segunda-feira, dezembro 30, 2013

As pedras ornamentais, a tradicional cantaria portuguesa e a arte

Ponte de Lima - Irmãos Sequeiros fazem do granito arte

Blocos de pedra granítica saem do vale de Ponte de Lima revelando uma natureza vigorosa, de paisagem robusta. A pedra, em bruto, chega rapidamente às mãos dos três irmãos Sequeiros que em Calheiros, freguesia da vila minhota, talham a rocha, retiram-lhe a «lenha», para criar arte. Desde 1981, os Sequeiros fazem lareiras, brasões de família e imagens religiosas. De Ponte de Lima chegam já a outros recantos do mundo lusófono e da vizinha Espanha.

No vale de Ponte Lima, paredes rochosas encavalitam serranias para marcar a paisagem minhota. Pelas localidades do concelho a pedra, que serve de moldura ao vale, foi domada por mão humana. Ganhou a forma de solares, construídos quase sem recurso a outro material, de brasões colocados junto às portas, construiu as fontes nos jardins. A cantaria, ofício de talhar a pedra conferindo-lhe formas geométricas, é actividade secular na região Norte.

Elísio, Diogo e Martinho Sequeiros são um exemplo desse ofício tradicional, dando-lhe um cunho artístico. O seu quotidiano faz-se entre blocos de pedra e utensílios não mecanizados que, com engenho e paciência, vão dando vida ao granito, rocha de grão fino, médio ou grosseiro, composta essencialmente por quartzo e feldspatos, tendo frequentemente minerais como moscovite, biotite e anfíbolas.

Um par de bailarinos, uma banda de música e imagens religiosas são algumas das peças graníticas que Elísio Pereira gosta de talhar. Dos blocos de granito, inertes, Elísio e os dois irmãos esboçam sorrisos, olhares e mãos.

Corria o ano de 1981, quando Martinho Sequeiros deixou a cantaria de construção civil, ofício que aprendeu por conta de outrem, e se aventurou na actividade por conta própria. O irmão Elísio juntou-se à tarefa de fazer erguer um negócio de família e começaram a tirar da pedra expressão e arte. Mais tarde, o irmão mais novo abraça o projecto e fundam a Pedras Sequeiros na terra que os viu nascer, em Calheiros, Ponte de Lima.

«Quase todos os trabalhos que fazemos são com granito, diria que 99%. Mas já temos recorrido a outros materiais como o calcário», diz Elísio, homem de meia estatura, cujas mãos calejadas revelam a dureza de um trabalho, que se pretende artístico.

«Fazemos santuários, imagens religiosas, e fogões de sala», diz Elísio, enquanto aponta para um bloco de pedra, talhado num rectângulo perfeito que, de um dos lados, desenha flores e armas. «Fazemos também muitos brasões de família», acrescenta enquanto o dedo indicador da mão direita assinala o rectângulo.

A crise financeira não podia escapar ao discurso deste empresário, por isso conta: «No meio desta crise temos de nos diferenciar. Começamos a fazer estas peças também decorativas, como o par de bailarinos e a banda de música».

«Tudo isto está dentro da pedra», diz com ar enigmático. «É preciso é saber vê-la, imaginá-la. Desenhamos na pedra e depois é só tirar a lenha», acrescenta. Apesar da palavra «lenha», continuamos a falar de pedra. O nosso interlocutor explica: «A lenha é tudo o que tiramos até ficar a escultura que queremos».

Martelo tradicional e uma ferramenta de ar comprimido são os principais utensílios. «Repare [Elísio aponta para os dedos calejados] o ar comprimido tem muita força, as mãos ficam assim».
A arte dos irmãos Sequeiros é apreciada maioritariamente por pessoas com idade igual ou superior a 50 anos. «É esta faixa etária o nosso principal cliente. Juntam-se empresas, hotéis e outras», diz Elísio.

A empresa Pedras Sequeiros, do concelho de Ponte Lima, chega já a países como a França, Brasil e Espanha.



domingo, dezembro 29, 2013

Tim Hardin morreu há 33 anos

Tim Hardin (Eugene, 23 de dezembro de 1941 - Los Angeles, 29 de dezembro de 1980) foi um compositor e cantor de música folk que fez parte da cena musical de Greenwich Village nos anos 60.
Morreu a 29 de dezembro de 1980, em Los Angeles, Califórnia, de uma overdose de heroína e morfina. Foi sepultado no Twin Oaks Cemetery, Turner, Oregon, no Estados Unidos.


O poeta de língua alemã Rainer Maria Rilke morreu há 87 anos

Rainer Maria Rilke, por vezes também Rainer Maria von Rilke (Praga, 4 de dezembro de 1875 - Valmont, Suíça, 29 de dezembro de 1926) foi um poeta de língua alemã do século XX. Escreveu também poemas em francês.


