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terça-feira, fevereiro 06, 2024

Mary Leakey nasceu há cento e onze anos...

 

Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi, 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.

   


Replica of an Australopithecus boisei skull discovered by Mary Leakey in 1959
     
Replica of Laetoli footprints, exhibit in the National Museum of Nature and Science, Tokyo, Japan

   

segunda-feira, fevereiro 05, 2024

Notícia sobre paleoantropologia...

Afinal foi na Europa? Fóssil com 8,7 milhões de anos coloca em causa a origem dos humanos

 

Fóssil da nova espécie de primata Anadoluvius turkae descoberta na Turquia

 

A descoberta de um fóssil com 8,7 milhões de anos na Anatólia Central, Turquia, está a desafiar teorias de longa data sobre a evolução dos hominídeos, incluindo humanos e macacos africanos.

Restos fossilizados recém-descobertos de uma nova espécie de primata do período Mioceno, designado Anadoluvius turkae, fornecem pistas de uma longa história de hominídeos na Europa, - que diverge da visão convencional de que os humanos se originaram em África.

A comunidade científica considera tradicionalmente que os hominídeos mais antigos, incluindo os humanos, tiveram afinal origem em África, em linha com a Teoria da Evolução de Charles Darwin.

Mas a notável descoberta de um crânio parcialmente preservado com quase 9 milhões de anos suporta a ideia de que os hominídeos evoluíram na Europa Ocidental e Central e passaram mais de 5 milhões de anos a evoluir nesta região.

A descoberta foi apresentada num artigo publicado na revista Communications Biology.

De acordo com o paleontólogo David Begun, professor da Universidade de Toronto e  autor do artigo, a descoberta sugere que os hominídeos se espalharam pelo Mediterrâneo Oriental e mais tarde para África, provavelmente devido a mudanças nos ambientes e diminuição das florestas.

“Esta teoria contraria a ideia tradicional de que os macacos africanos e os humanos evoluíram exclusivamente em África”, diz o investigador, citado pelo Phys.org. A ausência de hominídeos primitivos em África até há cerca de 7 milhões de anos apoia ainda mais a hipótese da origem europeia.

O Anadoluvius turkae era semelhante em tamanho a um chimpanzé macho grande, com uma dieta provavelmente composta por raízes e rizomas. Vivia em espaços maioritariamente abertos, em contraste com os ambientes florestais dos grandes macacos atuais.

A fauna, incluindo girafas, rinocerontes e zebras, que coabitou com o Anadoluvius turkae, parece ter-se dispersado para África a partir do Mediterrâneo Oriental há cerca de 8 milhões de anos. Esta informação alinha-se com o caminho estabelecido da fauna moderna das savanas africanas.

O Anadoluvius turkae e outros macacos fósseis da Grécia e Bulgária formam um grupo que se assemelha de perto aos hominídeos mais antigos conhecidos.

O fóssil agora descoberto é o espécime mais bem preservados deste grupo de hominídeos primitivos e oferece a evidência mais convincente de que o grupo teve origem na Europa, dispersando-se posteriormente para África.

Embora convincente, esta descoberta não prova definitivamente a origem europeia dos hominídeos. Os investigadores reconhecem que são necessários mais fósseis da Europa e de África, datados entre 8 e 7 milhões de anos atrás, para solidificar a ligação entre os dois grupos.

No entanto, a descoberta do Anadoluvius turkae acrescenta peso significativo ao debate sobre as origens dos humanos e macacos africanos, podendo mudar por completo a nossa compreensão da origem e evolução humana.

 

in ZAP

quinta-feira, dezembro 28, 2023

Notícia interessante sobre a nossa família mais chegada...

Denisovanos: o que já se sabe sobre os nossos “primos” mais misteriosos

 

 

Reconstrução facial de um Denisovano

 

 Já ouviu falar do Hominídeo de Denisova? É ainda mais misterioso do que os Neandertais.

Os Denisovanos são uma espécie de humanos e quase se extinguiu há, pelo menos, 20 mil anos. São conhecidos como o grupo irmão dos Neandertais.

Esta espécie também conviveu com o Homo sapiens na Euroásia, durante partes do Paleolítico Inferior – que vai de 3,3 milhões de anos até 300 mil anos atrás – e do Paleolítico Médio – que vai de 300 mil anos até 50 mil anos atrás.

Tal como os Neandertais, os Denisovanos são os nossos parentes extintos mais próximos. Recentemente, ADN destes “primos” misteriosos foi encontrado numa caverna tibetana.

