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sexta-feira, março 22, 2024

As cinco maiores extinções em notícia...

Os ensinamentos das cinco extinções maciças da história

 

   

Durante o Pérmico tardio, era possível encontrar predadores como o gorgonopsídeo gigante Inostrancevia - nesta imagem, encontra-se ao lado da sua presa, um dicinodonte, enquanto afugenta a espécie Cyonosaurus, muito mais pequena


Certa Primavera, há 66 milhões de anos, um dinossauro levantou os olhos para o céu. O ponto brilhante que aparecera minutos antes estava cada vez maior. meteorito Chicxulub, com cerca de 14 quilómetros de diâmetro, aproximava-se da Terra a uma velocidade incrível. Conforme demonstrado por estudos posteriores, a enorme rocha demorou apenas 20 segundos a atravessar a atmosfera e a cair na costa da península do Iucatão, berço de grandes civilizações pré-colombianas.

A energia libertada criou uma onda de choque que derrubou qualquer ser vivo que se encontrasse num raio de centenas de quilómetros, provocando tsunamis enormes e vaporizando milhares de toneladas de rochas sulfurosas que acidificaram os oceanos e taparam o Sol durante anos.

A extinção maciça do Cretácico-Paleogénico pôs fim a aproximadamente dois terços das espécies da Terra, incluindo todos os répteis e dinossauros não-voadores com mais de 40 quilogramas, exceto tartarugas e crocodilos. Graças aos eventos ocorridos após o impacto, os mamíferos rapidamente se encontraram num mundo com pouquíssima concorrência e começaram a dominar o planeta – até à atualidade. No entanto, embora esta extinção seja a mais conhecida, é apenas a última de uma longa lista que dura até aos dias de hoje e que já se conhece como “a sexta extinção maciça”.

 

AS PRIMEIRAS: AS EXTINÇÕES MACIÇAS DO ORDOVÍCICO-SILÚRICO

Quando a vida complexa estava a dar os seus primeiros passos após a Explosão Câmbrica, centenas de famílias de espécies evoluíram para se adaptarem a um ambiente em mudança. No enorme oceano Pantalassa, que cobria a maior parte da superfície do planeta, espécies conhecidas, como as trilobites, viviam ao largo da costa e os primeiros peixes começaram a nadar nas águas quentes. Neste período, também apareceram as primeiras espécies que viviam em terra firme, como certas plantas e, supostamente, os primeiros artrópodes.

No entanto, há entre 450 e 440 milhões de anos, aproximadamente 60 por cento de todos os géneros que habitavam o planeta desapareceram, e pensa-se que 85 por cento das espécies marinhas se tenham extinguido. Existem diferentes hipóteses sobre o que causou esta perda de biodiversidade. A mais aceite atualmente é que houve uma série de glaciações, embora as suas causas não sejam claras e sejam tema de debate. Algumas das opções são o vulcanismo, o deslocamento dos polos e o impacto de radiação vinda de uma supernova, mas não existem provas suficientemente sólidas para demonstrar qual a causa concreta – ou se o sucedido foi uma combinação destas.

 

AS EXTINÇÕES MACIÇAS DO FINAL DO DEVÓNICO

Estima-se que apenas cinco milhões de anos após as extinções do Ordovícico-Silúrico, os ecossistemas tenham recuperado a sua biodiversidade. Depois disto, começou aquilo que se conhece informalmente como “a Idade dos Peixes”, uma época durante a qual surgiu uma infinitude de espécies marinhas, das quais se destacam os peixes ósseos, que chegaram até aos nossos dias, bem como corais, esponjas, artrópodes e cefalópodes.

No Devónico, apareceram também as primeiras florestas. As mais antigas de que há conhecimento datam de há 390 milhões de anos, e foram descobertas recentemente nas falésias do sudoeste de Inglaterra. Estas florestas eram formadas por plantas vasculares, com um tronco oco que poderia assemelhar-se – na forma – às palmeiras atuais, atingindo uma altura máxima de cerca de dez metros de altura. Além disso, as plantas desenvolveram as primeiras sementes, um passo essencial na reprodução vegetal.

Após cerca de 70 milhões de anos de relativa tranquilidade, até 83 por cento destas espécies desapareceram rapidamente. Mais uma vez, a causa não é completamente clara. Existe a hipótese de ter ocorrido uma glaciação semelhante à anterior, mas também não se descarta a possibilidade de vulcanismo ou de impactos de meteoritos. Em 2020, uma investigação sugeriu a possibilidade de a camada de ozono se ter desvanecido devido a um aquecimento repentino da superfície terrestre. O desaparecimento da camada de ozono deixaria todos os seres desprotegidos perante a radiação ultravioleta emitida pelo Sol, que tornou a superfície do planeta inabitável. Na opinião dos investigadores, poderá ocorrer um acontecimento semelhante na atualidade, caso se reúnam as condições adequadas.

 

A GRANDE MORTANDADE: EXTINÇÃO PÉRMICO-TRIÁSSICA

Chamar “A Grande Mortandade” a um evento dá pistas sobre a enorme quantidade de espécies que desapareceram na maior extinção da história. Estima-se que tenham desaparecido até 95 por cento das espécies marinhas e 70 por cento das terrestres ao longo de 200.000 anos. Neste caso, a hipótese mais sólida é corroborada pelas enormes formações de rochas de origem vulcânica da Sibéria (os “trapps siberianos”) e pelas formações de dolomitas italianas. As rochas siberianas resultam de algumas das maiores erupções vulcânicas dos últimos tempos, enquanto as dolomitas evidenciam a erosão provocada por acidez.

Destes eventos infere-se que, há aproximadamente 252 milhões de anos, ocorreram enormes erupções vulcânicas que libertaram quantidades crescentes de gases para a atmosfera. Estima-se que a temperatura tenha aumentado até 5 graus e que alguns elementos tenham alterado a geoquímica global. Por exemplo, estima-se que enxofre possa ter acidificado o solo, chegando a atingir, segundo indicam alguns estudos, um pH de 2,3 em algumas zonas especificas – uma acidez semelhante à do sumo de limão. Estas condições provocaram a extinção de muitas algas e invertebrados com concha, além de impedirem o crescimento das plantas em terra. 

A Grande Mortandade foi uma provação dura para a vida terrestre, mas quando as condições se estabilizaram, formou-se um caldo perfeito para o desenvolvimento dos dinossauros e proto-mamíferos, que começaram então a povoar o planeta.

 

A EXTINÇÃO DO TRIÁSICO-JURÁSSICO

Apenas 50 milhões de anos após a última extinção, há 201 milhões de anos, um evento extinguiu 75 por cento de todas as espécies que habitavam o nosso planeta. Esta extinção foi o início do domínio global dos dinossauros, já que a maioria dos arcossauros, terápsideos e grandes anfíbios desapareceram. Mais uma vez, as hipóteses mais sólidas apontam para os vulcões, que aumentaram a quantidade de gases com efeito de estufa e acidificaram os oceanos.

Mais concretamente, as evidências sugerem a ocorrência de erupções numa zona conhecida como “província magmática do Atlântico Central”. Esta região, formada pela fragmentação do supercontinente Pangeia, teve atividade vulcânica durante pelo menos 600.000 anos e os especialistas consideram-na uma das maiores em termos de volume de magma expelido. No entanto, também não se descarta a possibilidade de a extinção ter sido desencadeada pelo impacto de um ou vários meteoritos mais pequenos do que o da extinção do Cretácico-Paleogénico.

