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quarta-feira, abril 17, 2024

Os Khmer Vermelhos tomaram o poder no Camboja há 49 anos - genocídios e limpezas étnicas nunca mais...

     
Khmer Vermelhos foi o nome dado aos seguidores do Partido Comunista da Kampuchea, partido governante no Camboja de 1975 a 1979, liderado por Pol Pot, Nuon Chea, Ieng Sary, Son Sen e Khieu Samphan. O regime liderado pelos Khmer Vermelhos, de 1975 a 1979, foi conhecido como Kampuchea Democrático.
Esta organização é lembrada principalmente por suas políticas de engenharia social, que resultaram em um genocídio. As suas tentativas de reforma agrária levaram à fome generalizada, enquanto a sua insistência na autossuficiência, até mesmo nos serviços médicos, levou à morte de milhares de pessoas em consequência de doenças tratáveis (tais como malária). Execuções brutais e arbitrárias e tortura praticadas pelos seus oficiais contra elementos considerados subversivos, ou durante purgas nas suas próprias fileiras, entre 1976 e 1978, são consideradas como tendo constituído um genocídio.
   
(...)
   
A relação entre o bombardeamento maciço do Camboja pelos Estados Unidos e o crescimento dos Khmer Vermelhos, em termos de recrutamento e apoio popular, tem sido um assunto de interesse de historiadores. Em 1984, Craig Etcheson, do Centro de Documentação do Camboja, argumentou que é “insustentável” afirmar que os Khmer Vermelhos não teria vencido senão pela intervenção dos EUA e que mesmo que os bombardeamentos tenham auxiliado o recrutamento dos Khmer Vermelhos, eles “teriam vencido de qualquer maneira.”
De modo oposto, alguns historiadores citaram a intervenção dos EUA e a sua campanha de bombardeamentos (1965-1973) como um fator significativo que levou ao aumento do apoio dos Khmer Vermelhos entre os camponeses cambojanos. Os historiadores Ben Kiernan e Taylor Owen utilizaram uma combinação de sofisticado mapeamento por satélite, dados recentes não-catalogados sobre a extensão dos bombardeamentos e depoimentos de camponeses para afirmar que houve uma correlação entre os pequenos lugares atingidos pelos bombardeamentos dos EUA e o recrutamento de camponeses pelos Khmer Vermelhos.
No seu estudo, de 1996, sobre a ascensão de Pol Pot ao poder, Kiernan afirma que a intervenção estrangeira “foi provavelmente o fator mais significativo na ascensão de Pol Pot”.
Em 1975, com o governo de Lon Nol a ficar sem munições, estava claro que era apenas uma questão de tempo até que o governo entrasse em colapso. No dia 17 de abril de 1975, os Khmer Vermelhos capturaram a capital, Phnom Penh.
     
Crânios das vítimas dos Khmer Vermelhos
  

sábado, abril 13, 2024

A URSS reconheceu a autoria do Massacre de Katyn há 34 anos...

       
O Massacre de Katyn, também conhecido como Massacre da Floresta de Katyn, foi uma execução em massa ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial contra oficiais polacos prisioneiros de guerra, polícias e cidadãos comuns acusados de espionagem e subversão pelo Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD), a polícia secreta soviética, comandada por Lavrentiy Beria, entre abril e maio de 1940, após a rendição da Polónia à Alemanha nazi. Através de um pedido oficial de Beria, datado de 5 de março de 1940, o líder soviético Estaline e quatro membros do Politburo aprovaram o genocídio. O número de vítimas é calculado em cerca de 22.000, sendo 21.768 o número mínimo identificado. De acordo com documentos soviéticos liberados em 1990, 21.857 prisioneiros e internos polacos foram executados após 3 de abril de 1940: 14.552 prisioneiros de guerra (a maioria deles dos três campos, Kozelsk, Ostashkov e Starobelsk) e 7.305 prisioneiros em áreas do oeste da Ucrânia e da Bielorrússia. Do total, 4.421 eram de Kozelsk, 3.820 de Starobelsk, 6.311 de Ostashkov, e 7.305 de prisões ucranianas e bielorrussas. O chefe do departamento de prisioneiros de guerra da NKVD, major-general P.K. Soprunenko, organizou seleções de oficiais polacos para serem massacrados em Katyn e nas outras áreas.

Entre os que morreram na floresta de Katyn, estavam um almirante, dois generais, 24 coronéis, 79 tenente-coronéis, 258 majores, 654 capitães, 17 capitães de marinha, 3.420 suboficiais, sete capelães, três proprietários rurais, um príncipe, 43 oficiais de forças diversas, 85 soldados, 131 refugiados, 20 professores universitários, 300 médicos, várias centenas de advogados, engenheiros e mais de 100 jornalistas e escritores, assim como 200 pilotos de combate da Força Aérea. No total, a NKVD executou mais da metade do corpo de oficiais das forças armadas polacas. Contando com os massacres nas outras áreas, foram executados catorze generais  entre eles Leon Billewicz. Nem todos os mortos eram de etnia polaca, uma vez que a Segunda República Polaca era um estado multiétnico e vários de seus oficiais eram ucranianos, bielorrussos e judeus. Estima-se que cerca de 8% dos militares assassinados em Katyn eram judeus polacos.

Mais de 99% dos prisioneiros restantes foram executados posteriormente. Prisioneiros do campo de Kozelsk foram executados no local dos assassinatos em massa, em Katyn, na área de Smolensk. Prisioneiros de Starobelsk foram assassinados dentro da prisão da NKVD em Kharkov e os corpos enterrados em Piatykhatky e oficiais de polícia de Ostashkov mortos na prisão da NKVD em Kalinin e enterrados em Mednoye.