A investigação indicou que os hominídeos ocuparam o planalto tibetano por um longo período de tempo e, provavelmente, conseguiram adaptar-se ao ambiente de grande altitude.

Há quem vá ainda mais longe e considere que o Denisovanos foram os primeiros humanos a chegar àquela região.

Como explica o IFLScience, acredita-se que Neandertais, Denisovanos e humanos modernos sejam descendentes de um ancestral comum do Homo heidelbergensis, que viveu há cerca de 600 mil a 750 mil anos.

Há uma teoria que diz que um grupo ancestral dessa espécie deixou África e dividiu-se em dois grupos principais, pouco tempo depois: os Neandertais que migraram para a Ásia Ocidental e Europa; e os Denisovanos que foram para Leste.

Os ancestrais do Homo heidelbergensis que permaneceram em África, provavelmente, deram origem aos humanos modernos.

 

Os nossos “primos” ainda são misteriosos

Em 2008, uma falange encontrada na Caverna de Denisova, na Sibéria, revelou ao Mundo esta nova espécie humana, batizada apenas 2010 como “Hominídeo de Denisova”.

Desde então, segundo o IFLScience, já foram encontrados fósseis de cinco indivíduos Denisovanos, na Caverna de Denisova.

Uma descoberta, em 2018, de um fragmento de osso com 40 mil anos, de uma rapariga com uma mãe Neandertal e um pai Denisovano, veio confirmar que espécies híbridas humanas podem ter desempenhado um papel fundamental na evolução.

Não há ainda muita informação sobre a fisionomia dos Denisovanos, mas, em 2019, os cientistas reconstruiram, pela primeira vez, o rosto de uma mulher desta espécie.

Ao fazer um mapa metílico do genoma dos Denisovanos, ou seja, um mapa que mostra como as alterações químicas na expressão genética podem influenciar características físicas, os cientistas reconstruiram pela primeira vez o rosto de uma Denisovana.

No total, os investigadores encontraram 56 traços nos Denisovanos que previam ser diferentes dos Neandertais e dos humanos modernos, sendo que 32 deles resultaram em claras diferenças anatómicas.

A equipa descobriu, por exemplo, que estes hominídeos tinham arcadas dentárias significativamente mais longas, assim como o topo do crânio era também visivelmente mais largo, quando comparados com os Neandertais e com os humanos modernos.

De forma mais específica, também perceberam que a pélvis e a caixa torácica eram mais largas do que as dos humanos modernos e tinham também rostos mais finos e planos quando comparados com os dos Neandertais.

 

in ZAP (corrigido)

domingo, dezembro 24, 2023

O paleoantropólogo Erik Trinkaus nasceu há 75 anos...!

(imagem daqui)

Erik Trinkaus (born December 24, 1948) is a paleoanthropologist specializing in Neandertal and early modern human biology and human evolution. Trinkaus researches the evolution of the species Homo sapiens and recent human diversity, focusing on the paleoanthropology and emergence of late archaic and early modern humans, and the subsequent evolution of anatomically modern humanity. Trinkaus is a member of the National Academy of Sciences, and the Mary Tileston Hemenway Professor Emeritus of Arts and Sciences at Washington University in St. Louis. He is a frequent contributor to publications such as Science, Proceedings of the National Academy of Sciences, PLOS One, American Journal of Physical Anthropology, and the Journal of Human Evolution and has written/co-written or edited/co-edited fifteen books in paleoanthropology. He is frequently quoted in the popular media. 

Education

Trinkaus received his bachelor of arts degree in Art History from the University of Wisconsin–Madison (1970), and his master's and PhD degrees in Anthropology from the University of Pennsylvania, the latter in 1975.

 

Scientific views

Trinkaus has been concerned primarily with the biology and behavior of Neandertals and early modern humans through the Middle and Late Pleistocene, in order to shed light on these past humans and to understand the emergence and establishment of modern humans. His work therefore has been primarily concerned with the comparative and functional anatomy, paleopathology, and life history of these past humans. At the same time, because it dominates paleoanthropology, he has been involved in debates concerning the ancestry of modern humans, being one of the first to argue for an African origin of modern humans but with substantial Neandertal ancestry among modern Eurasian human populations.

Although his early work emphasized differences between the Neandertals (and other archaic humans) and early modern humans, his work since the 1990s has documented many similarities across these human groups in terms of function, levels of activity and stress, and abilities to cope socially with the rigors of a Pleistocene foraging existence. His research therefore involves the biomechanical analysis of cranio-facial and post-cranial remains, patterns of tooth wear, interpretations of ecogeographical patterning, life history parameters (growth and mortality), differential levels and patterns of stress (paleopathology), issues of survival, and the interrelationships between these patterns. 