Solidão

A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.

Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:

então, a solidão vai com os rios…

 

in O Livro das Imagens (2005) - Rainer Maria Rilke (tradução de Maria João Costa Pereira)

Um ilustre cliente do Estabelecimento Prisional da Carregueira faz hoje anos

(imagem daqui)

Isaltino Afonso Morais (São Salvador, Mirandela, 29 de dezembro de 1949) é um jurista e político português. Desde 24 de abril de 2013 está detido a cumprir pena por crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.

Biografia
Nascido em São Salvador, Mirandela, frequentou o Liceu Nacional de Bragança, entre 1961 e 1966, mas só terminaria os estudos secundários, em Lisboa, no Liceu Pedro Nunes, em 1976. Pelo meio ficou órfão, aos dezoito anos de idade, e foi chamado a cumprir serviço militar em Angola, onde permaneceu de 1970 a 1973. Em 1981 licenciou-se em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde foi monitor das disciplinas de Direito Constitucional, Direito Internacional Público e Direito Administrativo, de 1980 a 1985. Foi também magistrado do Ministério Público, entre 1981 e 1985, e consultor jurídico do Ministério da Justiça, de 1984 a 1985.
Em 1978 aderiu ao Partido Social Democrata. Foi presidente da Comissão Política Distrital de Lisboa do PSD. Em 1985 é eleito presidente da Câmara Municipal de Oeiras com 44,4% dos votos. Em 1989 foi reeleito Presidente da Câmara de Oeiras com 43,6% dos votos; em 1993 com 31,1% dos votos; em 1997 com 48,27% dos votos; em 2001 reeleito Presidente da Câmara Municipal de Oeiras nas listas do PSD - Partido Social Democrata - com 55% dos votos.
É vice-presidente da Junta Metropolitana de Lisboa (1992-1997) e da Associação Nacional de Municípios Portugueses (1997-2002).
Posteriormente representará o Governo de Portugal no Comité de Peritos para os Assuntos Sociais do Conselho da Europa (1987-1991) e integra o Comité das Regiões (1994-2002). Pela mão de Durão Barroso é nomeado Ministro das Cidades, Ordenamento do Território e Ambiente do XV Governo Constitucional (2002-2003), ocupando o lugar de 6 de abril de 2002 a 5 de abril de 2003.
De 1996 a 2002 é Presidente da Assembleia Geral do Parque de Ciência e Tecnologia - Taguspark.
Em 2005 é eleito novamente presidente da Câmara Municipal de Oeiras pelo movimento independente Isaltino - Oeiras Mais à Frente, com 34,05% dos votos, depois de ter estado 3 anos afastado do Município. Em 2009 é reeleito para um novo mandato à frente da autarquia com 41,52% dos votos.
Isaltino Morais foi considerado pelos jornalistas do "Público" José Augusto Moreira e Filomena Fontes autor de um meritório trabalho como presidente da Câmara Municipal de Oeiras. Dizem estes que por essas razões é muitas vezes apelidado de "autarca modelo" devido ao seu bom desempenho como autarca e visão estratégica.
Além disso, Isaltino Morais também possui várias obras publicadas no âmbito de temas como Gestão Autárquica e Ordenamento do Território. Entre 2003 e 2005 desempenhou funções como consultor de várias empresas do sector privado.
O Movimento de cidadãos por si criado, Oeiras Mais à Frente, apoiou, nas eleições autárquicas de 2013, Paulo Vistas para a presidência da Câmara Municipal de Oeiras. Para além de director de campanha, Paulo Vistas foi também, nos últimos dois mandatos de Isaltino Morais na Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, o seu vice-presidente, passando, depois das eleições de 2013, a ser o Presidente da Câmara de Oeiras, com maioria relativa (na Vereação e Assembleia Municipal).
  