 

O METEORITO e OS DINOSSAUROS, A EXTINÇÃO DO CRETÁCICO-PALEOGÉNICO

O início deste artigo refere-se a esta extinção, que pôs fim ao reinado dos dinossauros não-voadores e deu lugar a uma época dominada por mamíferos e aves. Sendo a mais próxima, é desta que dispomos de mais evidências, já que se podem ver claramente algumas das consequências do impacto no México. Atualmente, analisa-se a trajetória e a órbita de milhares de objetos que se aproximam da Terra para assegurar que nenhum chocará com o nosso planeta nas próximas centenas de anos.

 

A SEXTA EXTINÇÃO MACIÇA. O que está a acontecer agora?

O ritmo de aparecimento e desaparecimento de espécies foi relativamente tranquilo nos últimos milhões de anos. No entanto, esta tendência mudou rapidamente e ritmo de desaparecimento de espécies aumentou consideravelmente. Mais concretamente, depois de analisar milhares de espécies animais e vegetais, estima-se que o ritmo de desaparecimento das espécies seja várias ordens de magnitude superior ao dos últimos dois milhões de anos.

Este processo, desencadeado pelas alterações climáticas antropogénicas, pode ter consequências devastadoras para os ecossistemas, que poderão perder a sua resiliência perante ameaças externas. Atualmente, também se está a estudar se o enorme volume deCO₂ libertado para a atmosfera poderá provocar um cenário semelhante ao de algumas das extinções provocadas pelas enormes erupções vulcânicas.

O desaparecimento de certas espécies não augura nada de bom, já que a perda de biodiversidade pode ter efeitos inesperados. Estes efeitos vão desde a perda das simbioses existentes e a rutura das cadeias tróficas até ao aumento do risco de surtos de novas doenças. Por isso, os esforços de conservação e estudo das consequências das atividades humanas são essenciais para assegurar a sobrevivência das espécies atuais.

 

in Nat Geo España

quarta-feira, março 13, 2024

Tanto trabalho que os nossos antepassados tiveram para o extinguir e agora isto...

O mamute-lanoso está perto de regressar ao mundo dos vivos

 

 

A biotecnológica Colossal Biosciences está prestes a reescrever a história ao tentar trazer o mamute-lanoso de volta da extinção.

Com um recente salto na engenharia genética, este ambicioso projeto já não parece relegado para o reino da fantasia. A empresa anunciou um avanço significativo na reprogramação de células estaminais de elefantes.

Fundada por Ben Lamm, um visionário na intersecção da tecnologia e da biologia, juntamente com o famoso geneticista de Harvard George Church, a Colossal Biosciences tem como objetivo não só recriar o mamute para o espetáculo, mas também abordar questões ambientais e ecológicas mais vastas.

Ao reviver espécies extintas, a empresa pretende aumentar a biodiversidade e fornecer soluções para as espécies atuais ameaçadas pela aceleração da crise climática.

A descoberta envolve a manipulação complexa de células estaminais de elefante, explica a Insider.

As células estaminais, conhecidas pela sua notável capacidade de se desenvolverem em qualquer tipo de célula – seja um osso, um cabelo ou um órgão – há muito que fascinam os cientistas pelo seu potencial na medicina regenerativa e na investigação.

No entanto, o desafio de reprogramar estas células, especialmente as dos elefantes, tem sido um obstáculo. As células de elefante, como notou a equipa da Colossal, provaram ser excecionalmente resistentes aos processos de desdiferenciação que tiveram sucesso noutras espécies. Esta resistência foi ultrapassada através do ajuste do cocktail químico utilizado no processo.

A estratégia da Colossal envolve a utilização destas células reprogramadas para criar criaturas semelhantes a mamutes através da edição de genes e da fertilização in vitro (FIV), com a esperança de o conseguir até 2028.

A investigação da empresa não só abre caminho para o regresso do mamute, como também oferece novos métodos para estudar e preservar os elefantes atualmente vivos, que enfrentam as suas próprias ameaças de extinção.

Uma das perspetivas mais interessantes do trabalho da Colossal é a possibilidade de desenvolver gâmetas de elefante – espermatozoides e óvulos – em laboratório. Este avanço poderia eliminar a necessidade de procedimentos invasivos para colher estas células de animais vivos, facilitando uma abordagem mais ética à conservação e investigação.

A capacidade de criar estes gâmetas in vitro representa um salto significativo em direção à possibilidade de barriga de aluguer de mamutes, tornando possível o sonho da sua extinção.

No entanto, há uma panóplia de questões éticas, ecológicas e logísticas que se mantêm. Que lugar ocupariam estas criaturas nos nossos ecossistemas modernos? Como é que a sua reintrodução afetaria a biodiversidade atual e o equilíbrio ambiental? E, mais importante, quais são as implicações morais de reviver espécies que a própria natureza selecionou para a extinção?

 

in ZAP

quarta-feira, fevereiro 28, 2024

Desextinguir animais será boa ideia...?

Descobertos os segredos que podem trazer de volta o extinto Tigre da Tasmânia

 

 

Tigre da Tasmânia, no Jardim Zoológico de Hobart, em 1933

 

Os cientistas descobriram segredos de RNA que os deixaram mais perto da recriação do Tigre da Tasmânia, extinto há quase 90 anos.

Pela primeira vez, investigadores conseguiram extrair RNA de um animal extinto, o Tigre da Tasmânia ou Tilacino.

Esta descoberta pode abrir caminho para uma compreensão mais profunda da espécie, extinta há quase de 90 anos.

Os Tilacinos, vulgarmente referidos como Tigres da Tasmânia eram marsupiais carnívoros nativos da Austrália, Tasmânia e Nova Guiné.

A extinção deste animal foi, fundamentalmente, consequência de fatores como a caça intensiva, doenças e alterações climáticas.

O último Tilacino conhecido morreu no Jardim Zoológico em Hobart, na Tasmânia, em 1936. No entanto, a espécie foi oficialmente declarada extinta apenas em 1982.

 

 

Descoberta pioneira

Emilio Mármol Sánchez e a sua equipa da Universidade de Estocolmo conseguiram agora extrair e analisar RNA de um exemplar de Tilacino, conservado no Museu Sueco de História Natural durante 130 anos.

Antes disto, a extração de RNA era “exclusiva” a seres vivos e a algumas plantas antigas. Os especialistas acreditavam que a recuperação de RNA de uma espécie tão antiga não era viável, devido à sua natureza mais frágil em comparação com o DNA.

O RNA oferece uma visão mais completa de um organismo do que o DNA.

O sucesso deste estudo indica potenciais oportunidades para extrair RNA de outras espécies preservadas, revolucionando potencialmente a nossa compreensão sobre espécies extintas.

Mármol Sánchez esclareceu, à New Scientist, que a recriação deste animal não é o principal foco dos investigadores.

O que vale a pena destacar, considera o cientista, são as pistas valiosas sobre o genoma do Tigre da Tasmânia que a investigação vem dar, enfatizando que o RNA vem fornecer uma visão mais abrangente de como as células de um organismo funcionam.

 

in ZAP

domingo, fevereiro 25, 2024

Mais uma notícia sobre extinções e evolução...

Uma forma de vida ancestral sobreviveu aos dinossauros (e vai sobreviver aos humanos)

 

 

 

Há cerca de 66 milhões de anos, um colossal asteroide colidiu com a Terra, marcando o fim da era Mesozoica - um evento que resultou na extinção dos dinossauros e de 75% das espécies da Terra. No meio desta devastação, muitas linhagens de plantas antigas sobreviveram e prosperaram.

Qualquer criatura que tivesse olhado para os céus num certo dia de primavera poderá ter visto, por uns segundos, um asteroide brilhante do tamanho de uma montanha a entrar incandescente na atmosfera - e a colidir com a Terra.

