoluta. Mas praticamente todos os partidos não comunistas que haviam participado da eleição de 1946 também ficaram representados na lista da Frente Nacional e, assim, receberam alguns assentos parlamentares. No entanto, àquela altura, todos se haviam convertido em fiéis parceiros dos comunistas. A Frente Nacional foi transformada numa ampla organização patriótica dominada pelos comunistas, e a nenhum outro grupo político foi permitido existir. Consumido por estes eventos, Benes renunciou em 2 de junho e foi sucedido por Gottwald, 12 dias depois, falecendo em setembro do mesmo ano.
  

Impacto 
A Checoslováquia permaneceu como uma ditadura comunista até à Revolução de Veludo de 1989. O golpe tornou-se sinónimo da Guerra Fria. A perda da última democracia remanescente na Europa do Leste causou um choque profundo no Ocidente. Pela segunda vez em uma década, via-se a independência e a democracia da Checoslováquia serem apagadas por uma ditadura totalitária. A URSS parecia ter concluído a formação de um bloco monolítico soviético e concluído a divisão da Europa.
O impacto foi igualmente profundo, tanto na Europa Ocidental como nos Estados Unidos, e ajudou a unificar os países ocidentais contra o bloco comunista. Deu também um ar de presciência aos governos francês e italiano, que, no ano anterior, haviam forçado a saída dos partidos comunistas dos seus governos.
O golpe checo constituiu uma rutura definitiva nas relações entre as duas superpotências, com o Ocidente agora sinalizando a sua determinação de se comprometer numa de auto-defesa coletiva.
No Ocidente, o golpe de Praga teve um grande impacto porque a Checoslováquia era, geográfica, histórica e politicamente o país mais ocidental da Europa Central e Oriental.
 

sexta-feira, fevereiro 16, 2024

O Querido Líder e Comandante Supremo da democracia extremamente avançada da Coreia (do Norte) nasceu há 83 anos...


Kim Jong-il (Viatskoie, Khabarovsk, 16 de fevereiro de 1941, pelo registo soviético, ou 1942, pelo registo norte-coreano - 17 de dezembro de 2011) foi um ditador, que, de 1994 a 2011, exerceu as funções de Líder Supremo da República Popular Democrática da Coreia do Norte e de Presidente da Comissão de Defesa Nacional da Coreia do Norte e Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia - cargos máximos em âmbito militar e político da nação coreana. Kim Jong-il herdou do pai, Kim Il-Sung, o controle da Coreia do Norte. No poder, Kim Jong-il manteve a ideologia oficial juche, de completa autossuficiência nacional, e um regime comunista de cariz estalinista.
Enfrentou sanções económicas internacionais, carestia dentre seu povo e deterioração da qualidade de vida da população, mas se manteve no poder por meio repressão e um extenso culto à personalidade

Kim Jong-il era oficialmente designado "Líder Supremo" (e também chamado de "Querido Líder", "Comandante Supremo" e "Nosso Pai"), e a referência a sua figura estava presente em quase todas as esferas da vida quotidiana norte-coreana, promovida por um ferrenho culto à personalidade que não admitia oposição. Por esse motivo, Kim Jong-il era reconhecido internacionalmente como sendo o chefe de estado mais totalitário do planeta.
Em junho de 2009, noticiou-se que o líder da Coreia do Norte nomeou seu filho mais novo, o general Kim Jong-un, para lhe suceder, o que faria da Coreia do Norte um regime comunista de controle hereditário.
A morte de Kim Jong-il foi anunciada publicamente pela imprensa estatal da Coreia do Norte em 19 de dezembro de 2011, e teria ocorrido em 17 de dezembro. Fontes oficiais atribuíram o falecimento à "fadiga" do Líder Supremo e à "dedicação de sua vida ao povo". A agência de notícias sul-coreana Yonhap, com base em informações obtidas na Coreia do Norte, divulgou que Kim Jong-Il morreu durante uma viagem por causa de ataque cardíaco. Kim Jong-Il havia sofrido uma apoplexia em 2008.
O filho mais novo do estadista, o general Kim Jong-un, com 29 anos de idade, foi designado seu sucessor. Um de seus primeiros eventos públicos foi o funeral do seu pai.
    