Condenação por crimes de corrupção, fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e abuso de poder
Em 2005 desfiliou-se do PSD, por este não lhe apoiar a recandidatura à Câmara, dado o facto de ser arguido em processos de corrupção passiva, fraude fiscal, branqueamento de capitais e abuso de poder.
No seguimento dessas acusações foi condenado a sete anos de prisão efectiva, perda de mandato, bem como a pagar uma indemnização de 463 mil euros ao Estado, em agosto de 2009.
Para evitar a prisão, Isaltino Morais, até 2013, já interpôs 44 recursos desde que foi condenado pela primeira vez, em agosto de 2009 e já desembolsou mais de 133.781 euros: 10 mil euros só em taxas de justiça, pelos recursos que apresentou e pelas multas que pagou, por apresentá-los fora de prazo, 60 mil euros em pareceres encomendados a penalistas e 62.781 euros que depositou no processo, referentes ao IRS em falta de 2001, 2002 e 2003. De fora, fica ainda o valor dos honorários pagos aos advogados, que, como é regra, permanecem secretos.
Em 2009 recorreu da sentença e a pena ficou suspensa, o que lhe permitiu a recandidatura ao Município de Oeiras nas eleições autárquicas de 2009, com a lista independente Isaltino - Oeiras mais à Frente. Conseguiu a vitória tal como em 2005, mantendo-se como presidente do Município.
A 13 de julho de 2010 o Tribunal da Relação de Lisboa reduz de sete para dois anos de prisão a pena a que fora condenado em primeira instância, pelos crimes de branqueamento de capitais e fraude fiscal.
Em julho de 2010, o Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a condenação do autarca apenas pelos crime fiscal e de branqueamento de capitais absolvendo-o do crime de abuso de poder e um segmento do crime de corrupção. Relativamente a factos que datam de 1996, anulou essa parte da condenação e ordenou a repetição dessa parte do julgamento (em que está em causa o favorecimento de um empreiteiro a troco de dinheiro, em 1996).
Em Abril de 2011 o Supremo Tribunal de Justiça rejeitou o seu pedido de anulação da pena de dois anos de prisão efectiva a que tinha sido condenado e fez subir para mais do dobro o montante da indemnização.
Esteve detido nas instalações da Polícia Judiciária, em Lisboa, entre 29 e 30 de setembro de 2011, no âmbito do processo de fraude fiscal em que é arguido, tendo sido libertado pelo princípio de ''in dubio para o reo - dúvida favorável ao réu.
Em 11 de outubro de 2011, os juízes do Tribunal Constitucional rejeitaram por unanimidade o recurso interposto por Isaltino Morais e de cuja decisão definitiva dependia a execução da sentença que o condenou a dois anos de prisão efectiva.
Em 31 de outubro de 2011, o Tribunal Constitucional rejeitou o pedido de reanálise do recurso de Isaltino Morais que fora recusado por aquele tribunal no dia 11 de outubro. O Tribunal considerou transitado em julgado o seu acórdão de 11 de outubro.
Em janeiro de 2012, o Tribunal da Relação de Lisboa considerou que a decisão que condena Isaltino Morais, a dois anos de prisão efectiva «não transitará em julgado enquanto estiverem pendentes recursos» sobre a prescrição de crimes.
Em 30 de janeiro de 2012, o Tribunal de Oeiras, considerou que não se verificou qualquer prescrição no caso, e que o acórdão que condenou o autarca a dois anos de prisão transitou em julgado já no dia 28 de setembro. Apesar disso, "por ora", o arguido ainda não foi detido.
Em 24 de abril de 2012 o Tribunal da Relação de Lisboa decidiu que ainda não prescreveram os crimes pelos quais Isaltino de Morais foi condenado a dois anos de prisão por fraude fiscal.
Em maio de 2012 iniciou-se a repetição da parte relativa ao crime de corrupção (anulada em julho de 2010). Isaltino Morais regressou ao Tribunal de Oeiras. A juíza-presidente, Paula Albuquerque, perguntou-lhe se ele aceitava ser julgado por um novo crime de corrupção, ao que Isaltino respondeu que não.
Para o processo prosseguir, o Ministério Público terá de fazer nova acusação, para tentar repetir o julgamento. O problema é que o crime entretanto prescreve: o crime de corrupção por ato ilícito tem um prazo de prescrição de 15 anos e os factos dados como provados ocorreram em 1996. Logo, o crime prescreveu em 2011.
Em 8 de novembro de 2012, juízes do Supremo Tribunal de Justiça voltaram a rejeitar a reclamação de Isaltino Morais que insistiu na existência de contradições da Relação sobre a prescrição dos crimes de fraude fiscal pelos quais o presidente da Câmara de Oeiras foi condenado a dois anos de prisão efectiva. Não há recurso desta decisão, mas ainda vai correr um prazo de 10 dias para a defesa pedir esclarecimentos ou arguir nulidades. Nesse período pode ainda ser interposto um recurso para o Tribunal Constitucional.
Em março de 2013, o Tribunal Constitucional recusou o recurso, o que deixa ao Tribunal de Oeiras a decisão de ordenar o cumprimento da pena de dois anos de prisão efetiva aplicada ao autarca. O recurso de Isaltino Morais "foi objeto de decisão sumária de não conhecimento", o que significa que nem sequer mereceu a apreciação dos conselheiros. Após o Tribunal Constitucional notificar o Ministério Público e Isaltino Morais, a pena de prisão "transita em julgado", o que significa que a pena deverá vir a ser cumprida.
Em 24 de abril de 2013 foi finalmente detido pela Polícia Judiciária.

Maçonaria

É um famoso membro da Maçonaria portuguesa, mais concretamente da Grande Loja Legal de Portugal, tendo sido iniciado na Loja Mercúrio.