 

Research projects

Trinkaus has conducted a series of comparative analyses, with colleagues and students, on the regional functional anatomy of Neandertals and other Pleistocene humans. He has contributed to the direct radiocarbon dating of original human fossils, and through that work to insights into their diets through the analysis of carbon (C) and nitrogen (N) stable isotopes. He has been involved in the primary paleontological descriptions of a number of Middle and Late Pleistocene human remains, of both archaic and early modern humans. The first project was his monograph on the Shanidar Neandertals from Iraqi Kurdistan. Subsequent major projects concerned with early modern humans include the Abrigo do Lagar Velho (Portugal) Dolní Věstonice and Pavlov Moravia, Czech Republic, Peştera cu Oase (Romania), Peştera Muierii (Romania), Mladeč (Czech Republic), Tianyuandong (China), and Sunghir (Russia). Additional Neandertal descriptions include those from Krapina (Croatia), Oliveira (Portugal), Kiik-Koba (Crimea), and Sima de las Palomas (Spain). To these can be added Middle Pleistocene human remains from Aubesier (France), Broken Hill (Zambia) and Hualongdong (China), plus late archaic humans remains from Xujiayao and Xuchang (China). These paleontological descriptions include both primary data on these fossils and a diversity of paleobiological interpretations of the remains and the Pleistocene human groups from which they derive.

Trinkaus’s analyses of early modern human remains, especially those from Dolní Věstonice, Pavlov, Lagar Velho and Sunghir, have raised a series of questions regarding the nature and diversity of mortuary practices among these early modern humans. And his paleopathological analyses of Pleistocene human remains have raised questions concerning the levels and natures of trauma and developmental abnormalities among these people.

 

in Wikipédia

terça-feira, dezembro 19, 2023

Richard Leakey nasceu há 79 anos...

 

Richard Erskine Frere Leakey (Nairobi, 19 December 1944 – Nairobi, 2 January 2022) was a Kenyan paleoanthropologist, conservationist and politician. Leakey held a number of official positions in Kenya, mostly in institutions of archaeology and wildlife conservation. He was Director of the National Museum of Kenya, founded the NGO WildlifeDirect, and was the chairman of the Kenya Wildlife Service. Leakey served in the powerful office of cabinet secretary and head of public service during the tail end of President Daniel Toroitich Arap Moi's government

Leakey co-founded the "Turkana Basin Institute" in an academic partnership with Stony Brook University, where he was an anthropology professor. He served as the chair of the Turkana Basin Institute until his death.
     
(...)   
    

Leakey spoke fluent Kiswahili and moved effortlessly between white and black communities. While he rarely talked about race in public, racism and gender inequality infuriated him.

Leakey came from a family of renowned archeologists. His mother, Mary Leakey, discovered evidence in 1978 that man walked upright much earlier than had been thought. She and her husband, Louis Leakey, unearthed skulls of ape-like early humans, shedding fresh light on our ancestors.

Leakey stated that he was an atheist and a humanist. He died at his home outside Nairobi, on 2 January 2022, less than a month after his 77th birthday. In accordance with his wishes, he was buried on a hill along the Rift Valley.
  

domingo, dezembro 17, 2023

Notícia interessante sobre património arqueológico português...

25 anos depois, o “Menino do Lapedo” vai ou não ser mostrado ao público?

     

Menino de Lapedo (conceito artístico)

 

Vinte e cinco anos depois da sua descoberta, o esqueleto do “Menino do Lapedo”, a criança neandertal portuguesa descoberta em 1998, permanece depositado no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa — e está por decidir se algum dia será exposto ao público.

No Lagar Velho, no vale do Lapedo, a cerca de 150 km de Lisboa, foi descoberto em 1998 o esqueleto conhecido como Menino do Lapedo - o esqueleto português que sugere que neandertais e humanos se cruzaram.

Com cerca de 4 anos, a criança foi enterrada neste local há cerca de 29 mil anos.

Na altura da descoberta, algo diferente no seu corpo chamou a atenção dos arqueólogos que começaram a escavar o sítio arqueológico.

“Havia algo estranho na anatomia da criança. Quando encontramos a mandíbula, sabíamos que seria um humano moderno, mas quando expusemos o esqueleto completo […] vimos que tinha as proporções corporais de um Neandertal”, explica João Zilhão, arqueólogo e líder da equipa que trabalhou na descoberta.