Conhecida como a extinção em massa do Cretácico-Paleogénico, ou “Evento KP“, a catástrofe resultou na extinção dos dinossauros não-avianos e de pelo menos 75% das espécies da Terra.

Mas enquanto criaturas ferozes como os míticos T-rex e Velociraptor desapareceram da face do planeta, um grupo particular de espécies sobreviveu à catástrofe, resistiu até aos nossos dias, e vai provavelmente assistir ao desaparecimento dos humanos: as angiospérmicas, ou “plantas com flores”.

Esse é o caso das  rosas, cuja família ancestral teve origem muitos milhões de anos antes do Evento KP, e que continuam a florescer.

Com efeito, estudos sugerem que a origem de uma grande parte das famílias de angiospérmicas é anterior ao impacto do asteroide. Essas linhagens antigas, incluindo famílias de plantas como as das orquídeas, magnólias, gramíneas e batatas, coexistiram com os dinossauros e prosperaram após o Evento KP.

Embora a razão exata para a notável resiliência das angiospérmicas seja ainda hoje um mistério, estudos recentes oferecem algumas pistas.

Num estudo recente, os investigadores Jamie Thompson, da Universidade de Bath, e Santiago Ramírez-Barahona, da Universidad Nacional Autónoma do México, usaram uma nova abordagem e modelos matemáticos para analisar as árvores genealógicas das angiospérmicas.

 

 

Na sequência do estudo, apresentado num artigo publicado a semana passada na revista Biology Letters, os dois cientistas concluíram que as angiospérmicas tiveram taxas de extinção consistentes durante pelo menos 240 milhões de anos - não tendo registado qualquer efeito notório do Evento KP nestas taxas.

Qual será então o segredo da capacidade de sobrevivência das angiospérmicas?

Segundo explica Thompson no The Conversation, a sua resiliência poderá ser devida à sua capacidade de se reinventar - criando novas de dispersão de sementes e de polinização - e de duplicar todo o seu genoma, permitindo uma maior adaptabilidade e diversidade.

O sexto evento de extinção em massa, que já estamos atualmente a enfrentar, coloca ameaças significativas para muitas espécies de angiospérmicas. Ainda assim, dada a sua história de resiliência, as angiospérmicas vão provavelmente adaptar-se de novo - e sobreviver à humanidade.

 

 

in ZAP

quinta-feira, fevereiro 22, 2024

A sexta extinção em massa tem o dedo dos humanos...

Extinção de géneros em massa. Os humanos estão a eliminar “árvores inteiras da vida”

 

 

A extinção em massa provocada pelo ser humano está a eliminar espécies, mas também “ramos inteiros da árvore da vida”, alertam os autores de um estudo da Universidade norte-americana de Stanford divulgado em setembro.

Uma análise feita em conjunto com a Universidade Nacional Autónoma do México, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, mostra que os humanos estão a fazer desaparecer espécies, mas também géneros, a categoria superior em que os taxonomistas classificam os seres vivos.

Os investigadores dão como exemplo três vítimas recentes do que muitos consideram ser a sexta extinção, uma vez que as ações humanas estão a eliminar espécies de animais vertebrados centenas de vezes mais depressa do que se não existissem essas ações.

O pombo-passageiro, uma espécie extinta no início do século passado e que era endémica da América do Norte, o lobo da Tasmânia, um marsupial da Austrália também extinto no século passado, e o Baiji, o golfinho do rio Yang-tze, na China, uma das espécies de golfinho de água doce, são três espécies que foram também a última do seu género.

Até agora, o interesse público e científico tem incidido na extinção das espécies.

Mas no estudo agora divulgado, Gerardo Ceballos, da universidade mexicana, e Paul Ehrlich, de Stanford, descobriram que géneros inteiros também estão a desaparecer, naquilo a que chamam uma “mutilação da árvore da vida“.

“A longo prazo, estamos a fazer uma grande mossa na evolução da vida no planeta”, diz Gerardo Ceballos, alertando que por isso, neste século, se vai causar “muito sofrimento à humanidade”.

Paul Ehrlich, noutra abordagem, salienta que as ações do Homem estão a fazer com que este perca os únicos companheiros vivos conhecidos em todo o universo.

Em trabalhos anteriores, Ceballos e Ehrlich tinham já alertado em 2015 que o mundo estava a iniciar a sexta extinção em massa, com os animais a desaparecerem a um ritmo 100 vezes superior ao de uma normal extinção em massa, e, em 2020, que havia mais de 500 espécies de vertebrados em risco.

Os dois investigadores usaram agora bases de dados de entidades como a União Internacional para a Conservação da Natureza ou a “Birdlife International” e examinaram 5.400 géneros de animais vertebrados terrestres, abrangendo 34.600 espécies.

A equipa concluiu que desde o século XV foram extintos 73 géneros de vertebrados terrestres, com as aves a sofrerem as maiores perdas, com 44 géneros extintos, seguindo-se os mamíferos e depois os anfíbios e depois os répteis.

Com base na taxa histórica de extinção de géneros entre os mamíferos, estimam os responsáveis que a atual taxa de extinção de géneros de vertebrados exceda em 35 vezes a do último milhão de anos.

Ou seja, sem a influência humana, a Terra teria perdido apenas dois géneros nesse período. Em cinco séculos as ações humanas extinguiram géneros que sem elas levariam 18.000 anos a desaparecer.

“Como cientistas, temos de ter cuidado para não sermos alarmistas“, afirma Gerardo Ceballos, acrescentando que a gravidade das descobertas exige “uma linguagem mais forte do que o habitual”.

Não seria ético não explicar a magnitude do problema, uma vez que nós e outros cientistas estamos alarmados”.

A muitos níveis, as extinções de géneros são mais graves do que as extinções de espécies, porque quando uma espécie se extingue outra do mesmo género pode preencher esse papel no ecossistema, explica o cientista. Em termos de árvore da vida é como se um único galho caísse e à sua volta outros se ramificassem.

O pior, acrescenta, é quando ramos inteiros (géneros) caem, o que “deixa um enorme buraco na copa das árvores” que pode demorar milhões de anos a ser tapado.

“A humanidade não pode esperar tanto tempo pela recuperação dos seus sistemas de suporte de vida”, já que “a estabilidade da nossa civilização depende dos serviços prestados pela biodiversidade da Terra”, frisa.

Gerardo Ceballos dá o exemplo da doença de Lime, transmitida por carrapatos, que está a aumentar: os ratos de patas brancas, principais portadores da doença, costumavam competir com os pombos-passageiros por alimentos. Com o desaparecimento destes, as populações de ratos aumentaram e com eles os casos da doença.

Neste caso, está envolvido o desaparecimento de um único género, mas uma extinção em massa de géneros pode significar uma explosão proporcional de desastres para a humanidade, avisa o responsável.

Para se evitarem novas extinções e consequentes crises sociais, os dois investigadores apelam a uma ação política, económica e social imediata e a uma escala sem precedentes.

Os esforços de conservação, dizem, devem ser prioritários nas regiões tropicais, uma vez que estas apresentam a maior concentração de extinções de géneros e de géneros com apenas uma espécie remanescente.

De acordo com o sistema que organiza os seres vivos, a espécie é definida como um grupo de organismos que se podem reproduzir e originar novos seres e o género é um conjunto de espécies.

 

in ZAP

sexta-feira, fevereiro 09, 2024

Mais um estudo sobre a fronteira KTB e a sua extinção

Novo estudo iliba o asteroide: foram os vulcões que assassinaram os dinossauros

 

 

 

Afinal, o mítico asteroide Chicxulub, que ganhou a fama de ter dizimado os dinossauros não-avianos, pode estar inocente. Foram os vulcões, aponta uma nova análise computacional de dados.