PS - o Blog Geopedrados quer dar os parabéns a Isaltino Morais e deseja ainda que este comemore muitos mais nesse local, na companhia dos seus colegas e amigos Carlos Cruz, Vale e Azevedo, Jorge Ritto, Ferreira Dinis, Manuel Abrantes e Carlos Silvino

Marianne Faithfull - 67 anos

(imagem daqui)

Marianne Evelyn Faithfull (Hampstead, Londres, 29 de dezembro de 1946) é uma cantora e atriz britânica.

Biografia
Começou a sua carreira em 1964 com "As Tears Go By", canção composta por ela, Mick Jagger e Keith Richards, lançando depois uma série de compactos bem-sucedidos, incluindo "This Little Bird", "Summer Nights" e "Sister Morphine". Em 1967 foi convidada pelos Beatles para participar do coro da música All You Need Is Love, na primeira transmissão mundial de televisão via satélite, juntamente com outros artistas como Mick Jagger, Keith Moon, Eric Clapton e Graham Nash. Em 1969, interpretou Ofélia, na adaptação cinematográfica de Hamlet de Nicol Williamson.
Depois de se separar de Jagger, Faithfull parou de gravar durante algum tempo e tornou-se viciada em drogas. Mudou-se para Dublin nos anos 70, obtendo algum sucesso com o álbum Dreaming my Dreams, disco que ela não gosta muito hoje em dia. Faithfull regressaria com força total, em 1979, com Broken English, álbum aclamado pela crítica mas que não vendeu muito nos grandes mercados musicais. O mesmo aconteceu com Strange Weather (1987), considerado um de seus melhores trabalhos.
A sua carreira teve um novo fôlego nos anos 90, com a gravação de Blazing Away e com uma participação em 1997 no álbum Reload, dos Metallica, na canção The Memory Remains (e também no videoclipe da música). Faithfull continua com a sua carreira de atriz e cantora, fazendo aparições ocasionais em séries de televisão e filmes e lançando novos álbuns.


Pablo Casals nasceu há 137 anos

Pau Casals i Defilló (El Vendrell, 29 de dezembro de 1876 - San Juan de Porto Rico, 22 de outubro de 1973) foi um virtuoso violoncelista e maestro catalão. É também amplamente conhecido pela versão castelhanizada de seu nome Pablo Casals.

Infância
Pau Carles Salvador Casals i Defilló nasceu na cidade de El Vendrell, na província de Tarragona, Catalunha, Espanha. O seu pai, Carles Casals i Ribes (1852–1908), era organista e maestro do coral da paróquia, instruindo o filho em piano, violino e órgão. A sua mãe, Pilar Defilló, nasceu em Mayagüez, Porto Rico, de pais catalães.
Casals demonstrou talento desde pequeno, obtendo fama internacional ainda jovem. Centralizando as suas atividades de músico em Paris, percorreu a Europa e os Estados Unidos da América promovendo concertos e recitais.

Formação
Ao mesmo tempo, formou uma orquestra em Barcelona, atuando também como maestro. Contudo, ela se desenvolveu na turbulência da revolta e guerra civil conduzida pelo general Francisco Franco. Por ser um ardente patriota catalão e republicano, recusou-se a viver sob a ditadura e exilou-se na França. Contudo, o amor pela pátria levou-o a morar em Prades, uma pequena cidade no sul da França no sopé dos Pirenéus, não muito longe da sua terra natal.
Logo depois eclodiu a Segunda Guerra Mundial e Casals continuou em sua resoluta oposição contra o governo de Franco, combatendo também os fascistas alemães e italianos que o apoiavam. Os nazis ameaçaram-no, tentando suborná-lo, mas ele manteve-se firme em suas convicções e ajudou os refugiados da Espanha fascista.
Quando a guerra terminou e a paz voltou a reinar na França, muitos músicos foram a Prades estudar com Casals.
Em junho de 1950, ele organizou um festival de música para incentivar os jovens artistas. Foi o início do Festival de Prades, que mais tarde tornou-se conhecido em todo o mundo.
Casals foi convidado a dar um concerto, no dia 24 de outubro de 1958, para festejar o dia das Nações Unidas, na sua sede em Nova York. Nessa oportunidade Casals propôs a união da humanidade em busca da paz através do Hino da Alegria, de Beethoven.
Ironicamente, Pau Casals tornou-se conhecido internacionalmente pelo seu nome em castelhano, Pablo, com a curiosidade de ser um grande incentivador da luta contra a ditadura de Francisco Franco e o domínio nazi. Por fim, o nome imposto pelo regime franquista, ficou gravado e é por ele que é mais conhecido.

Morte
Casals morreu em San Juan de Porto Rico aos 96 anos de idade e foi sepultado no Cemitério Nacional de Porto Rico. Ele não viveu para ver o fim do regime franquista, mas foi postumamente homenageado pelo estado espanhol, já sob a chefia do rei Juan Carlos I, que em 1976 emitiu selos comemorativos do centenário de seu nascimento. Em 1979 os seus restos mortais foram transferidos para a sua cidade natal e, em 1989, Casals foi galardoado com o Grammy Lifetime Achievement Award.