Informações detalhadas sobre as execuções foram prestadas por Dmitrii Tokarev, ex-chefe da NKVD em Kalinin, durante uma audiência. De acordo com ele, os fuzilamentos começavam no início da noite e terminavam ao amanhecer. O primeiro transporte de prisioneiros trazia 390 pessoas e os executores tiveram um árduo trabalho para matar tantas pessoas durante uma noite. As levas seguintes de homens traziam no máximo 250 presos. As execuções eram normalmente feitas com uma arma automática alemã, a Walther PPK, calibre 7,65 mm, fornecidas por Moscovo, mas foram também usados revólveres Nagant M1895 russos. Os assassinos usaram armas alemães ao invés do revólver-padrão das forças soviéticas, em virtude do coice dessas armas ser muito forte, o que provocava dores no braço após as primeiras dúzias de tiros. Vasili Blokhin, um oficial soviético conhecido por ser o principal carrasco de Estaline, matou pessoalmente mais de 7.000 prisioneiros do campo de Ostashkov, alguns deles com apenas 18 anos, na prisão da NKVD em Kalinin, num período de 28 dias, em abril de 1940.

Os assassinatos eram metódicos. Após a verificação das suas informações pessoais, o prisioneiro era algemado e levado para uma cela isolada com pilhas de sacos de areia e encerrada por uma porta pesada. A vítima recebia ordens de se ajoelhar no meio da cela, o executor se aproximava por trás e lhe dava um tiro na nuca ou na parte de trás da cabeça. O corpo era então carregado por uma porta de saída, do outro lado da cela, e atirado para dentro de um dos camiões que esperavam para recolher os corpos, enquanto o próximo condenado era introduzido na cela pela porta de entrada. Além do amortecimento do barulho dos tiros causados pelo isolamento da cela, máquinas - talvez grandes ventiladores - passavam a noite toda operando fazendo grande barulho. Este procedimento foi seguido todas as noites, à exceção do feriado de Primeiro de Maio.

Foram enterrados em Bykivnia eKurapaty, nos arredores de Minsk, entre 3 e 4 mil internos polacos mortos em prisões na Ucrânia e na Bielorrússia. A tenente Janina Lewandowska, filha do general Józef Dowbor-Muśnicki, comandante-militar da Revolta da Grande Polónia, no final da Primeira Guerra Mundial, foi a única mulher assassinada nos massacres de Katyn.
    
(...)
    
Memorando de Lavrentiy Beria a Estaline, propondo a execução dos oficiais polacos
        
A União Soviética alegou que o genocídio havia sido praticado pelos nazis e continuou a negar responsabilidade sobre os massacres até 13 de abril de 1990, quando o governo de Mikhail Gorbachev reconheceu oficialmente o massacre e condenou os crimes levados a cabo pela NKVD em 1940, assim como o seu subsequente encobrimento. No ano seguinte, Boris Yeltsin trouxe a público os documentos, datados de meio século antes, que autorizavam o genocídio.
    
(...)
    
Em 13 de abril de 1990, no 47º aniversário da descoberta das valas comuns em Katyn, a União Soviética formalmente expressou o seu "profundo pesar" e admitiu a responsabilidade da polícia secreta soviética pelos crimes. O dia 13 de abril foi declarado mundialmente como o Dia da Memória de Katyn.
  

sábado, abril 06, 2024

O Genocídio no Ruanda começou há trinta anos...

(imagem daqui)
    
O Genocídio no Ruanda foi o massacre perpetrado por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados, no Ruanda, entre 6 de abril e 4 de julho de 1994.
   