Um novo estudo em geologia computacional sugere que foram erupções vulcânicas massivas, e não um impacto de asteroide, as responsáveis pelo evento de extinção em massa que ocorreu há 66 milhões de anos.

O evento levou à extinção dos dinossauros não-avianos e de quase três quartos de toda a vida na Terra, dando por terminado o período Cretácico.

Recentemente, as geólogas computacionais Laura Mydlarz, da Universidade do Texas, e Erinn M. Muller, do Mote Marine Laboratory, nos EUA, usaram um modelo estatístico chamado Método de Monte Carlo em Cadeias de Markov para realizar uma análise computacional de dados - e identificar as causas deste evento.

O estudo, que foi publicado esta quinta-feira revista Science, analisou sistematicamente a probabilidade de diferentes cenários de emissão de gases, convergindo gradualmente para soluções prováveis que coincidissem com os dados geológicos.

Os investigadores usaram 128 processadores para executar múltiplos cenários simultaneamente, usando dados de núcleos de sedimentos do fundo do mar de há 67 a 65 milhões de anos para calibrar o modelo.

Estes núcleos contêm microorganismos conhecidos como foraminíferos, cujas conchas fornecem pistas sobre a composição química do oceano e, portanto, sobre as temperaturas globais da época.

De acordo com as simulações computacionais, as massivas emissões de gases das erupções vulcânicas de Deccan Traps, na atual Índia ocidental, foram suficientes para explicar as mudanças de temperatura e nos ciclos de carbono determinadas a partir dos dados de foraminíferos.

Estas erupções expeliram grandes volumes de dióxido de carbono, que aquece o planeta, e dióxido de enxofre, que acidifica os oceanos.

Por outro lado, o estudo concluiu que o impacto do asteroide, que formou a cratera Chicxulub no atual México, provavelmente não produziu quantidades significativas destes gases - pelo que é pouco provável que tenha sido a causa do evento de extinção em massa.

No entanto, o estudo enfrenta ceticismo de alguns cientistas, que argumentam que os modelos de computador são tão bons quanto os dados em que se baseiam.

“As conchas de foraminíferos não são indicadores ideais para temperaturas antigas”, realça Sierra Petersen, geoquímica da Universidade de Michigan, citada pela Science News.

Também Clay Tabor, paleoclimatologista da Universidade do Connecticut, alerta que o estudo não capturou as rápidas mudanças ambientais potencialmente causadas pelo impacto do asteroide, como nuvens massivas de fuligem e poeira que poderiam ter levado a um inverno catastrófico.

Embora a investigação lance uma nova perspetiva no longo debate cobre as causas do evento de extinção em massa que nos privou dos dinossauros, não resolve a questão de forma definitiva.

E a dúvida persiste. Afinal quem é o culpado?

 

in ZAP

quinta-feira, fevereiro 08, 2024

Novidades sobre a mãe de todas as extinções em massa - a Permo-Triássica...

Identificado o momento da maior extinção em massa de sempre

  

 

  

Determinado com maior precisão: ocorreu há mais de duzentos milhões de anos, no final do período Pérmico.

Recentemente, os cientistas tinham encontrado a explicação para o clima misterioso da Terra durante o  maior evento de extinção em massa no planeta.

Agora, uma equipa de investigação liderada por cientistas chineses determinou com precisão o momento da extinção em massa que ocorreu há mais de 200 milhões de anos, no final do período Pérmico - a maior de sempre na Terra.

O estudo da equipa, cujas conclusões foram publicadas a semana passada na revista Science Advances, revelou que diferentes ecossistemas responderam a ritmos distintos à degradação ambiental, ajudando a reconstruir com maior precisão o processo de extinção em massa.

“A extinção no final do período Pérmico foi a maior da história geológica, eliminando mais de 80% das espécies marinhas e 90% das terrestres“, disse Nanjing Shen Shuzhong, investigador da Universidade e autor principal do estudo, ao jornal oficial chinês China Daily.

Os cientistas acreditam que a extinção em massa ocorreu há 252 milhões de anos, mas “faltava uma investigação detalhada sobre o seu processo em diferentes regiões e ecossistemas”, disse Shen.

Agora, após mais de dez anos de amostragem no terreno e de datação isotópica de alta precisão, investigadores da China e dos Estados Unidos determinaram pela primeira vez o momento específico da extinção em massa de organismos terrestres na região de baixa latitude no final do período Pérmico.

Com base em amostragens e datações, a extinção em massa da vida terrestre nas baixas latitudes no final do período Pérmico começou há 251,88 milhões de anos, pelo menos 60.000 anos mais tarde do que a extinção em massa da vida marinha e pelo menos 430.000 anos mais tarde do que o desaparecimento em grande escala da vida terrestre nas altas latitudes.

Com recurso à base de dados paleontológica global, os investigadores analisaram também as alterações da biodiversidade em diferentes latitudes antes e depois da extinção em massa, o que os levou a concluir que a extinção em massa nas baixas latitudes ocorreu não só mais tarde, mas também a uma escala mais pequena. Isto poderá indicar que o ecossistema terrestre nas baixas latitudes era, nessa altura, mais resistente à pressão ambiental.

“Com base nos últimos resultados, podemos reconstituir com maior exatidão o processo de extinção em massa que ocorreu há mais de 200 milhões de anos”, afirmou Shen.

A extinção foi parcialmente causada por erupções vulcânicas maciças que desencadearam uma mudança climática que eliminou a maioria das espécies da Terra, dando início à era dos dinossauros.

A primeira extinção em massa na Terra ocorreu há 550 milhões de anos, no final do período Ediacarano, e foi causada por uma queda na disponibilidade de oxigénio em todo o mundo.

 

in ZAP

segunda-feira, fevereiro 13, 2023

Notícia interessante sobre asteroides...

Asteroides “pilha de escombros” ameaçam a Terra (e são praticamente indestrutíveis)

Uma grande quantidade de rochas e outros materiais estão a circular pelo nosso Sistema Solar como asteroides e cometas. Se um deles viesse na nossa direção, poderíamos evitar com sucesso a colisão entre um asteroide e a Terra?

Bem, talvez. Mas parece haver um tipo de asteroide que pode ser particularmente difícil de destruir.

Os asteroides são pedaços de detritos rochosos no Espaço, remanescentes de um passado mais violento no nosso Sistema Solar. Estudá-los pode revelar as suas propriedades físicas, pistas sobre a história antiga do Sistema Solar e as ameaças que essas rochas espaciais podem representar para a Terra.

Num novo estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas descobriram que os asteroides de pilhas de escombros são um tipo de asteroide extremamente resistente e difícil de destruir por colisão.

 

Dois tipos principais de asteroides

Principalmente concentrados no cinturão de asteroides, os asteroides podem ser classificados em dois tipos principais.

Monólitos – feitos de um pedaço sólido de rocha – são o que as pessoas costumam ter em mente quando pensam em asteroides. Prevê-se que asteroides do tipo monolítico com cerca de um quilómetro de diâmetro tenham uma vida útil de apenas algumas centenas de milhões de anos no cinturão de asteroides. Isto não é muito tempo, dada a idade do nosso Sistema Solar.

O outro tipo são os asteroides de pilhas de escombros. Estes são inteiramente compostos de muitos fragmentos ejetados durante a destruição completa ou parcial de asteroides monolíticos pré-existentes.

No entanto, não sabemos realmente a durabilidade e, portanto, a vida útil potencial dos asteroides de pilha de escombros.

 

Pilhas de entulho sorrateiras e abundantes

Em setembro de 2022, a missão DART (Double Asteroid Redirection Test) da NASA impactou com sucesso o asteroide Dimorphos. O objetivo desta missão era testar se poderíamos desviar um asteroide ao impactá-lo com uma pequena nave espacial, e foi um sucesso retumbante.