Portinari nasceu há 110 anos

Candido Torquato Portinari (Brodowski, 29 de dezembro de 1903 - Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1962) foi um artista plástico brasileiro. Portinari pintou quase cinco mil obras de pequenos esboços e pinturas de proporções padrão, como O Lavrador de Café, até gigantescos murais, como os painéis Guerra e Paz, presenteados à sede da ONU em Nova Iorque em 1956, e que, em dezembro de 2010, graças aos esforços de seu filho, retornaram para exibição no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Portinari é considerado um dos artistas mais prestigiados do Brasil e foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.

Biografia
Filho de imigrantes italianos, Cândido Portinari nasceu no dia 29 de dezembro de 1903, numa fazenda nas proximidades de Brodowski, interior de São Paulo. Com a vocação artística florescendo logo na infância, Portinari teve uma educação deficiente, não completando sequer o ensino primário. Aos 14 anos de idade, uma trupe de pintores e escultores italianos que atuavam na restauração de igrejas, passa pela região de Brodowski e recruta Portinari como ajudante. Seria o primeiro grande indício do talento do pintor brasileiro.
Aos 15 anos, já decidido a aprimorar os seus dons, Portinari deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes. Durante seus estudos na ENBA, Portinari começa a destacar-se e chamar a atenção tanto de professores quanto da própria imprensa. Tanto que aos 20 anos já participa de diversas exposições, ganhando elogios em artigos de vários jornais. Mesmo com toda essa exposição pública, começa a despertar no artista o interesse por um movimento artístico até então considerado marginal: o modernismo.
Um dos principais prémios almejados por Portinari era a medalha de ouro do Salão da ENBA. Nos anos de 1926 e 1927, o pintor conseguiu destaque, mas não venceu. Anos depois, Portinari chegou a afirmar que suas telas com elementos modernistas escandalizaram os juízes do concurso. Em 1928 Portinari deliberadamente prepara uma tela com elementos académicos tradicionais e finalmente ganha a medalha de ouro e uma viagem para a Europa.
Os dois anos que passou vivendo em Paris foram decisivos no estilo que consagraria Portinari. Lá ele teve contato com outros artistas como Van Dongen e Othon Friesz, além de conhecer Maria Martinelli, uma uruguaia de 19 anos com quem o artista passaria o resto de sua vida. A distância de Portinari das suas raízes acabou aproximando o artista do Brasil, e despertou nele um interesse social muito mais profundo.
Em 1931 Portinari volta ao Brasil renovado. Muda completamente a estética de sua obra, valorizando mais cores e a ideia das pinturas. Ele quebra o compromisso volumétrico e abandona a tridimensionalidade de suas obras. Aos poucos o artista deixa de lado as telas pintadas a óleo e começa a se dedicar a murais e afrescos. Ganhando nova notoriedade entre a imprensa, Portinari expõe três telas no Pavilhão do Brasil da Feira Mundial em Nova Iorque de 1939. Os quadros chamam a atenção de Alfred Barr, diretor geral do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA).
A década de quarenta começa muito bem para Portinari. Alfred Barr compra a tela "Morro do Rio" e imediatamente a expõe no MoMA, ao lado de artistas consagrados mundialmente. O interesse geral pelo trabalho do artista brasileiro faz Barr preparar uma exposição individual para Portinari em plena Nova Iorque. Nessa época, Portinari faz dois murais para a Biblioteca do Congresso em Washington. Ao visitar o MoMA, Portinari se impressiona com uma obra que mudaria seu estilo novamente: "Guernica" de Pablo Picasso.
Em 1952 uma amnistia geral faz com que Portinari volte ao Brasil. No mesmo ano, a 1° Bienal de São Paulo expõe obras de Portinari com destaque em uma sala particular. Mas a década de 50 seria marcada por diversos problemas de saúde. Em 1954 Portinari apresentou uma grave intoxicação, pelo chumbo presente nas tintas que usava.

Política
Portinari foi ativo no movimento político-partidário, inclusive, candidatando-se a deputado federal, em 1945, pelo PCB, e a senador, em 1947, pleito em que aparecia em todas as sondagens como vencedor, mas perdendo com uma pequena margem de votos, facto que fez  levantar suspeitas de fraude para derrotá-lo, devido ao cerco aos membros do Partido Comunista Brasileiro.