  
in Wikipédia

quarta-feira, fevereiro 14, 2024

Os crimes de Estaline começaram a ser finalmente denunciados há 68 anos


O XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS) teve lugar entre 14 e 26 de fevereiro de 1956. Na ocasião, o secretário do Partido, Nikita Khrushchov, com o seu célebre discurso secreto, denunciou as violências, as purgas e as limitações à liberdade impostas pelo regime de Estaline, o seu predecessor.
Durante a sessão a portas fechadas, no último dia do congresso, Khrushchov criticou asperamente a política estalinista, denunciando o culto de personalidade e uma série de crimes cometidos por ele e os seus colaboradores.
O discurso chocou os delegados presentes, que depois de anos de propaganda, estavam convencidos da grandeza de Estaline. Após um longo debate, o discurso veio a tornar-se público no mês seguinte mas o relatório completo, no qual se baseou, só foi publicado em 1989

sábado, fevereiro 03, 2024

O principal carrasco de Estaline suicidou-se há 79 anos


Vasili Mikhailovich Blokhin (Gavrilovskoye, 7 de janeiro de 1895 - Moscovo, 3 de fevereiro de 1955) foi um major-general soviético que serviu como o carrasco chefe do NKVD estalinista, sob as administrações de Genrikh Yagoda, Nikolai Iejov e Lavrenty Beria. Escolhidos a dedo para o cargo por Estaline em 1926, Blokhin levou uma companhia de executores que realizaram a maioria das execuções levadas a cabo durante o regime de Estaline, a maioria durante a Grande Purga. Reconhecido por parte do governo soviético que o número de execuções oficiais da NKVD foi de 828.000 durante o período no poder de Estaline, Blokhin terá executado pessoalmente dezenas de milhares de prisioneiros, por sua própria mão, ao longo de um período de 26 anos, incluindo 7.000 prisioneiros condenados polacos, numa execução em massa prolongada, tornando-se ostensivamente o carrasco oficial mais prolífico na história do mundo. Ele recebeu tanto a ordem do Distintivo de Honra (1937) como a Ordem da Bandeira Vermelha (1941). 

 

Blokhin foi aposentado após a morte de Estaline, embora o seu serviço irrepreensível foi publicamente reconhecida por Lavrenty Beria, no momento da sua partida. Depois da queda do poder de Beria (em junho de 1953), Blokhin foi finalmente destituído do seus posto, nas campanhas de desestalinização de Nikita Khrushchev. Ele teria se tornado alcoólico, enlouqueceu, e morreu em fevereiro de 1955, com a causa oficial da morte colocada como "suicídio". Entretanto, dado o seu papel-chave no terror estalinista, a hipótese de queima de arquivo não é de se excluir.

in Wikipédia

sábado, janeiro 13, 2024

Estaline descobriu um complot para o matar há setenta e um anos

    
O complot dos médicos judeus foi, segundo a versão oficial do Estado Soviético, uma conspiração dos médicos judeus, sob ordens da inteligência norte-americana, que teriam como objetivo assassinar os principais quadros do Partido Comunista da União Soviética, inclusive o próprio Estaline.
"Prendam os Médicos Assassinos" - alardeava a manchete do Pravda, a 13 de janeiro de 1953. "Os médicos do Kremlim, judeus na sua maioria, assassinaram os maiores líderes soviéticos, e tramaram contra outros, talvez até contra o próprio Estaline".
Depois da morte de Estaline, em março de 1953, os líderes da União Soviética assumiram que o caso foi fabricado, com o objetivo de prender e executar líderes comunistas que se opunham a Estaline. Em abril do mesmo ano, o mesmo Pravda dizia que "os médicos tinham sido presos sem nenhuma base legal" e acrescentava que os "investigadores super zelosos haviam-se esquecido de que estavam ao serviço do povo e que a sua missão era salvaguardar a lei soviética".
Todos os médicos acusados foram inocentados (com exceção de dois, que morreram na prisão...) e reconduzidos aos seus antigos cargos.
   

quinta-feira, dezembro 28, 2023

O livro Arquipélago de Gulag foi publicado há cinquenta anos...

  
Arquipélago de Gulag é provavelmente a mais forte e a certamente a mais influente obra sobre como funcionavam os gulags (campos de concentração e de trabalho forçado na antiga União Soviética) nos tempos de Estaline
  
  
Escrito por Alexander Soljenítsin, o livro de cerca de 600 páginas e é uma narrativa sobre factos que foram presenciados pelo autor, prisioneiro durante onze anos, em Kolima, num dos campos do arquipélago, e por duzentas e trinta e sete pessoas, que confiaram as suas cartas e relatos ao autor.
  
  
Escrito entre 1958 a 1967, a obra foi publicada no ocidente (em Paris) no ano de 1973 (a 28 de dezembro) e circulou clandestinamente na União Soviética, numa versão minúscula, escondida, até à sua publicação oficial, no ano de 1989.
"GULag" é um acrónimo em russo para o termo: "Direção Principal (ou Administração) dos Campos de Trabalho Corretivo" ("Glavnoye Upravleniye Ispravitelno-trudovykh Lagerey"), um nome burocrático para este sistema de campos de concentração.
O título original em russo do livro era "Arkhipelag GULag". A palavra arquipélago relaciona-se ao sistema de campos de trabalho forçado espalhados por toda a União Soviética como uma vasta corrente de ilhas, conhecidas apenas por quem fosse destinado a visitá-las.