Como outras missões recentes de asteroides da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) para visitar os asteroides Itokawa e Ryugu, e da NASA ao asteroide Bennu, imagens de perto mostraram que Dimorphos é mais um asteroide de entulho.

Estas missões mostraram que os asteroides de pilha de escombros têm baixa densidade porque são porosos. Além disso, são abundantes. Na verdade, são muito abundantes e, como são fragmentos de asteroides monolíticos, são relativamente pequenos e, portanto, difíceis de detetar da Terra.

Portanto, estes asteroides representam uma grande ameaça para a Terra e realmente precisamos entendê-los melhor.

 

Aprender com a poeira de asteroides

Em 2010, a nave espacial Hayabusa projetada pela JAXA retornou do asteroide Itokawa, com 535 metros de comprimento e formato de amendoim. A sonda trouxe consigo mais de mil partículas de rochas, cada uma menor que um grão de areia. Estas foram as primeiras amostras trazidas de um asteroide!

Como se viu, as fotos tiradas pela nave espacial Hayabusa enquanto ainda orbitava Itokawa demonstraram a existência de asteroides de pilha de escombros pela primeira vez.

Os primeiros resultados da equipe da JAXA que analisaram as amostras devolvidas mostraram que Itokawa se formou após a destruição completa de um asteroide pai com pelo menos 20 quilómetros de largura.

No novo estudo, os autores analisaram várias partículas de poeira tiradas do asteroide Itokawa usando duas técnicas: a primeira dispara um feixe de eletrões na partícula e deteta eletrões que são espalhados de volta. Isto diz-nos se uma rocha foi atingida por algum impacto de meteoro.

O segundo é chamado de datação argon-argon e usa um feixe de laser para medir quanto decaimento radioativo ocorreu em um cristal. Isso nos dá a idade de tal impacto de meteoro.

 

Almofadas espaciais gigantes que duram para sempre

Os resultados estabeleceram que o enorme impacto que destruiu o asteroide pai de Itokawa e formou Itokawa aconteceu há mais de 4,2 mil milhões de anos, o que é quase tão antigo quanto o próprio Sistema Solar.

Este resultado foi totalmente inesperado. Isto também significa que Itokawa sobreviveu quase uma ordem de magnitude mais longa do que suas contrapartes monolíticas.

Um tempo de sobrevivência tão surpreendentemente longo para um asteroide é atribuído à sua natureza absorvente de choque. Por ser uma pilha de entulho, Itokawa é cerca de 40% poroso. Por outras palavras, quase metade dela é feita de vazios, então colisões constantes irão simplesmente esmagar as lacunas entre as rochas, em vez de quebrar as próprias rochas.

Então, Itokawa é como uma almofada espacial gigante.

Este resultado indica que os asteroides de pilha de entulho são muito mais abundantes no cinturão de asteroides do que pensávamos. Uma vez formados, eles parecem ser muito difíceis de destruir.

Esta informação é crítica para evitar qualquer potencial colisão de asteroides com a Terra. Embora a missão DART tenha sido bem-sucedida em deslocar a órbita do asteroide visado, a transferência de energia cinética entre uma pequena nave espacial e um asteroide de entulho é muito pequena. Isto significa que eles são naturalmente resistentes a desmoronarem-se se forem impactados.

Portanto, se houvesse uma ameaça iminente e imprevista à Terra na forma de um asteroide que se aproximasse, precisamos de uma abordagem mais agressiva. Por exemplo, podemos precisar usar a onda de choque de uma explosão nuclear no Espaço, uma vez que grandes explosões seriam capazes de transferir muito mais energia cinética para um asteroide de entulho naturalmente acolchoado e, assim, afastá-lo.

Devemos realmente testar uma abordagem de onda de choque nuclear, então? Essa é uma questão totalmente diferente.

 

in ZAP

sábado, abril 09, 2022

Descobertos fósseis do momento exato da extinção do KTB...!

Tanis: Fossil of dinosaur killed in asteroid strike found, scientists claim

Watch: Sir David Attenborough seeks expert help to understand the significance of the fossil leg
 

Scientists have presented a stunningly preserved leg of a dinosaur.

The limb, complete with skin, is just one of a series of remarkable finds emerging from the Tanis fossil site in the US State of North Dakota.

But it's not just their exquisite condition that's turning heads - it's what these ancient specimens are purported to represent.

The claim is the Tanis creatures were killed and entombed on the actual day a giant asteroid struck Earth.

The day 66 million years ago when the reign of the dinosaurs ended and the rise of mammals began.

Very few dinosaur remains have been found in the rocks that record even the final few thousand years before the impact. To have a specimen from the cataclysm itself would be extraordinary.

The BBC has spent three years filming at Tanis for a show to be broadcast on 15 April, narrated by Sir David Attenborough.

Sir David will review the discoveries, many that will be getting their first public viewing.

Along with that leg, there are fish that breathed in impact debris as it rained down from the sky.

We see a fossil turtle that was skewered by a wooden stake; the remains of small mammals and the burrows they made; skin from a horned triceratops; the embryo of a flying pterosaur inside its egg; and what appears to be a fragment from the asteroid impactor itself.

"We've got so many details with this site that tell us what happened moment by moment, it's almost like watching it play out in the movies. You look at the rock column, you look at the fossils there, and it brings you back to that day," says Robert DePalma, the University of Manchester, UK, graduate student who leads the Tanis dig.

 

Robert DePalma: "Dinosaurs and the impact are two things that are absolutely linked in our minds"


It's now widely accepted that a roughly 12km-wide space rock hit our planet to cause the last mass extinction.

The impact site has been identified in the Gulf of Mexico, off the Yucatan Peninsula. That's some 3,000km away from Tanis, but such was the energy imparted in the event, its devastation was felt far and wide.

The North Dakota fossil site is a chaotic jumble.

The remains of animals and plants seem to have been rolled together into a sediment dump by waves of river water set in train by unimaginable earth tremors. Aquatic organisms are mixed in with the land-based creatures.

  


   

The sturgeon and paddlefish in this fossil tangle are key. They have small particles stuck in their gills. These are the spherules of molten rock kicked out from the impact that then fell back across the planet. The fish would have breathed in the particles as they entered the river.

The spherules have been linked chemically and by radiometric dating to the Mexican impact location, and in two of the particles recovered from preserved tree resin there are also tiny inclusions that imply an extra-terrestrial origin.

"When we noticed there were inclusions within these little glass spherules, we chemically analysed them at the Diamond X-ray synchrotron near Oxford," explains Prof Phil Manning, who is Mr DePalma's PhD supervisor at Manchester.

"We were able to pull apart the chemistry and identify the composition of that material. All the evidence, all of the chemical data, from that study suggests strongly that we're looking at a piece of the impactor; of the asteroid that ended it for the dinosaurs."

 

Sir David examines the remains of a triceratops dinosaur

 

The existence of Tanis, and the claims made for it, first emerged in the public sphere in the New Yorker Magazine in 2019. This caused a furore at the time.

Science usually demands the initial presentation of new discoveries is made in the pages of a scholarly journal. A few peer-reviewed papers have now been published, and the dig team promises many more as it works through the meticulous process of extracting, preparing and describing the fossils.

To make its TV programme, the BBC called in outside consultants to examine a number of the finds.

Prof Paul Barrett from London's Natural History Museum looked at the leg. He's an expert in ornithischian (mostly plant-eating) dinosaurs.

"It's a Thescelosaurus. It's from a group that we didn't have any previous record of what its skin looked like, and it shows very conclusively that these animals were very scaly like lizards. They weren't feathered like their meat-eating contemporaries.