Morte
Desobedecendo as ordens médicas, Portinari continuava pintando e viajando com frequência para exposições nos Estados Unidos, Europa e Israel. No começo de 1962 o Ayuntamiento de Barcelona convida Portinari para uma grande exposição com 200 telas. Trabalhando freneticamente, a intoxicação de Portinari começa a tomar proporções fatais. No dia 6 de fevereiro do mesmo ano, Cândido Portinari morre, envenenado pelas telas que fizeram o seu sucesso, já que tinha claustrofobia e desmaiava no "corredor" de telas. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.
 O seu filho João Candido Portinari hoje cuida dos direitos de autor das obras de Portinari.
Obras
Entre suas obras mais prestigiadas e famosas, destacam-se os painéis Guerra e Paz (1953-1956), que foram dados de presente, em 1956, à sede da ONU de Nova Iorque. Na época, as autoridades dos Estados Unidos não permitiram a ida de Portinari para a inauguração dos murais, devido às ligações do artista com o Partido Comunista Brasileiro. Antes de seguirem aos EUA, o empresário e mecenas ítalo-brasileiro Ciccillo Matarazzo tentou trazer os painéis para São Paulo, terra natal de Portinari, para apresentá-las ao público, porém, isto não foi possível. Só em novembro de 2010, 53 anos depois, os painéis voltaram ao Brasil e, finalmente, foram exibidos, em 2010, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e, em 2012, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
As telas Meninos e piões e Favela são parte do acervo permanente da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano. O seu maior acervo sacro, entre pinturas e afrescos, está exposto na Igreja Bom Jesus da Cana Verde, centro da cidade de Batatais, no interior de São Paulo, situada a 16 quilómetros da sua cidade natal, Brodowski

A descoberta da terra (1941) - pintura mural de Portinari na Biblioteca do Congresso, Washington, DC

Cozy Powell nasceu há 67 anos

Cozy Powell (Cirencenter, Gloucestershire, 29 de dezembro de 1947 - Bristol, 5 de Abril de 1998) foi um famoso e aclamado baterista britânico.
Muito solicitado em gravações de pop e rock, Cozy Powell foi quase uma lenda no estilo pesado de tocar bateria, tocando ao lado de nomes como Rainbow, Whitesnake, Mickie Most, Black Sabbath, Keith Emerson, Greg Lake (Emerson, Lake & Powell), ou mesmo no seu trabalho a solo, como o single "Dance with the Devil", que foi o seu maior hit no Reino Unido, em 1974.
Powell começou a sua carreira profissional em 1965 com os The Sorcerers, eventualmente tocando com Jeff Beck, depois que este deixou os Yardbirds. Em 1971, formou a banda Bedlam, chegando a lançar um álbum, mas abandonou este projeto para produzir singles, como o "Dance with the Devil", faixa instrumental que chegou à 3ª posição no Reino Unido em 1974. Mais tarde ele formou os Cozy Powell's Hammer, que acabaram em 1975. Nesse mesmo ano juntou-se aos Rainbow, do guitarrista Ritchie Blackmore, ficando até 1980. Sempre muito requisitado, ele alternava os seus trabalhos entre sessões de estúdio e concertos ao vivo com uma grande variedade de bandas como os Michael Schenker Group, Whitesnake e Black Sabbath, nunca permanecendo em nenhuma banda durante muito tempo. Em 1996, ele trabalhou numa longa turnê com os Fleetwood Mac.
Em abril de 1998, Cozy Powell havia abandonado uma turnê com Yngwie Malmsteen, por se ter magoado no pé. Pouco depois, a 5 de abril, Cozy morreu num acidente de automóvel enquanto dirigia o seu carro, um Saab 9000, a cerca de 170 km/h,  com chuva, na Auto Estrada M4, próximo da cidade de Bristol, na Inglaterra. De acordo com uma reportagem da BBC, no momento do acidente o nível alcoólico de Cozy estava acima do limite legal. Ele não usava cinto de segurança e estava a conversar com sua então namorada, Sharon Reeve, no telemóvel, quando ela ouviu o barulho do acidente.
   
Alguns Artistas e Bandas com quem trabalhou

Dexter Holland, o vocalista dos Offspring, faz hoje 48 anos

Dexter Holland, nome artístico de Bryan Keith Holland (Garden Grove, 29 de dezembro de 1965), é um músico e empresário norteamericano. Holland é membro fundador da banda californiana The Offspring, com Greg Kriesel, com quem detém uma gravadora independente chamada Nitro Records, fundada em 1994. Ele é o vocalista principal, guitarrista rítmico e principal compositor do grupo. Ele também é detentor de um mestrado em Biologia Molecular e a alcunha de Dexter vem da infância, pois ele era um aluno responsável e inteligente. Entre os seus passatempos prediletos estão surfar e pilotar o seu avião a jato (possui licença para isso).