A única coisa que poderia explicar essa combinação de características é que a criança era, de facto, evidência de que os neandertais e os humanos modernos se cruzaram”.

Mas a teoria do cientista português provocou então uma revolução nos estudos evolutivos, e imortalizou o Menino de Lapedo — que está depositado, desde então, nas reservas do Museu Nacional de Arqueologia (MNA).

Agora, no âmbito das comemorações dos 25 anos da descoberta, o MNA organizou uma visita ao esqueleto.

O MNA está encerrado ao público há mais de um ano, para remodelação no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas algumas das obras e coleções, como o esqueleto do “Menino do Lapedo”, e laboratórios estão depositados em oito contentores climatizados, numa área ao ar livre do edifício.

Na visita conduzida pelo diretor do MNA, António Carvalho, foi possível ver as caixas onde estão colocadas as dezenas de fragmentos e ossos da “Criança do Lapedo”, com cerca de 29.000 anos, classificados como tesouro nacional.

A descoberta marcou a paleoantropologia internacional, por se tratar do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica e porque a criança apresenta traços de ‘Neandertal’ e de ‘homo sapiens‘.

Questionado pela Lusa, António Carvalho disse que ainda está a ser debatido, e não há uma decisão tomada, sobre o futuro deste achado arqueológico: se permanecerá nas reservas do museu nacional, se poderá integrar a exposição permanente quando reabrir, ou se regressará ao sítio arqueológico, classificado como monumento nacional.

“No quadro da intervenção do museu certamente que esta questão e outras vão ser debatidas, porque é normal. Um museu que depois se oferece com todas as condições de conservação e de alguma projeção das suas reservas que vá ser objeto de reflexão, se se vão juntar determinados bens arqueológicos”, disse.

“Até para respeitar um princípio legal que é a da não-dispersão dos bens arqueológicos. Vamos ver”, detalhou António Carvalho.

Presente na visita, a antropóloga Cidália Duarte, que em 1998 fez parte da equipa de escavações, e que atualmente ainda trabalha no projeto de conservação, falou na “enorme responsabilidade” em lidar com este tesouro nacional.

“É uma descoberta tão importante que é uma responsabilidade que recai em cima de nós se isto se deteriora por alguma ação que queiramos fazer. Já o imaginei exposto de várias maneiras, mas eu tenho receio, todos nós temos de tratar dessa memória para o futuro”, acrescentou a antropóloga.

A antropóloga recordou que o esqueleto só esteve uma vez exposto ao público, numa exposição temporária, na Alemanha, no âmbito da exposição de 2011 que assinalou os 150 anos da descoberta do Homem de Neandertal nesse país.

A visita realizada esta quinta-feira é uma das várias iniciativas que assinalam os 25 anos da descoberta do Menino do Lapedo — agora também conhecido como a “Criança do Lapedo”.

O programa prolongar-se-á até ao final de 2024 e “inclui conferências, conversas, mesas-redondas, exposições, residências artísticas, publicações, em vários formatos, percursos pedestres e atividades performativas e educativas, de distintas naturezas”, anunciou a Câmara de Leiria.

 

 

in ZAP

 

sexta-feira, novembro 24, 2023

A Lucy foi descoberta há 49 anos

 
Lucy é um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 24 de novembro de 1974 pelo professor Donald Johanson, um antropólogo americano e curador do museu de Cleveland de História Natural, e pelo estudante Tom Gray em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia onde uma equipe de arqueólogos fazia escavações. Chama-se Lucy por causa da canção "Lucy in the Sky with Diamonds" da banda britânica The Beatles, tocada num gravador no acampamento, e por a terem definido como uma fêmea.
  
(...)
  
O geólogo francês Maurice Taieb descobriu a Formação Hadar, na Etiópia, em 1972. Para pesquisá-la constituiu a International Research Expedition Afar (IARE), convidando para integrar a equipe o antropólogo americano Donald Johanson (fundador e director do Instituto de Origens Humanas da Universidade Estadual do Arizona), a arqueóloga britânica Mary Leakey, e o paleontólogo francês Yves Coppens (hoje no Collège de France) para co-dirigir a investigação.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia, que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash, Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante, encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento, satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local, dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros  de altura, pesava 29 kg e parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora ela tivesse um cérebro pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos, morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde foi reconstruido por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.
 
Lucy exposta no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México
 
 

 


quarta-feira, agosto 30, 2023

Notícia interessante sobre paleoantropologia e icnofósseis de humanos modernos...