"This looks like an animal whose leg has simply been ripped off really quickly. There's no evidence on the leg of disease, there are no obvious pathologies, there's no trace of the leg being scavenged, such as bite marks or bits of it that are missing," he tells me.

"So, the best idea that we have is that this is an animal that died more or less instantaneously."

 

Artwork: The thinking is that a water surge buried all the creatures at Tanis

 

The big question is whether this dinosaur did actually die on the day the asteroid struck, as a direct result of the ensuing cataclysm. The Tanis team thinks it very likely did, given the limb's position in the dig sediments.

If that is the case, it would be quite the discovery.

But Prof Steve Brusatte from University of Edinburgh says he's sceptical - for the time being.

He's acted as another of the BBC's outside consultants. He wants to see the arguments presented in more peer-reviewed articles, and for some palaeo-scientists with very specific specialisms to go into the site to give their independent assessment.

Prof Brusatte says it's possible, for example, that animals that had died before the impact were exhumed by the violence on the day and then re-interred in a way that made their deaths appear concurrent.

"Those fish with the spherules in their gills, they're an absolute calling card for the asteroid. But for some of the other claims - I'd say they have a lot circumstantial evidence that hasn't yet been presented to the jury," he says.

"For some of these discoveries, though, does it even matter if they died on the day or years before? The pterosaur egg with a pterosaur baby inside is super-rare; there's nothing else like it from North America. It doesn't all have to be about the asteroid."

Pterosaur embryo

A pterosaur embryo inside an egg, found at the Tanis site...
 
 
...here digitally extracted and constructed into a model

 

There's no doubting the pterosaur egg is special.

With modern X-ray technology it's possible to determine the chemistry and properties of the egg shell. It was likely leathery rather than hard, which may indicate the pterosaur mother buried the egg in sand or sediment like a turtle.

It's also possible with X-ray tomography to extract virtually the bones of the pterosaur chick inside, to print them and reconstruct what the animal would have looked like. Mr DePalma has done this.

The baby pterosaur was probably a type of azhdarchid, a group of flying reptiles whose adult wings could reach more than 10m from tip to tip.

Mr DePalma gave a special lecture on the Tanis discoveries to an audience at the US space agency Nasa's Goddard Space Flight Center on Wednesday. He and Prof Manning will also present their latest data to the European Geosciences Union General Assembly in May.

Dinosaurs: The Final Day with Sir David Attenborough will be broadcast on BBC One on 15 April at 18:30 BST. A version has been made for the US science series Nova on the PBS network to be broadcast later in the year.

 


in BBC News

terça-feira, novembro 10, 2020

Notícia interessante sobre a batalha entre humanos modernos e neandertais

Neandertais e humanos estiveram em guerra durante 100 mil anos (e isso pode ter levado à sua extinção)

 


A extinção dos Neandertais é um dos grandes mistérios da ciência. Agora, uma nova teoria de um paleontólogo diz que a extinção desta espécie foi o resultado da perda de uma guerra de 100 mil anos anos com humanos anatomicamente modernos.

Os Neandertais e os ancestrais dos humanos modernos separaram-se em África há mais de 500 mil anos. A primeira espécie migrou para o Médio Oriente e espalhou-se por grande parte da Europa e da Ásia. Já os humanos anatomicamente modernos deixaram África há cerca de 200 mil anos. Por isso acredita-se que as duas espécies se cruzaram.

Isto pode indicar que as duas espécies viviam em harmonia e até cooperavam. De acordo com a BBC Future, os Neandertais não eram primitivos, pois eram relativamente avançados e tinham uma cultura.

O paleontólogo Nicholas R Longrich refere que “é tentador imagina-los a viver em paz com a natureza e uns com os outros”, mas “os Neandertais eram predadores e territoriais, por isso defendiam o seu território com violência e trabalhavam de forma cooperativa para combater os invasores. Isso significa que a extinção dos Neandertais pode não ter sido fácil.

  

Comportamento Territorial

Defender o próprio território e usar a violência para fazê-lo foi uma característica que todas as espécies herdaram dos seus ancestrais.

Longrich disse à BBC Future que “a agressão cooperativa evoluiu no ancestral comum dos chimpanzés e de nós mesmos há 7 milhões de anos”. Esse impulso é a raiz da violência organizada e da guerra. O especialista refere que “a guerra não é uma invenção moderna, mas uma parte antiga e fundamental de nossa humanidade”.

Os Neandertais eram notavelmente semelhantes aos humanos modernos, pois comportavam-se de forma semelhante. “Se os Neandertais partilhavam tantos dos nossos instintos criativos, também deviam ter muitos dos nossos instintos destrutivos”, refere o especialista.

Neste sentido, quando os ancestrais dos humanos modernos deixaram África e encontraram outras espécies de humanos arcaicos, o conflito e a guerra foram inevitáveis.

Uma análise no registo paleontológico mostra que há evidências de traumas nos ossos do Homo Sapiens e dos Neandertais. De acordo com algumas pesquisas, os homens jovens Neandertais mostravam sinais de ferimentos por traumas. Esses eram provavelmente os guerreiros dos grupos e isso pode indicar que foram feridos ou mortos em confrontos violentos.

As armas primitivas encontradas por arqueólogos em sítios pré-históricos contam também uma história de violência.

Há a possibilidade de os Neandertais e os primeiros humanos se terem envolvido em conflitos, e assim, os Neandertais resistiram às incursões dos humanos modernos nos seus territórios. Longrich afirma que esta situação “levou a uma guerra de 100 mil anos”, por isso, para os investigadores, é fácil perceber que a extinção dos Neandertais não foi rápida.

Os Neandertais eram adversários formidáveis e, por isso, difíceis de combater. Eram caçadores hábeis e tinham armas para resistir aos recém-chegados. Além disso, eram mais atarracados, mais fortes do que os nossos ancestrais, e provavelmente tinham melhor visão noturna, o que poderia tê-los ajudado em conflitos noturnos.

  
Como é que o Homo sapiens venceu?

Segundo o Ancient Origins, a guerra entre as duas espécies fluiu por milhares de anos. A BBC Future relata que “em Israel e na Grécia, o arcaico Homo sapiens ganhou terreno para recuar contra as ofensivas Neandertais”, ainda assim a espécie demorou cerca de 75 mil anos para alcançar a extinção dos Neandertais nos locais que hoje são Israel e Grécia.

É possível que os nossos ancestrais tivessem usado melhores técnicas de caça e tivessem outras vantagens estratégicas. Também os primeiros grupos de caça desta espécie eram provavelmente maiores do que os dos Neandertais, e sobretudo com mais lutadores.

A teoria de que nossos ancestrais acabaram por vencer os Neandertais através de violência, parece apoiar a visão de que estes desapareceram porque foram exterminados pelo Homo sapiens.

No entanto, existem outras teorias para explicar a extinção dos Neandertais, incluindo doenças, falha na adaptação a ambientes em mudança e até mesmo falta de diversidade genética.

 
in ZAP

sábado, abril 28, 2018

Notícia sobre icnofósseis, extinções e humanos

Pegadas revelam que os humanos caçaram preguiças gigantes

Equipa de cientistas analisou rasto de pegadas encontradas no estado do Novo México, nos EUA, que permitem perceber como o homem caçava o enorme animal com mais de dois metros de altura que acabou por ser extinto.
 