Depois que Holland conheceu o seu amigo e companheiro de cross-country Greg Kriesel, começaram uma banda punk local chamado Manic Subsidal, em 1984, onde ele tocava bateria, formado após a dupla não conseguiu entrar em um show dos Social Distortion. Depois de James Lilja ser contratado como baterista, Holland mudou para vocalista e guitarra. Eles nunca lançaram nenhum álbum, mas algumas demos existem online. Depois de algumas mudanças na line-up, os Manic Subsidal mudaram o nome para The Offspring em 1986. Depois de gravarem uma demo em 1988, eles assinaram um contrato com uma pequena gravadora por um curto tempo, a Nemesis Records, para que eles gravassem o seu primeiro álbum, The Offspring, em março de 1989. Este álbum acabaria por ser remasterizado em 21 de novembro de 1995 pela gravadora de Holland, Nitro Records. Em 1991, The Offspring assinou com a Epitaph Records (Bad Religion, L7, NOFX, Pennywise e outras bandas semelhantes). O primeiro lançamento com a gravadora foi Ignition, que foi lançado em 1992. O último álbum da banda com essa gravadora foi Smash, em 1994, que ainda tem o recorde mundial para a maioria das vendas de um álbum por um selo independente. A banda então assinou com a Columbia Records, em 1996 (embora Dexter afirmasse que Brett Gurewitz, dono da Epitaph e guitarrista do Bad Religion, vendeu o contrato para a Columbia), para eles lançarem seus próximos seis álbuns, Ixnay on the Hombre (1997), Americana (1998), Conspiracy of One (2000), Splinter (2003), Rise and Fall, Rage and Grace (2008), e o mais recente, Days Go By (2012).


Os Tablets portugueses são geológicos e lindos...

Valongo - Quadros de ardósia «dão lições» no estrangeiro
Sara Pelicano - sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os grandes quadros negros, ainda há poucas décadas comuns nas paredes das salas de aula, são produzidos a partir da ardósia, uma rocha. Por cá, estes quadros, inseparáveis do giz, caíram em desuso. No estrangeiro continuam a fazer sucesso. Uma empresa de Valongo exporta 100% da sua produção e já pensa em novas aplicações para este produto integralmente nacional.

O quadro negro e o giz branco pertencem hoje às memórias escolares. Nas escolas nacionais, há cerca de três décadas, a esquematização das lições dos professores eram traçadas no quadro de ardósia, uma presença que foi substituída por quadros brancos plásticos e canetas de tinta. Uma mudança recente que não pôs fim ao fabrico de quadros de ardósia, de maior ou menor dimensão.

Em Valongo uma empresa familiar continua a construir os quadros de ardósia. Por ano são perto de um milhão de quadros produzidos, todos com destino ao estrangeiro. França, Itália, Alemanha Suíça, Reino Unido, Holanda, Estados Unidos da América e Canadá são alguns dos países que recebem este produto nacional «100% natural», sublinha Joaquim Tavares, filho do fundador da empresa Manuel Carvalho da Silva, Lda.

Os quadros, além de naturais porque a ardósia e a madeira utilizadas são matérias-primas não transformadas, são integralmente produto nacional. Joaquim Tavares explica que «a madeira de pinho chega de Celorico de Basto e a ardósia de Valongo».

Constituída em 1975, a empresa de Valongo emprega 14 pessoas, mas admite que poderiam ser muitas mais se, em Portugal, não tivesse caído em desuso o quadro de ardósia. «Um aumento de produção representava, sem dúvida, aumento do número de funcionários», afirma Joaquim.

A ardósia, também designada por lousa, é uma rocha metamórfica de composição fina e homogénea, composta por argila ou cinzas vulcânicas que foram sendo formadas, dispondo-se em camadas. Esta rocha, abundante no concelho de Valongo, chega à fábrica Manuel Carvalho da Silva, Lda em «blocos de grandes dimensões que são cortados em blocos mais pequenos de acordo com a dimensão da ardósia pretendida».

O nosso interlocutor pormenoriza ainda que, após o corte, «segue-se o processo de lascagem dos blocos em lâminas de aproximadamente 5 mm. Seguidamente entra numa linha de desbaste e polimento, onde a lousa em bruto de 5 mm sai com uma espessura de 2 mm, já polida das duas faces».

A madeira que emoldura a ardósia chega em tábuas e na fábrica é serrada em ripas. «Estas ripas entram numa máquina onde é feita a moldura final. Depois de cortadas nas medidas pretendidas, estas são encaixadas na lousa e coladas.
Depois de secarem passam por uma máquina, onde são lixadas para o acabamento final da madeira», adianta Joaquim Tavares.


Nova vida para ardósia
 
A rocha que serve de auxílio a professores de todo o mundo começa a ganhar novas aplicações. A empresa de Manuel Carvalho da Silva, que era empregado de uma fábrica de lousas e se estabeleceu por conta própria na década de 70 do século XX, está a preparar uma colecção de peças para decoração e utilização na cozinha, tais como marcadores para pratos, bandejas para petiscos, porta guardanapos, velas e outras ideias.