Descoberta a pegada de Homo sapiens mais antiga do mundo

 

  

Há pouco mais de duas décadas, quando o novo milénio começou, parecia que os rastros deixados pelos nossos antepassados humanos com mais de 50 000 anos eram excessivamente raros.

Naquela época, apenas quatro locais tinham sido relatados em toda a África. Dois eram da África Oriental: Laetoli na Tanzânia e Koobi Fora no Quénia; dois eram da África do Sul (Nahoon e Langebaan). Na verdade, o local de Nahoon, relatado em 1966, foi o primeiro local de pegada hominina a ser descrito.

Em 2023 a situação é bem diferente. Parece que as pessoas não estavam à procura com atenção suficiente ou não estavam à procura nos lugares certos. Hoje, a contagem africana de icnossítios hominídeos datados com mais de 50.000 anos é de 14. Podem ser convenientemente divididos num aglomerado da África Oriental (cinco locais) e um aglomerado sul-africano da costa do Cabo (nove lugares). Existem mais dez locais noutras partes do mundo, incluindo o Reino Unido e a Península Arábica.

Dado que relativamente poucos restos de esqueletos de hominídeos foram encontrados na costa do Cabo, os vestígios deixados pelos nossos antepassados humanos enquanto se moviam pelas paisagens antigas são uma maneira útil de complementar e aprimorar a nossa compreensão dos antigos hominídeos na África.

Num artigo publicado recentemente no Ichnos, os cientistas forneceram as idades de sete icnossítios hominídeos recém-datados que foram identificados nos últimos cinco anos na costa sul do Cabo da África do Sul. Esses locais agora fazem parte do “cluster sul-africano” de nove locais.

Os sítios variam em idade; o mais recente data de há cerca de 71 000 anos. A mais antiga, com 153 mil anos, é um dos achados mais notáveis ​​registados neste estudo: é a pegada mais antiga atribuída à nossa espécie, o Homo sapiens.

As novas datas corroboram o registo arqueológico. Juntamente com outras evidências da área e do período de tempo, incluindo o desenvolvimento de sofisticadas ferramentas de pedra, arte, joalharia e colheita de frutos do mar, confirma que a costa sul do Cabo foi uma área na qual os primeiros humanos anatomicamente modernos sobreviveram, evoluíram e prosperaram, antes de se espalhar da África para outros continentes.

 

Sítios muito diferentes

Existem diferenças significativas entre os grupos de pistas da África Oriental e da África do Sul. Os sítios da África Oriental são muito mais antigos: Laetoli, o mais antigo, tem 3,66 milhões de anos e o mais novo tem 0,7 milhão de anos. As pegadas não foram feitas pelo Homo sapiens, mas por espécies anteriores, como os australopitecíneos, o Homo heidelbergensis e o Homo erectus. Na maior parte, as superfícies em que ocorrem as pegadas da África Oriental tiveram que ser escavadas e expostas laboriosa e meticulosamente.

Os sítios sul-africanos na costa do Cabo, ao contrário, são substancialmente mais jovens. Todos foram atribuídos ao Homo sapiens. E os rastros tendem a ficar totalmente expostos quando descobertos, em rochas conhecidas como eolianitos, versões cimentadas de antigas dunas.

A escavação, portanto, geralmente não é considerada – e devido à exposição dos locais aos elementos e à natureza relativamente grosseira da areia das dunas, eles geralmente não são tão bem preservados quanto os locais da África Oriental. Também são vulneráveis ​​à erosão, por isso muitas vezes é preciso trabalhar rápido para registá-los e analisá-los antes que sejam destruídos pelo oceano e pelo vento.

Embora isso limite o potencial para uma interpretação detalhada, podemos ter os depósitos datados. É aí que entra a luminescência oticamente estimulada

 

Um método iluminador

Um dos principais desafios ao estudar o registo paleo – trilhos, fósseis ou qualquer outro tipo de sedimento antigo – é determinar a idade dos materiais.

Sem isso, é difícil avaliar o significado mais amplo de uma descoberta ou interpretar as alterações climáticas que criam o registo geológico. No caso dos eolianitos da costa sul do Cabo, o método de datação escolhido é muitas vezes a luminescência oticamente estimulada.

Este método de datação mostra há quanto tempo um grão de areia foi exposto à luz solar; por outras palavras, há quanto tempo essa secção de sedimento está enterrada. Dada a forma como as pegadas neste estudo foram formadas – impressões feitas em areia molhada, seguidas de enterro com nova areia soprada – é um bom método, pois podemos estar razoavelmente confiantes de que o “relógio” de datação começou mais ou menos ao mesmo tempo em que o trilho foi criado.