Ilustração que mostra como os humanos tentavam distrair a presa para depois a atacar com lanças
  
Uma equipa de cientistas do Reino Unido descobriu provas de humanos antigos envolvidos num confronto mortal com uma preguiça gigante, mostrando pela primeira vez como os nossos antepassados enfrentaram esta impressionante presa. Com mais de dois metros de altura, com garras nas patas dianteiras, as preguiças gigantes viveram até há cerca de 11.000 anos. A maioria dos cientistas acredita que foi a caça excessiva que acabou por levar à sua extinção.
Pegadas fossilizadas nas salinas do Monumento Nacional de White Sands, no estado do Novo México, no Sudoeste dos Estados Unidos, revelaram que os humanos perseguiram uma preguiça gigante e que depois a terão confrontado, possivelmente com o recurso a lanças que atiraram sobre ela. “A história que podemos ler das pegadas é que os humanos estavam a seguir as pegadas, precisamente no encalce da preguiça”, disse Matthew Bennett, um dos cientistas que participou na descoberta que é publicada na edição desta semana da revista Science Advances.

Pegada humana dentro do trilho de uma preguiça gigante, que mostra como os humanos a perseguiram 
 



“Enquanto alguém se ocupava por distrair a presa com algumas manobras, outra pessoa enfrentava o animal e tentava dar o golpe fatal. É uma história interessante e está tudo escrito nas pegadas” , disse Matthew Bennett, professor de ciências ambientais e geográficas da Universidade de Bournemouth, no Sul de Inglaterra. No Monumento Nacional de White Sands, os investigadores identificaram o que é conhecido como “círculos de agitação” que mostram que a preguiça se terá levantando e apoiado apenas nas suas patas traseiras, equilibrando-se com o balanço das patas dianteiras, provavelmente numa atitude defensiva.
Além de rastos de humanos perseguindo a preguiça, há mais pistas encontradas em lugares mais distantes. A partir disso, os cientistas concluem que os humanos trabalharam em grupo, com uma equipa separada distraindo e desorientando a preguiça para a enganar. Os círculos agitados estão sempre associados à presença de pegadas humanas. Onde não há pegadas humanas, as preguiças andam em linhas rectas, mas onde as pegadas humanas estão presentes, as pistas de preguiça mostram evasão, com mudanças súbitas de direcção.

Pegadas foram descobertas por arqueólogos no Monumento Nacional de White Sands, nos EUA  
   
Graças às novas técnicas de modelação tridimensional, as pegadas fossilizadas foram preservadas usando um sistema desenvolvido por Matthew Bennett. O processo consiste em recorrer a uma câmara digital para fotografar a pegada de 22 ângulos diferentes, permitindo depois que o um algoritmo de computador construa uma renderização 3D ultra-precisa da pegada.
“Esta prova mostra-nos, pela primeira vez, como eles podem ter lidado com uma destas grandes feras e o facto de isto estar a ser feito de forma rotineira é importante”, disse Matthew Bennett, acrescentando que “obter dois conjuntos de pegadas fósseis que interagem e que, assim, mostram a ecologia comportamental é muito, muito raro”.
 
in Público - ler notícia

sábado, fevereiro 18, 2017

Notícia sobre Paleontologia e Extinções

Era uma vez a vida há muito, muito tempo, após a pior extinção em massa
Ilustração científica do ecossistema

Um ecossistema fossilizado nos Estados Unidos veio mostrar que a vida recuperou rapidamente após a extinção de 90% das espécies da Terra.

Exemplo de uma laje

Fósseis de animais como tubarões, répteis marinhos e criaturas parecidas com lulas revelaram um ecossistema marinho próspero a recuperar depois da pior extinção em massa na Terra, há mais de 250 milhões de anos, contrariando uma noção já antiga de que a vida demorou muito tempo a reconverter-se depois desta calamidade.

Uma equipa de cientistas descreveu a surpreendente descoberta destes fósseis num artigo, publicado na quarta-feira, na revista Science Advances, no qual mostraram que as criaturas prosperam no rescaldo de uma mortandade global no fim do período geológico do Pérmico, há cerca de 252 milhões de anos, que atingiu cerca de 90% das espécies. Ainda que um asteróide tenha provocado uma extinção em massa há 66 milhões de anos, que condenou os dinossauros, não foi tão destrutiva como a extinção do Pérmico.

Fósseis de cerca de 30 espécies foram descobertos no condado de Bear Lake, perto da cidade de Paris, no estado do Idaho (Estados Unidos), revelaram a ocorrência de uma recuperação rápida e dinâmica do ecossistema marinho, ilustrando uma assinalável resiliência da vida.

“A nossa descoberta foi totalmente inesperada”, disse um dos autores do artigo científico, o paleontólogo Arnaud Brayard, da Universidade Franche-Comté de Borgonha, em França. O ecossistema deste período geológico importante inclui predadores como tubarões (com cerca de dois metros de comprimento), répteis marinhos, peixes ósseos, criaturas parecidas com lulas, algumas com conchas cónicas e outras com conchas encaracoladas, crustáceos necrófagos com grandes olhos e garras finas, estrelas-do-mar, esponjas e outros animais.

A extinção no Pérmico ocorreu há 251,9 milhões de anos e o ecossistema do Idaho já estava a florescer 1,3 milhões de anos mais tarde, no início do período Triásico, “uma escala geológica muito rápida”, de acordo com Arnaud Brayard.

A causa da extinção em massa ainda é matéria de debate. Muitos cientistas defendem que as enormes erupções vulcânicas no Norte da Sibéria lançaram na atmosfera uma grande quantidade de gases tóxicos com efeito de estufa, provocando assim um grande aquecimento global do planeta e grandes flutuações químicas nos oceanos, incluindo a acidificação e a falta de oxigénio.

Esponjas fossilizadas (escala de cinco milímetros)

O ecossistema do Idaho, já no Triásico Inferior, período em que surgiram os primeiros dinossauros, incluía algumas criaturas inesperadas. Havia também um tipo de esponja que se pensava que se teria extinguindo 200 milhões de anos mais cedo, e um grupo parecido com as lulas que se pensava que tinha surgido 50 milhões de anos mais tarde.

Os investigadores encontraram também ossos do que pode ser um dos primeiros ictiossauros, um grupo de répteis marinhos que prosperou durante 160 milhões de anos, ou de um antepassado directo deles.

“O Triásico Inferior é complexo e uma altura altamente conturbada, mas certamente não tão devastadora como muitas vezes se pensa e ainda não foram descobertos todos os seus segredos”, disse Arnaud Brayard.

in Público - ler notícia

terça-feira, outubro 20, 2015

Paleoecologia e extinções num artigo interessante

Extinção em massa: quem morre e quem sobrevive depende da teia alimentar

Representação artística de Lystrosaurus, antepassado dos mamíferos que sobreviveu à extinção em massa do fim do Pérmico

Crânio fóssil de Lystrosaurus, antepassado dos mamíferos que sobreviveu à extinção em massa do fim do Pérmico

Pormenor da teia alimentar que existia antes da extinção entre as espécies do período Pérmico

Estaremos a encaminhar-nos para uma nova extinção em massa da vida na Terra, provocada pelos seres humanos? Para tentar prever o que poderia acontecer – e talvez evitar o pior – é preciso perceber os ecossistemas em termos de quem come o quê, concluem dois cientistas.

Os especialistas dão-lhe o nome de Grande Morte (Great Dying, na expressão em inglês). Aconteceu num piscar de olhos geológico, há 252 milhões de anos, quando um vasto evento vulcânico na Sibéria cuspiu gases nocivos e uma quantidade de lava suficiente para formar um novo continente do tamanho da Europa.

O ar tornou-se mais quente e mais seco, os incêndios assolaram a paisagem e o oceano tornou-se tóxico. Em poucas dezenas de milhares de anos, perderam-se 90% das espécies marinhas e três quartos da vida terrestre. “Foi devastador”, diz o paleontólogo Peter Roopnarine. “Nunca a vida na Terra esteve tão perto de desaparecer por completo.”