Caveiras de vítimas mostram marcas de violência
    
Antecedentes
Distinguem-se no Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário, tutsi. Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes foram sempre tutsis, num contexto de rivalidade étnica que se acentuou com o tempo, dada a escassez de terras e a fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e Ruanda perdeu 40% de seus rendimentos oriundos de exportações. Nessa época, o país enfrentou a sua maior crise alimentar em cinquenta anos, ao mesmo tempo que aumentavam os gastos militares em detrimento de investimentos em infraestrutura e serviços públicos.
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país pelos hutus com o apoio do exército, invade o Ruanda pela fronteira com Uganda. Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz - o Acordo de Arusha.
Cria-se em Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis.
Em 1994, as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês, em meio a arengas e incitação à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM), dirigida pelas fações hutus mais extremistas. Essas mensagens exaltavam as diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, à medida que os ânimos se exaltavam, os apelos à confrontação e à "caça aos tutsis" tornaram-se mais explícitos, sobretudo a partir do mês de abril, em que se fez circular o boato de que a minoria tutsi planeava o genocídio dos hutus.
De acordo com a jornalista britânica Linda Melvern, que teve acesso a documentos oficiais, o genocídio foi planeado. No início da carnificina, a tropa ruandesa era composta por 30.000 homens (um membro por cada dez famílias) e organizados por todo o país com representantes em cada vizinhança. Alguns membros da tropa podiam adquirir espingardas de assalto AK-47 tão somente preenchendo um formulário de demanda. Outras armas, tais como granadas, nem sequer requeriam esse trâmite e foram generosamente distribuídas.
Apurou-se que o genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas internacionais de ajuda, tais como o financiados pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional como Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda — uma das nações mais pobres da terra — sendo que 4,6 milhões de dólares foram gastos somente em catanas, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de uma nova catana por cada três hutus.
Segundo Melvern, o primeiro-ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra teria dito que ela era "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os tutsis... sem os tutsis todos os problemas de Ruanda desapareceriam".
Na década de 60, seguindo o processo de descolonização do pós-Segunda Guerra, o território ruandês foi deixado pelos belgas. Em quase meio século de dominação, o ódio entre as duas etnias transformara aquela região em uma bomba prestes a explodir. Cercados por uma série de problemas, a maioria hutu passou a atribuir todas as mazelas da nação à população tutsi.
Pressionados pelo revanchismo, os tutsis abandonaram o país e formaram imensos campos de refugiados no Uganda. Mesmo refugiados, os tutsis e alguns hutus moderados organizaram-se politicamente, com o intuito de derrubar o governo do presidente Juvenal Habyarimana e regressar ao país. Com o passar do tempo, esta mobilização deu origem à Frente Patriótica Ruandense (FPR), liderada por Paul Kagame.
Na década de 90, vários incidentes demarcavam a clara insustentabilidade da relação entre tutsis e hutus. No ano de 1993, um acordo de paz entre o governo e os membros do FPR não teve forças para resolver o conflito. O ponto alto dessa tensão ocorreu no dia 6 de abril de 1994, quando um atentado derrubou o avião que transportava o presidente Habyarimana. Imediatamente, a ação foi atribuída aos tutsis ligados ao FPR.
Na cidade de Kigali, capital da Ruanda, membros da guarda presidencial organizaram as primeiras perseguições contra os tutsis e hutus moderados que formavam o grupo de oposição política no país.
   
Evolução demográfica do Ruanda - repare-se a notável descida na primeira metade dos anos 90, provocada pelo genocídio
    
O genocídio
Em abril de 1994, após o assassinato do presidente Juvénal Habyarimana, em atentado ao avião em que viajava, o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, o que causou um deslocamento maciço da população para os campos de refugiados situados nas áreas de fronteira, em especial com o Zaire (hoje República Democrática do Congo). Em agosto de 1995, tropas do Zaire tentaram forçar o retorno desses refugiados para Ruanda. Quatorze mil pessoas foram então devolvidas a Ruanda, enquanto outras 150.000 se refugiaram nas montanhas.
Mais de 500.000 pessoas foram massacradas. Quase todas as mulheres foram violadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
As atrocidades envolveram também os religiosos. Muitos clérigos de várias denominações se posicionaram a favor de sua etnia. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram o seu partido em ambos os lados. Pelo menos 300 clérigos e freiras foram mortos por serem tutsis ou porque estavam a ajudar os tutsis. Outros, da etnia hutu, apoiaram ou até mesmo colaboraram com os matadores. Um dos casos que se tornaram muito conhecidos foi o que envolveu o Dr. Gerard Ntakirutimana, médico missionário que trabalhava num hospital da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Mungonero, e seu pai, Elizaphan Ntakirutimana, um pastor protestante. Os membros do Tribunal Penal Internacional para Ruanda condenaram por unanimidade o Dr. Ntakirutimana, por genocídio e por crimes contra a humanidade. Ele foi sentenciado a 25 anos de prisão, pela morte de duas pessoas e por atirar em refugiados tutsis em vários locais. Foi condenado também por participar de vários ataques contra tutsis na Colina de Murambi e na Colina de Muyira. O seu pai, o Pastor Elizaphan Ntakirutimana, presidente da associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Mugonero, no oeste de Rwanda, foi condenado a 10 anos de prisão por crimes menores. O pastor Elizaphan levou os atacantes para a Igreja Adventista de Murambi, em Bisesero, onde era pastor presidente, e ordenou a remoção do telhado do edifício, a fim de localizar os tutsis que lá estavam abrigados. O ato conduziu à morte de muitos dos que estavam no local. Ele também levou os atacantes a vários locais, para caçar os tutsis.
De acordo com a BBC, centenas de tutsis, dentre membros e pastores, que procuraram refúgio na igreja e no hospital adventista, enviaram uma carta ao pastor Elizaphan Ntakirutimana pedindo socorro. A carta, segundo a BBC incluía a frase:
"Nós desejamos informá-lo de que amanhã seremos mortos juntamente com nossas famílias".
A resposta do Pr. Elizaphan Ntakirutimana foi de que eles deviam se preparar para morrer. As milícias hutu, segundo testemunhas, chegaram pouco tempo depois com os Ntakirutimanas. Só alguns tutsis sobreviveram a agressão. Os Ntakirutimanas disseram no tribunal que eles tinham deixado a área antes das matanças. O Pr. Elizaphan Ntakirutimana fugiu para os Estados Unidos depois do massacre, mas foi extraditado para a Tanzânia.
Outro adventista, gerente do Hotel Mille Collines, em Kigali, foi o responsável pela salvação de 1.268 tutsis e hutus, abrigando-os no hotel. Paul Rusesabagina ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Ruanda. Rusesabagina, hoje residente na Bélgica, afirma que, se não forem tomadas posturas duras contra o tribalismo em Ruanda, o genocídio poderá voltar a ocorrer, agora pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança. Rusesabagina ficou conhecido como o Oskar Schindler de Ruanda.
    