A costa sul do Cabo é um ótimo lugar para aplicar luminescência oticamente estimulada. Em primeiro lugar, os sedimentos são ricos em grãos de quartzo, que produzem muita luminescência. Em segundo lugar, o sol abundante, as praias amplas e o pronto transporte de areia pelo vento para formar as dunas costeiras significam que quaisquer sinais de luminescência pré-existentes são totalmente removidos antes do evento de enterro de interesse, tornando as estimativas de idade confiáveis. Este método sustentou grande parte da datação de achados anteriores na área.

O intervalo geral de datas das descobertas para os icnossítios hominídeos – cerca de 15.000 a 71.000 anos de idade – é consistente com as idades em estudos relatados anteriormente de depósitos geológicos semelhantes na região.

O trilho de 153.000 anos foi encontrada no Garden Route National Park, a oeste da cidade costeira de Knysna, na costa sul do Cabo. Os dois sítios sul-africanos previamente datados, Nahoon e Langebaan, revelaram idades de cerca de 124.000 anos e 117.000 anos, respetivamente.

 

Corrigido e adaptado de ZAP

segunda-feira, fevereiro 06, 2023

Mary Leakey nasceu há cento e dez anos

   

Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi, 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.

   

Replica of an Australopithecus boisei skull discovered by Mary Leakey in 1959
     
Replica of Laetoli footprints, exhibit in the National Museum of Nature and Science, Tokyo, Japan

   

segunda-feira, dezembro 19, 2022

Richard Leakey nasceu há 78 anos...

 
Richard Erskine Frere Leakey (Nairobi, 19 December 1944 – Nairobi, 2 January 2022) was a Kenyan paleoanthropologist, conservationist and politician. Leakey has held a number of official positions in Kenya, mostly in institutions of archaeology and wildlife conservation. He has been Director of the National Museum of Kenya, founded the NGO WildlifeDirect and is the chairman of the Kenya Wildlife Service.
As a small boy, Leakey lived in Nairobi with his parents, Louis Leakey, curator of the Coryndon Museum, and Mary Leakey, director of the Leakey excavations at Olduvai, and his two brothers, Jonathan and Philip. The Leakey brothers had a very active childhood. All the boys had ponies and belonged to the Langata Pony Club. They participated in jumping and steeplechase competitions but often rode for fun across the plains to the Ngong Hills, chasing and playing games with the animals. Sometimes the whole club were guests at the Leakeys' for holidays and vacations. Leakey's parents founded the Dalmatian Club of East Africa and won a prize in 1957. Dogs and many other pets shared the Leakey home. The Leakey boys participated in games conducted by both adults and children, in which they tried to imitate early humans, catching springhare and small antelope by hand on the Serengeti. They drove lions and jackals from the kill to see if they could do it.
  

quinta-feira, novembro 24, 2022

A Lucy foi encontrada há 48 anos

Lucy exposta no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México
   
Lucy é um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 24 de novembro de 1974 pelo professor Donald Johanson, um antropólogo americano e curador do museu de Cleveland de História Natural, e pelo estudante Tom Gray em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia onde uma equipe de arqueólogos fazia escavações. Chama-se Lucy por causa da canção "Lucy in the Sky with Diamonds" da banda britânica The Beatles, tocada num gravador no acampamento, e por a terem definido como uma fêmea.
  
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O geólogo francês Maurice Taieb descobriu a Formação Hadar, na Etiópia, em 1972. Para pesquisá-la constituiu a International Research Expedition Afar (IARE), convidando para integrar a equipe o antropólogo americano Donald Johanson (fundador e director do Instituto de Origens Humanas da Universidade Estadual do Arizona), a arqueóloga britânica Mary Leakey, e o paleontólogo francês Yves Coppens (hoje no Collège de France) para co-dirigir a investigação.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia, que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash, Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante, encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento, satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local, dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros  de altura, pesava 29 kg e parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora ela tivesse um cérebro pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos, morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde foi reconstruido por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.

   

 


domingo, fevereiro 06, 2022

Mary Leakey nasceu há 109 anos

   

Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi, 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.

   

Replica of an Australopithecus boisei skull discovered by Mary Leakey in 1959
     
Replica of Laetoli footprints, exhibit in the National Museum of Nature and Science, Tokyo, Japan

   

domingo, dezembro 19, 2021

O paleoantropólogo Richard Leakey faz hoje 77 anos...!