Mas os cientistas ainda têm muitas perguntas acerca do que aconteceu durante a Grande Morte, formalmente conhecida como a extinção em massa do fim do Pérmico. Quais foram as primeiras espécies a desaparecer? Quando é que os ecossistemas colapsaram totalmente? Quem morreu, quem sobreviveu – e porquê?

Roopnarine pensa ter encontrado uma pista: a ideia de que a estabilidade da teia alimentar – essa complexa hierarquia de quem come quem – seria capaz de proteger as espécies quando um desastre acontece. Pelo menos durante algum tempo.

As questões relativas à sobrevivência das espécies tornaram-se mais prementes nos últimos anos, à medida que um número cada vez maior de cientistas tem vindo a acreditar que o planeta poderia estar a encaminhar-se rapidamente para uma outra extinção em massa – desta vez provocada pelos seres humanos.

Se de facto a vida na Terra for levar um outro golpe trágico, a melhor maneira de se preparar parece consistir em saber como se desenrolaram, no passado, situações semelhantes. Esses eventos de extinção em massa representam, como gosta de frisar Roopnarine, “experiências naturais” que põem à prova a capacidade de sobrevivência das espécies.

O único problema é que, no fim do Pérmico, não havia lá ninguém para tirar apontamentos (os polegares oponíveis demorariam 247 milhões de anos a evoluir, e seria preciso esperar mais uns milhões de anos ainda até alguém inventar o papel).

Foi por isso que Roopnarine, o curador de geologia da Academia das Ciências da Califórnia, e o paleobiólogo Kenneth Angielczyk, curador associado do Museu Field de Chicago, reconstruíram eles próprios, minuciosamente, aquela antiga “experiência” utilizando dados fósseis e modelos de computador. Algo que ninguém tinha feito até aqui. Os seus resultados, publicados na revista Science, fornecem alguns indícios sobre como a vida consegue gerir crises de proporções monumentais.

A chave da sobrevivência parece residir nas teias alimentares, as complicadas interacções que todos nós já mapeámos com certeza na escola. Elas ilustram como as espécies de um ecossistema arranjam comida – evitando ao mesmo tempo tornar-se comida para outros. Ora, segundo estes autores, uma teia alimentar estável pode proteger uma comunidade das catástrofes ambientais – e até da perda de algumas espécies.

As melhores teias alimentares são como um prédio bem construído: mesmo que um tijolo se desfaça ou seja removido, a estrutura no seu conjunto permanece sólida. E só quando algo de realmente traumático acontece – quando por exemplo, se perdem demasiadas espécies ou uma espécie-chave desaparece – é que a coisa toda se desmorona.

Olhando para fósseis com 250 milhões de anos de idade, provenientes da bacia do Karoo, na África do Sul – uma região conhecida pelas suas quintas de criação de animais de caça e o seu registo fóssil em excelente estado de conservação – Roopnarine e Angielczyk reconstituíram as teias alimentares do Pérmico anteriores à extinção em massa. Para isso, começaram por fazer um trabalho no terreno naquela vasta e quase desértica zona varrida pelos ventos. E depois, sentados em frente a um computador num laboratório norte-americano, tentaram mapear quem comia o quê naquele antigo mundo.

Numa segunda fase, desmontaram essas teias alimentares e reformularam-nas, obtendo novas configurações, para ver como outras teias alimentares possíveis responderiam a um cataclismo. Um pouco à maneira de alguém que, deitando fora as instruções do kit de montagem de uma secretária, por exemplo, constrói no seu lugar um carrinho de apoio de mesa.

Resultado notável: foi a cadeia alimentar do mundo real que demonstrou ser a combinação possível mais resiliente de espécies que viviam naquela altura. Por outras palavras, foi a partir do manual de instruções da natureza que se construíram os sistemas mais estáveis.

“Parecer ter havido uma manutenção permanente da resiliência”, diz Angielczyk. “Mesmo se algum desastre viesse a atingir algumas espécies, isso não iria afectar as outras.”

E mesmo quando confrontados com a fase inicial da extinção em massa do fim do Pérmico, numa altura em que os pequenos animais já estavam a morrer em grandes quantidades, as teias alimentares permaneceram sólidas. Se o vulcanismo que desencadeou a extinção não tivesse durado tanto tempo (cerca de um milhão de anos), alguma vida poderia ter conseguido escapar incólume à catástrofe.

Só que nem as teias alimentares mais estáveis conseguem resistir a um milhão de anos de secas, fogos florestais, de acidificação dos oceanos e de alterações climáticas descontroladas. E a dada altura, as plantas – que eram o alicerce das teias alimentares do Karoo – começaram a desaparecer. Dos 50 géneros (grupos de espécies) que existiam no Karoo antes do evento, apenas cinco emergiram dessa segunda fase de extinções.

Porém, o mundo que essas espécies viram então surgir era muito menos agradável do que o mundo que tinham deixado para trás. Embora novas espécies tivessem depressa emergido para preencher o vácuo deixado pelos seus extintos predecessores, muitas acabariam rapidamente por morrer.

De facto, essas teias alimentares “reconstituídas” eram muito menos estáveis do que as que tinham perdurado durante o período Pérmico – o que mostra que não bastam umas quantas espécies novas para reconstruir um ecossistema. As interacções tinham primeiro de evoluir e de melhorar. E seriam precisos três a cinco milhões de anos para que a vida na Terra conseguisse novamente assentar, dando origem à idade dos dinossauros.

“O que está a acontecer hoje é diferente da extinção em massa de há 250 milhões de anos”, diz Roopnarine. “Em termos de exploração excessiva de recursos, de alterações climáticas, de perda de habitats e de destruição da natureza, estamos a ir muito para além da experiência vivida por qualquer outra espécie.”

Mas o que sabemos, acrescenta, é que a melhor maneira de prever a sobrevivência dos ecossistemas é olhar para a estabilidade da sua teia alimentar: Quem come quem? Quais são as espécies que asseguram a coesão do conjunto? Quais são as espécies que um ecossistema pode perder sem grande impacto, tal como aconteceu com os pequenos vertebrados das teias alimentares do fim do Pérmico?

Proteger um animal de quem todos gostamos – como o panda-gigante ou o bisonte-americano – poderia revelar-se fútil se não protegermos ao mesmo tempo a comunidade à qual pertencem. “Não se trata apenas de preservar as espécies, trata-se de preservar as suas interacções”, diz Roopnarine. “Mas isso significa que temos de perceber essas interacções.”

Actualmente, as teias alimentares modernas ainda são algo misteriosas, acrescenta. E quando as conseguimos perceber, isso acontece muitas vezes depois de alguma coisa ter corrido mal – como no caso dos recifes de corais das Caraíbas. E então, já é tarde demais para fazer seja o que for.

O registo fóssil dos últimos 20.000 a 30.000 anos – que nos parece uma eternidade, mas representa apenas um instante em termos geológicos – está recheado de esqueletos de espécies extintas por predadores humanos ou pela destruição dos habitats: o mamute-lanudo, o dodó, o dugongo-de-steller. Do ponto de vista da paleontologia, “isto tem certamente o aspecto de algo do tipo extinção em massa”, diz Angielczyk.

Se quisermos ter a certeza de que as espécies existentes vão sobreviver às pressões da vida moderna, temos de perceber o que mantém estáveis as comunidades modernas. E entretanto, “temos de ser muito cautelosos”, alerta Angielczyk. Não sabemos o que é que poderia vir a desencadear a próxima Grande Morte.

Artigo publicado em exclusivo nos The Washington Post e PÚBLICO