O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda
Em 8 de novembro de 1994, através da resolução 955 do Conselho de Segurança da ONU, foi criado o Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR) para julgar os principais responsáveis pelo genocídio.
O Tribunal Penal Internacional é competente para julgar somente os crimes cometidos após a sua criação, em 1 de julho de 2002. Não é portanto competente para julgar os crimes cometidos em Ruanda, durante o genocídio.
O primeiro-ministro do governo interino ruandês, Jean Kambanda, foi julgado culpado e condenado por genocídio pelo TPIR. 75% dos membros do governo interino foram presos. Vários ministros desse governo foram considerados culpados de participação no genocídio ou estão em fase de julgamento. Dois outros foram libertados. Em 2011, alguns antigos chefes militares foram considerados culpados de genocídio.
Calcula-se que 800 mil tenham sido mortas no genocídio de Ruanda.
    
   in Wikipédia

domingo, março 31, 2024

Os otomanos perpetraram o Massacre de Quios há 202 anos...


The Chios Massacre refers to the slaughter of tens of thousands of Greeks on the island of Chios by Ottoman troops during the Greek War of Independence in 1822. Greeks from neighbouring islands arrived on Chios and encouraged the Chians to join the struggle for independence. In response, Ottoman troops landed on the island and slaughtered thousands. The massacre provoked international outrage, and led to an increasing support for the Greek cause worldwide.
For over 2,000 years, Chios merchants and shipowners had been prominent in trade and diplomacy throughout the Black Sea, the Aegean, and the Mediterranean. The Ottoman Empire allowed Chios almost complete control over its own affairs as Chian trade and the very highly-valued mastic plant harvested only on Chios were of great value to it. The cosmopolitan Chians were also very prominent in Constantinople. Following the massacre, however, the island never regained its commercial prominence.
Historians have noted that the island's ruling classes were reluctant to join the Greek revolt, fearing the loss of their security and prosperity. Furthermore, they were aware that they were situated far too close to the Turkish heartland in Asia Minor to be safe. At some points, Chios is only 2 miles (3.2 km) from the Anatolian mainland.
In March 1822, as the Greek revolt gathered strength on the mainland, several hundred armed Greeks from the neighbouring island of Samos landed in Chios. They began the fight for independence from foreign rule and started attacking the Turks, who retreated to the citadel. Many islanders also decided to join the revolution. However, the vast majority of the population had by all accounts done nothing to provoke the massacre, and had not joined other Greeks in their revolt against the Ottoman Empire.
Reinforcements in the form of a Turkish fleet under the Kapudan Pasha Nasuhzade Ali Pasha arrived on the island on 22 March. They quickly pillaged and looted the town. On 31 March, orders were given to burn down the town, and over the next four months, an estimated 40,000 Turkish troops, including convicts, arrived. In addition to setting fires, the troops were ordered to kill all infants under three years old, all males 12 years and older, and all females 40 and older, except those willing to convert to Islam.
Approximately 20,000 Chians were killed or starved to death and 23,000 were exiled. The Greek word sfaghi (English: butchery or massacre) is commonly used to describe these events since the island itself was devastated and the few survivors that dispersed throughout Europe became part of the Chian Diaspora.
Some young Greeks enslaved during the massacre were adopted by wealthy Ottomans and converted to Islam. Some even managed to rise to levels of prominence in the Ottoman Empire, such as Georgios Stravelakis (later renamed Mustapha Khaznadar) and İbrahim Edhem Pasha.
There was outrage when the events were reported in Europe. French painter Eugène Delacroix created a painting depicting the events that occurred; his painting was named Scenes from the Massacres of Chios. In 2009, a copy of the painting was displayed in the local Byzantine museum on Chios, but was withdrawn from the museum on November 2009. While the withdrawal was meant to be a "good faith initiative" for the improvement of Greek-Turkish relations, the Greek press protested its removal.
  

sábado, março 16, 2024

O massacre de My Lai foi há 56 anos...

         
Mỹ Lai é o nome da aldeia vietnamita onde, em 16 de março de 1968, centenas de civis, na maioria mulheres e crianças, foram executados por soldados do exército dos Estados Unidos, no maior massacre de civis ocorrido durante a Guerra do Vietname.
  