 
Richard Erskine Frere Leakey (Nairobi, 19 December 1944) is a Kenyan paleoanthropologist, conservationist and politician. Leakey has held a number of official positions in Kenya, mostly in institutions of archaeology and wildlife conservation. He has been Director of the National Museum of Kenya, founded the NGO WildlifeDirect and is the chairman of the Kenya Wildlife Service.
As a small boy, Leakey lived in Nairobi with his parents, Louis Leakey, curator of the Coryndon Museum, and Mary Leakey, director of the Leakey excavations at Olduvai, and his two brothers, Jonathan and Philip. The Leakey brothers had a very active childhood. All the boys had ponies and belonged to the Langata Pony Club. They participated in jumping and steeplechase competitions but often rode for fun across the plains to the Ngong Hills, chasing and playing games with the animals. Sometimes the whole club were guests at the Leakeys' for holidays and vacations. Leakey's parents founded the Dalmatian Club of East Africa and won a prize in 1957. Dogs and many other pets shared the Leakey home. The Leakey boys participated in games conducted by both adults and children, in which they tried to imitate early humans, catching springhare and small antelope by hand on the Serengeti. They drove lions and jackals from the kill to see if they could do it.
  

quarta-feira, novembro 24, 2021

A Lucy foi descoberta há 47 anos

Lucy exposta no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México
   
Lucy é um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 24 de novembro de 1974 pelo professor Donald Johanson, um antropólogo americano e curador do museu de Cleveland de História Natural, e pelo estudante Tom Gray em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia onde uma equipe de arqueólogos fazia escavações. Chama-se Lucy por causa da canção "Lucy in the Sky with Diamonds" da banda britânica The Beatles, tocada num gravador no acampamento, e por a terem definido como uma fêmea.
  
(...)
  
O geólogo francês Maurice Taieb descobriu a Formação Hadar, na Etiópia, em 1972. Para pesquisá-la constituiu a International Research Expedition Afar (IARE), convidando para integrar a equipe o antropólogo americano Donald Johanson (fundador e director do Instituto de Origens Humanas da Universidade Estadual do Arizona), a arqueóloga britânica Mary Leakey, e o paleontólogo francês Yves Coppens (hoje no Collège de France) para co-dirigir a investigação.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia, que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash, Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante, encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento, satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local, dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros  de altura, pesava 29 kg e parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora ela tivesse um cérebro pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos, morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde foi reconstruído por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.

   

 


sexta-feira, junho 25, 2021

sábado, fevereiro 06, 2021

Mary Leakey nasceu há 108 anos

Mary and Louis Leakey at Olduvai Gorge

  

Mary Leakey (London, 6 February 1913 – Nairobi, 9 December 1996) was a British archaeologist and anthropologist, who discovered the first fossilized Proconsul skull, an extinct ape now believed to be ancestral to humans, and also discovered the robust Zinjanthropus skull at Olduvai Gorge. For much of her career she worked together with her husband, Louis Leakey, in Olduvai Gorge, uncovering the tools and fossils of ancient hominines. She developed a system for classifying the stone tools found at Olduvai. She also discovered the Laetoli footprints. In 1960 she became director of excavation at Olduvai and subsequently took it over, building her own staff. After the death of her husband she became a leading palaeoanthropologist, helping to establish the Leakey tradition by training her son, Richard, in the field.

   

Replica of an Australopithecus boisei skull discovered by Mary Leakey in 1959
     
Replica of Laetoli footprints, exhibit in the National Museum of Nature and Science, Tokyo, Japan

   

sábado, dezembro 19, 2020

O paleoantropólogo Richard Leakey faz hoje 76 anos

 
Richard Erskine Frere Leakey (Nairobi, 19 December 1944) is a Kenyan paleoanthropologist, conservationist and politician. Leakey has held a number of official positions in Kenya, mostly in institutions of archaeology and wildlife conservation. He has been Director of the National Museum of Kenya, founded the NGO WildlifeDirect and is the chairman of the Kenya Wildlife Service.
As a small boy, Leakey lived in Nairobi with his parents, Louis Leakey, curator of the Coryndon Museum, and Mary Leakey, director of the Leakey excavations at Olduvai, and his two brothers, Jonathan and Philip.
  

terça-feira, novembro 24, 2020

A Lucy foi descoberta há 46 anos

Lucy exposta no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México
   
Lucy é um fóssil de Australopithecus afarensis de 3,2 milhões de anos, descoberto em 24 de novembro de 1974 pelo professor Donald Johanson, um antropólogo americano e curador do museu de Cleveland de História Natural, e pelo estudante Tom Gray em Hadar, no deserto de Afar, na Etiópia onde uma equipe de arqueólogos fazia escavações. Chama-se Lucy por causa da canção "Lucy in the Sky with Diamonds" da banda britânica The Beatles, tocada num gravador no acampamento, e por a terem definido como uma fêmea.
  