História
Na véspera da operação, integrantes da Companhia Charlie, da 11ª Brigada de Infantaria, mandados à região por denúncias de que a área estaria a servir de refúgio para guerrilheiros vietcongs da FNL (Frente Nacional para a Libertação do Vietname), foram informados pelo comando norte-americano que os habitantes de My Lai e das aldeias vizinhas saíam para o mercado da região às sete da manhã para compra de comida e que, consequentemente, aqueles que ficassem na área seriam guerrilheiros vietcongs ou simpatizantes.
Como consequência, integrantes de um dos pelotões da companhia, comandados pelo tenente William Calley, rumaram ao local. Muitos soldados dessa unidade haviam sido mortos ou feridos em combates, nos dias anteriores.
Quando as tropas penetraram na aldeia, o tenente Calley, lhes disse: "É o que vocês estavam esperando: uma missão de procurar e destruir". Calley diria mais tarde ter recebido ordens para "limpar My Lai", considerada um feudo dos combatentes da FNL. '"As ordens eram para matar tudo o que se mexesse"', diria mais tarde um dos militares americanos ao jornalista Seymour Hersh, que daria a conhecer ao mundo o horror praticado pelo exército dos EUA naquela aldeia.
Sob o comando de Calley, o pelotão não poupou ninguém. Em apenas quatro horas, mataram os animais, queimaram as choupanas, violaram e mutilaram as mulheres, assassinaram homens e trucidaram as crianças. Para sobreviver, alguns habitantes tiveram que fingir-se de mortos, passando horas no meio dos cadáveres. No final do derramamento de sangue, havia 504 cadáveres dos aldeões, na sua grande maioria idosos, mulheres e crianças (cerca de 170), todos desarmados e assassinados a sangue frio. Ron Haeberle, fotógrafo militar que acompanhava o pelotão, encarregou-se de imortalizar a chacina.
No ocidente, o episódio é conhecido como o massacre de My Lai, e no Vietname, como Son My, o nome do povoado a que pertenciam as quatro aldeias, entre elas My Lai, que serviram de cenário para a orgia matinal de atrocidades, celebrada pelos homens da Companhia Charlie, dirigida pelo capitão Ernest Medina.
Cerca de vinte pessoas sobreviveram. As casas foram incendiadas, e as quatro aldeias reduzidas a cinzas. Quando acabou a guerra, em 1975, alguns voltaram para recomeçar a vida na terra de seus ancestrais. Seis deles permanecem na comunidade, rebatizada pela República Socialista do Vietname como Tinh Khe.
O massacre só foi interrompido graças à iniciativa heroica de um piloto de helicóptero, Hugh Thompson, Jr., que vendo do alto a matança, pousou o aparelho e ameaçou atirar com as metralhadoras da sua própria aeronave contra os soldados americanos.
O crime só veio a público um mês depois, devido a denúncias saídas de dentro do exército, por soldados que testemunharam ou ouviram os detalhes do caso – e um deles, Ronald Ridenhour, escreveu a diversos integrantes do governo norte-americanos, inclusive ao presidente Richard Nixon – e chegaram a órgãos de imprensa e às televisões. Jornalistas independentes conseguiram fotos dos assassinatos e estamparam-nas nos media mundiais, ajudando a aumentar o horror e os esforços dos pacifistas a pressionar o governo Nixon a se retirar do Vietname.
Em março de 1970, 25 soldados foram indiciados pelo exército dos Estados Unidos por crime de guerra e ocultação de factos e provas no caso de My Lai. Comparado pelos media aos genocídios de Oradour-sur-Glane e Lídice durante a Segunda Guerra Mundial, que causou a condenação e execução de diversos oficiais nazis, apenas o tenente William Calley, comandante do pelotão responsável pelas mortes, foi indiciado e julgado.
Condenado à prisão perpétua, Calley foi perdoado dois dias depois da divulgação da sentença pelo presidente Nixon, cumprindo uma pena alternativa de três anos e meio em prisão domiciliar na base militar de Fort Benning, na Geórgia.
   

O Massacre de Halabja foi há 36 anos...

Oficial norte-americano patrulhando, em 2005, um cemitério com a sepultura de 1.500 das vítimas do ataque

 

O ataque com gás venenoso em Halabja (em curdo: Kîmyabarana Helebce), também conhecido como massacre de Halabja ou sexta-feira sangrenta, foi um incidente que ocorreu a 16 de março de 1988, durante o final da Guerra Irão-Iraque, quando foram utilizadas armas químicas pelas forças do governo iraquiano na cidade curda de Halabja, no Curdistão iraquiano.
O ataque matou entre 3.200 e 5.000 pessoas e feriu cerca de 7.000 a 10.000, a maioria civis, e milhares morreram de complicações e doenças congénitas, nos anos seguintes após o ataque. O incidente, que foi oficialmente definido como um ato de genocídio contra o povo curdo no Iraque, foi e ainda continua a ser o maior ataque de armas químicas contra uma área com população civil na história.
O ataque em Halabja foi reconhecido como um evento separado do Genocídio Anfal, que também foi levado a cabo contra o povo curdo pelo regime iraquiano de Saddam Hussein. O Alto Tribunal Penal iraquiano reconheceu o massacre de Halabja, como ato de genocídio a 1 de março de 2010, uma decisão bem acolhida pelo Governo Regional do Curdistão. O ataque também foi condenado como um crime contra a humanidade pelo Parlamento do Canadá.
  
Uma das bombas originais usada como suporte de flores no Monumento do Memorial de Halabja, em 2011
  

terça-feira, março 12, 2024

Ratko Mladic, genocida sérvio, faz hoje oitenta e um anos

     
Ratko Mladić (Božanovići, Kalinovik, 12 de março de 1943) é um criminoso e ex-militar sérvio, chefe do Exército da República Sérvia durante a Guerra da Bósnia entre 1992-1995.
Mladić comandou diretamente o Massacre de Srebrenica em julho de 1995, que causou a morte de oito mil muçulmanos bósnios e o cerco de 43 meses a Sarajevo, onde milhares de civis foram mortos por fogo de artilharia e de franco-atiradores instalados nas colinas ao redor da cidade.
O Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia manteve por mais de quinze anos uma ordem internacional de captura e detenção contra ele, baseada na sua regra 61, que considera o ex-general sérvio-bósnio como provável perpetrador de crimes de guerra e crimes contra a Humanidade. A Sérvia e os Estados Unidos chegaram a oferecer cinco milhões de euros por informações que levassem à captura de Mladić. Em outubro de 2010, o governo sérvio intensificou os seus esforços pela captura do fugitivo, dobrando a recompensa por informações para 10 milhões de euros. A prisão de Mladić era uma condição fundamental exigida pela União Europeia para possibilitar uma candidatura da Sérvia à UE.
Depois de desaparecido durante mais de uma década, Mladić foi finalmente preso na Sérvia, em 26 de maio de 2011, com o anúncio da sua prisão feito em Belgrado pelo presidente do país, Boris Tadić, que declarou que a prisão do ex-general "removia um fardo pesado dos ombros da Sérvia e fechava uma página infeliz da história do país." Em 2017 foi condenado a prisão perpétua, por crimes de guerra cometidos durante o conflito na Bósnia (1992–1995).

segunda-feira, março 11, 2024

Slobodan Milosevic, o ditador e genocida sérvio, morreu há 18 anos


Slobodan Milošević (Požarevac, 20 de agosto de 1941 - Haia, 11 de março de 2006) foi presidente da Sérvia de 1989 a 1997 e da República Federal da Jugoslávia de 1997 a 2000. Também foi o principal líder do Partido Socialista da Sérvia desde a sua fundação, em 1990.
Milošević renunciou à presidência jugoslava após as manifestações que se seguiram à concorrida eleição presidencial de 24 de setembro de 2000. Foi preso pelas autoridades federais jugoslavas em 31 de março do ano seguinte, sob suspeita de corrupção, abuso de poder e apropriação indevida. Foi também preso pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia (TPII), um comité das Nações Unidas, sob a acusação de crimes contra a humanidade, de violar as leis e costumes de guerra, violações graves às Convenções de Genebra e genocídio, por seu papel durante as guerras na Croácia, Bósnia e Kosovo. A investigação inicial a respeito de Milošević não foi adiante, por falta de evidências concretas, o que motivou o primeiro-ministro sérvio, Zoran Đinđić, a enviá-lo para Haia, Países Baixos, sede do Tribunal Penal Internacional, para ser julgado pelos crimes de guerra.
Milošević foi responsável por sua própria defesa; o julgamento terminou, no entanto, sem qualquer veredicto, já que ele acabou por morrer durante o seu decorrer, depois de quase cinco anos encarcerado na Prisão de Criminosos de Guerra, em Haia. Milošević sofria de doenças cardíacas e tinha hipertensão arterial, e morreu de um enfarte do miocárdio. O Tribunal negou qualquer responsabilidade sobre a morte de Milošević, alegando que ele se recusara a tomar os medicamentos que lhe foram receitados, e preferiu medicar-se por conta própria.
   

terça-feira, março 05, 2024

O Massacre de Katyn foi aprovado por Estaline há 84 anos - e a Rússia não aprendeu nada...

 Memorial ao Massacre de Katyn

O Massacre de Katyn (em polaco zbrodnia katyńska) foi uma execução em massa de cidadãos da Polónia ordenada por autoridades da União Soviética em 1940. Estima-se que mais de 22 mil pessoas tenham sido mortas.
Os prisioneiros polacos foram assassinados numa floresta nos arredores da vila de Katyn, em prisões e em diversos outros lugares. Cerca de oito mil vítimas eram militares polacos que  tinham sido aprisionados na invasão soviética da Polónia em 1939, sendo os restante cidadãos polacos presos sob alegações de pertencerem a corpos de serviços de inteligência, espionagem, sabotagem, e também proprietários rurais, advogados, padres etc.

Após a invasão da Polónia, que teve início em 1 de setembro de 1939, a União Soviética declarou, em 17 de setembro de 1939, que o governo polaco não estava mais no controle do seu país. Isto fez com que qualquer acordo diplomático em vigor com o estado polaco fosse cancelado.
Na mesma data (17/09/1939), o Exército Vermelho ocupou o leste da Polónia, conforme previsto no Pacto Molotov-Ribbentrop. A ação foi apontada como afronta pelos governos da Inglaterra e França, que afirmaram responder a ação do exército alemão conforme o Pacto Britânico-Polaco de Defesa e a Aliança Militar Franco-Polaco. Este episódio ficou conhecido como a "traição ocidental".
O Exército Soviético rapidamente avançou ao território polaco e encontrou pouca resistência por parte dos militares locais. Entre 250.000 e 454.700 soldados e polícias polacos foram presos. Após isso, cerca de 250 mil foram libertados e 125 mil foram encaminhados ao Comissariado do Povo de Assuntos Internos soviética, o NKVD. O órgão, num segundo momento, libertou 42.400 soldados de etnia ucraniana e bielorrussa que estavam ao serviço do Exército Polaco. Já os 43 mil soldados detidos que residiam no oeste da Polónia foram entregues à Alemanha.
Em novembro de 1939, o NKVD tinha cerca de 40 mil polacos presos, sendo cerca de 8.500 oficiais e subtenentes, 6.500 polícias e 25 mil soldados e sargentos. Estes foram interrogados através de determinação do Comissário do Povo para Assuntos Internos da URSS, Lavrentiy Beria, que criou um órgão de gestão dos prisioneiros de guerra dentro do NKVD.
O NKVD organizou uma rede de campos de trabalho e pontos de transição de presos polacos através de linhas ferroviárias para o Oeste da União Soviética. Os maiores campos estavam localizados em Kozelsk, Ostashkov e Starobelsk. Prisioneiros também foram encaminhados para Jukhnovo, Yuzhe, Tyotkino, Kozelshchyna, Oranki, Vologda e Gryazovets.
Kozelsk e Starobelsk foram utilizados principalmente para os oficiais militares, enquanto Ostashkov foi utilizado principalmente para guardas, policiais e agentes penitenciários. Também foram detidos intelectuais polacos.
De outubro de 1939 a fevereiro de 1940, os prisioneiros polacos foram submetidos a interrogatórios. O processo de entrevistas determinou quais seriam libertados ou condenados. Em 5 de março de 1940, Estaline e mais três membros do Politburo assinaram a ordem para executar 27.500 polacos, sob acusação de serem contra-revolucionários.
  