(...)
  
O geólogo francês Maurice Taieb descobriu a Formação Hadar, na Etiópia, em 1972. Para pesquisá-la constituiu a International Research Expedition Afar (IARE), convidando para integrar a equipe o antropólogo americano Donald Johanson (fundador e director do Instituto de Origens Humanas da Universidade Estadual do Arizona), a arqueóloga britânica Mary Leakey, e o paleontólogo francês Yves Coppens (hoje no Collège de France) para co-dirigir a investigação.
No outono de 1973 a equipe escavou em Hadar em busca de fósseis e artefactos relacionados com a origem dos seres humanos. No mês de novembro, perto do final da temporada do primeiro campo, Johanson reconheceu um fóssil da extremidade superior da tíbia, que tinha sido cortado ligeiramente na parte anterior. A extremidade inferior do fémur foi encontrado próximo a ele, e a reunião das partes junto ao ângulo da articulação do joelho mostrou claramente que este fóssil (referência "AL 129-1") fora um hominídeo que andava ereto. Com mais de três milhões de anos, o fóssil era muito mais velho do que qualquer outro então conhecido. O local ficava a cerca de dois quilómetros e meio do local em que posteriormente seria encontrada "Lucy".
No ano seguinte, a equipe voltou para a segunda temporada de campo, e encontrou mandíbulas de hominídeos. Na manhã de 24 de novembro de 1974, próximo ao rio Awash, Johanson desistiu de atualizar as suas notas de campo e juntou-se ao aluno de pós-graduação, Tom Gray do Texas, dirigindo-se de Land Rover para o local 162, para procurar fósseis.
Ambos passaram algumas horas explorando o terreno empoeirado, até que Johanson teve a intuição de fazer um pequeno desvio no caminho de regresso, para reexaminar o fundo de um pequeno barranco, que havia sido verificado em pelo menos duas ocasiões anteriores por outros trabalhadores. À primeira vista, não havia praticamente nenhum osso à vista, mas quando se voltaram para sair, um fragmento de osso do braço à mostra na encosta chamou a atenção de Johanson. Próximo dele havia um fragmento da parte de trás de um crânio pequeno. Eles notaram uma parte do fémur a cerca de um metro de distância. Procurando mais adiante, encontraram mais ossos espalhados na encosta, incluindo vértebras, uma parte da pélvis (indicando que o fóssil era do sexo feminino), costelas e pedaços de mandíbula. Marcaram o local e retornaram ao acampamento, satisfeitos por encontrar tantas peças aparentemente de um único hominídeo.
Na parte da tarde, todos os elementos da expedição estavam no local, dividindo-o em quadrículas e preparando-se para uma recolha que estimaram levar três semanas. Naquela primeira noite celebraram no acampamento, acordados a noite toda, e em algum momento durante essa noite, o fóssil "AL 288-1" foi apelidado de Lucy, por causa da canção dos Beatles "Lucy in the Sky with Diamonds", que fora tocada alto e repetidamente num gravador no acampamento.
Durante as semanas seguintes, várias centenas de fragmentos de ossos foram encontrados, sem duplicações, confirmando a especulação original de que eram de um único esqueleto. Conforme a equipe verificou, 40% do esqueleto de um hominídeo foram recuperados, um feito surpreendente no mundo da antropologia. Normalmente, apenas fragmentos fósseis são descobertos, e apenas raramente crânios ou costelas são encontrados intactos. Johanson considerou que o espécime era do sexo feminino baseando-se nos osso pélvico e sacro completos indicando a largura da abertura pélvica. Lucy tinha apenas 1,1 metros  de altura, pesava 29 kg e parecia-se, de certa forma, com um chimpanzé comum. Entretanto, embora ela tivesse um cérebro pequeno, a cintura pélvica e os ossos das pernas eram quase idênticos, morfologicamente, com os dos humanos modernos, mostrando com certeza que esses hominídeos tinham caminhado eretos. Com a permissão do governo da Etiópia, Johanson trouxe o esqueleto para Cleveland, onde foi reconstruído por Owen Lovejoy. Ele foi devolvido, de acordo com o acordo assinado, cerca de nove anos mais tarde.