Uma das muitas valas comuns em Katyn
 
 
NOTA: numa altura em que  diversos serviços de inteligência referem que o exército ao serviço de um ditador russo fez o mesmo aos ucranianos, era altura de o povo russo recordar os erros do passado...

sexta-feira, março 01, 2024

Ontem como hoje, a nossa espécie é capaz das maiores canalhices...

Análise de ADN revela um trágico genocídio no passado da Humanidade

 

 

O aparecimento da agricultura na Europa no final da Idade da Pedra não foi uma transição suave do estilo de vida dos caçadores-coletores — mas sim uma revolução sangrenta que viu populações nómadas serem eliminadas por colonos agricultores em poucas gerações.

Um novo estudo revela um capítulo turbulento na transição da Europa da Idade da Pedra tardia para a agricultura, sugerindo que a mudança envolveu conflitos violentos e resultou na substituição completa das populações nómadas caçadoras-coletoras por colonos agrícolas.

De acordo com o estudo, por duas vezes em apenas mil anos a população do sul da Escandinávia foi completamente substituída por recém-chegados à região, cujos restos mortais quase não apresentam vestígios dos seus predecessores nos perfis de ADN.

A pesquisa, conduzida por uma equipa internacional de investigadores liderada pela paleoecologista Anne Birgitte Nielsen, da Universidade de Lund,  usou uma técnica chamada sequenciação shotgun para analisar o ADN de 100 restos humanos em toda a Dinamarca, abrangendo mais de 7.300 anos desde o Mesolítico até à Idade do Bronze Inicial.

Os resultados do estudo, publicados na revista Nature, evidenciaram duas grandes substituições populacionais no sul da Escandinávia no período de um milénio.

A primeira destas substituições ocorreu há cerca de 5.900 anos, quando os agricultores recém-chegados deslocaram os caçadores-coletores indígenas, alterando significativamente a paisagem da região, e introduzindo a agricultura.

Esta descoberta contradiz teorias anteriores que sugeriam uma coexistência pacífica e a mistura de culturas entre os dois tipos de populações.

Em vez disso, as evidências arqueológicas e genéticas apontam para uma luta violenta, na sequência da qual a pool genética dos caçadores-coletores foi quase totalmente erradicada do património genético dos primeiros agricultores da Escandinávia.

“Esta transição era anteriormente apresentada pacífica”, explica Anne Birgitte Nielsen, citada pelo Science Alert.

“No entanto, o nosso estudo aponta para o contrário. Além de mortes violentas, é provável que a chegada de populações de agricultores e do seu gado tenha trazido patógenos que ajudaram a dizimar as populações recoletoras”, acrescenta a paleoecologista.

Estes agricultores, identificados com a cultura do Vaso Campaniforme, enfrentaram eles próprios a substituição cerca de 1.000 anos depois por recém-chegados das estepes orientais, associados à cultura Yamnaya.

O estudo não só lança luz sobre um período da história humana anteriormente mal compreendido, mas também espera influenciar a investigação médica atual, permitindo-nos entender a ancestralidade genética das populações modernas.

“Os resultados do nosso estudo ajudam a melhorar o nosso conhecimento da nossa hereditariedade e o nosso entendimento do desenvolvimento de certas doenças. Algo que a longo prazo poderá ser benéfico, por exemplo, na investigação médica,” conclui Nielsen.

 

in ZAP

sábado, fevereiro 24, 2024

sábado, janeiro 27, 2024

Suharto, ditador e genocida indonésio, morreu há 16 anos

     
Hadji Mohamed Suharto, ou simplesmente Suharto (Kemusuk, Yogyakarta, 8 de junho de 1921 - Jacarta, 27 de janeiro de 2008) foi um político e militar indonésio.
Foi general e o segundo presidente da Indonésia, entre 1967 e 1998.
Suharto nasceu a 8 de junho de 1921 nas Índias Orientais Holandesas, numa casa de bambu trançado murado na aldeia de Kemusuk, uma parte da grande aldeia de Godean. A aldeia fica a 15 km a oeste de Yogyakarta, o coração cultural do javanesa. O seu pai, Kertosudiro, tinha dois filhos de um casamento anterior e era um oficial de irrigação da aldeia. A sua mãe, Sukirah, era parente distante do sultão Hamengkubuwono V.
Em 30 de setembro de 1965, Suharto orquestrou um golpe que foi acompanhado pelo massacre de comunistas e democratas indonésios e que resultou num genocídio que fez entre 500 mil e dois milhões de vítimas, perante a indiferença mundial, num episódio que ficou conhecido como o Massacre na Indonésia de 1965–66.
Durante as três décadas em que esteve à frente dos destinos da Indonésia, Suharto construiu um governo nacional forte e centralista, forçando a estabilidade no heterogéneo arquipélago indonésio através da supressão dos dissidentes políticos e dos separatismos regionais. As suas políticas levaram a um substancial crescimento económico do país, apesar de muitos dos ganhos no nível de vida tenham sido perdidos com a crise financeira asiática que começou em 1997 e acabou por precipitar a sua queda. Com a prosperidade económica, Suharto enriqueceu pessoalmente, tendo criado um pequeno círculo de privilegiados através da implementação de monopólios estatais, subsídios e outros esquemas menos lícitos.
   
A invasão de Timor-Leste
Em 1975, na sequência da retirada de Portugal do Timor Português, a Fretilin tomou momentaneamente o poder e Suharto ordenou às suas tropas que invadissem o país. Em causa estavam elevados interesses económicos, nomeadamente o petróleo do Mar de Timor. Estima-se que 200 mil timorenses tenham perecido, cerca de um terço da população total. Em 15 de julho de 1976 o antigo Timor Português tornou-se a 27.ª província indonésia, com o nome de "Timor Timur". A situação só foi alterada em 1999, quando o seu sucessor, Baharuddin Jusuf Habibie, acordou a transferência da administração para as Nações Unidas e a realização de um referendo que acabou na proclamação da independência de Timor-Leste.
    
Morte
Após um período de internamento que durou 23 dias, o ex-ditador indonésio morreu no hospital Petarmina, em Jacarta, depois de um coma causada por falência múltipla dos órgãos. A sua rejeição na cultura popular marcou os media internacionais até ao século XXI.
   

quinta-feira, dezembro 07, 2023

O genocídio em Timor-Leste começou há 48 anos...

       
A invasão indonésia de Timor-Leste começou a 7 de dezembro de 1975, quando os militares indonésios invadiram Timor-Leste sob o pretexto de anti-colonialismo. O derrube de um breve governo popular liderado pela Fretilin provocou uma ocupação violenta durante um quarto de século em que, aproximadamente, se estima que 100 a 180 mil soldados e civis  terão sido mortos.
Durante os primeiros anos da ocupação, os militares indonésios enfrentaram forte resistência no interior montanhoso da ilha, mas, a partir de 1977-1978, os militares adquiriram armamento moderno aos Estados Unidos, Austrália e outros países para destruir o grupo rebelde. No entanto, nas duas últimas décadas do século XX viram-se contínuos combates entre grupos indonésios e timorenses sobre o estatuto de Timor- Leste; até que os violentos confrontos em 1999 levaram à intervenção da ONU pela Missão das Nações Unidas em Timor-Leste, depois da realização de um referendo em que os timorenses votaram pela independência, que viria a ocorrer em 2002.
   

domingo, novembro 12, 2023

O Massacre de Santa Cruz foi há trinta e dois anos...

Túmulo do Sebastião Gomes, no cemitério Santa Cruz
   
O Massacre de Santa Cruz em Timor-Leste foi um tiroteio sobre manifestantes pró-independência no cemitério de Santa Cruz em Díli, a 12 de novembro de 1991, durante a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia. A maioria das vítimas foram jovens, por isso, depois da independência, passou a ser um feriado, o Dia Nacional da Juventude em Timor Leste. Nesse dia tinha havido uma missa por alma de Sebastião Gomes, um jovem membro da resistência timorense (RENETIL), e havido uma romagem à sua campa no cemitério. Os jovens motivados pela revolta por esse assassinato, manifestaram-se contra os militares da Indonésia com o objetivo de mostrarem o seu apoio à independência do país.
  
História
Após a invasão de Timor-Leste pela Indonésia em 1975 (então, formalmente, ainda Timor Português), muitos timorenses sentiam-se oprimidos e foram mortos por questões políticas. Desde então, a resistência timorense combateu o exército indonésio. Em outubro de 1991 uma delegação com membros do Parlamento Português e 12 jornalistas planeavam visitar o território de Timor Leste durante a visita do Representante Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos e Tortura, Pieter Kooijmans. O governo Indonésio objetou à inclusão na delegação da jornalista australiana Jill Jolliffe, que apoiava e ajudava o movimento independentista Fretilin, e Portugal, consequentemente, cancelou a ida da delegação. O cancelamento desmoralizou os ativistas independentistas em Timor Leste, que esperavam usar a visita para melhorar a visibilidade internacional da sua causa. As tensões entre as autoridades indonésias e a juventude timorense aumentaram após o cancelamento da visita dos deputados de Portugal. Em 28 de outubro, as tropas indonésias localizaram um grupo de membros da resistência na Igreja de Motael, em Díli. O confronto deu-se entre os ativistas pró-integração e os ativistas independentistas que estavam na Igreja; quando este acabou, um homem de cada lado estava morto. Sebastião Gomes, um apoiante da independência de Timor Leste, foi retirado da Igreja e abatido pela tropa indonésia e o integracionista Afonso Henriques foi atingido e morto durante a luta.
A 12 de novembro, mais de duas mil pessoas marcharam desde a igreja onde se celebrou uma missa em memória de Sebastião Gomes até ao cemitério de Santa Cruz, onde está enterrado, para lhe prestar homenagem. O exército indonésio abriu fogo sobre a população, matando 271 pessoas no local e com 127 a morrer, dos ferimentos, nos dias seguintes. Ainda hoje a localização de muitos corpos continua ainda a ser desconhecida.
Alguns manifestantes foram presos e só foram libertados em 1999, por altura do referendo da independência.
  
(imagem daqui)
       
Consequências
O massacre foi filmado pelo repórter de imagem Max Stahl, que deu assim uma preciosa ajuda para dar a conhecer ao mundo o que tinha acontecido em Díli. Os acontecimentos foram condenados internacionalmente e chamaram atenção para a causa dos timorenses. Em 1992, Rui Veloso, músico português, compôs e interpretou a música Maubere a favor da causa timorense.
  
No cemitério de Santa Cruz, os manifestantes exibem bandeiras da OJETIL, da FRETILIN e da UDT, forças revolucionárias timorenses (daqui)