Escrever com giz em peças de louça foi uma ideia que também ocorreu a Sandra Correia há um ano. A designer recorre a uma tinta especial para «imprimir» em porcelana o imaginário da ardósia. Pinta bules, pratos, canecas, jarros de porcelana e vidro.

Começou por oferecer os artigos que fazia a familiares e amigos. Os presentes foram tão bem acolhidos que Sandra, de 26 anos, decidiu criar a marca Chalk Loves You (que se pode traduzir por o Giz Gosta de Ti). «Adapto objectos existentes e incorporo uma camada de ardósia não a pedra em si, mas uma tinta especial que tem o mesmo efeito», explica a jovem empreendedora.

Além da porcelana, Sandra pinta também artigos de madeira e prepara-se para começar a usar a rocha. Os artigos podem ser encontrados em algumas lojas e também ser encomendados através da Internet. No futuro, «gostava de alargar o leque de artigos e de conseguir produzir em grandes quantidades», conclui Sandra Correia.   

sábado, dezembro 28, 2013

O músico português João Domingos Bomtempo nasceu há 238 anos

(imagem daqui)

João Domingos Bomtempo (Lisboa, 28 de dezembro de 1775 – Lisboa, 18 de agosto de 1842) foi um pianista clássico, compositor e pedagogo português.

Desde cedo iniciou os estudos de música, oboé e contraponto com seu pai, Francesco Saverio Bomtempo, oboísta na Corte de Lisboa, que viera para Portugal no tempo de D. José I. Estudou no Seminário Patriarcal, aos 14 anos foi admitido na Irmandade de Santa Cecília como cantor da Capela Real da Bemposta e, aos vinte anos, tomou o lugar do seu pai, entretanto falecido, na Orquestra da Real Câmara, da qual fez parte até 1801.

Em 1801 o músico decide ir para França, contrariando o costume dos músicos portugueses da época, que seria de uma eventual continuação dos seus estudos em Itália. Assim, nesta data, no rescaldo da assinatura do Tratado de Badajoz e com o agravamento das condições políticas e militares, vai para Paris, onde encontra o melhor ambiente para desenvolver a sua vocação musical e onde conviveu com o grupo de exilados adeptos das novas correntes filosóficas e políticas, que se reuniam à volta do egrégio poeta Filinto Elísio. Com esta atitude comprometeu a sua carreira no campo operático. Acolhido por este grupo de emigrantes que partilham as suas ideias liberais inicia uma carreira de pianista virtuoso à maneira de Clementi, Cramer, Dussek (músico muito apreciado por Chopin) e outros, ao mesmo tempo que estreia ele mesmo algumas das suas primeiras composições. São, dessa época, a Grande Sonata para Piano, dedicada a Sua Alteza Real, a Princesa de Portugal. Op. 1, o Primeiro Concerto em Mi bemol para Piano e Orquestra, Op. 2, o Segundo Concerto para Piano, Op. 3, as Variações sobre o «Minueto Afandangado», Op. 4 e ainda a Grande Sonate Pour le Forte Piano Composée et Dediée à Madame de Genlie, Op. 5.
As primeiras obras de Bomtempo foram muito apreciados pelos parisienses e prontamente publicadas pelas casas Leduc e Pleyel em Paris. Estas obras têm forte inspiração em Clementi.
Quando em 1804 atinge uma fama realmente importante, aparece, entre outros lugares, na Salle Olympique como pianista e compositor.

Entretanto, em Portugal, as tropas de Napoleão sofriam pesadas derrotas infligidas pelo exército luso-inglês e a sua situação em França começou a tornar-se delicada, pelo que vai para Londres em 1810, ano em que a sua 1ª Sinfonia é alvo dos maiores elogios por parte da crítica parisiense. Na capital britânica é uma vez mais bem recebido pela comunidade portuguesa. Também algumas famílias da aristocracia inglesa lhes dão as boas vindas especialmente como professor de piano. É então que se começa a relacionar com alguns dos mais importantes músicos do seu tempo como Muzio Clementi e John Field e é professor da filha de Lady Hamilton.
O contacto com Clementi, a quem o ligavam laços de amizade desde Paris, torna-se mais frequente e é na editora do músico italiano que Bomtempo publicará a maior parte das suas obras. Publica Variações sobre um tema de Paesiello - Nel cor piú non mi sento, Op. 6, o Terceiro Concerto para Piano, Op. 7, o Capricho e Variações sobre o «God Save The King», Op. 8, Três grandes sonatas para Piano, Op. 9, entre muitas outras obras. Dado o perfil das pessoas com que se relaciona é provável que date desta época a sua iniciação na Maçonaria.
Em 13 de maio de 1813, D. Domingos António de Sousa Coutinho, Conde do Funchal, diplomata, ao tempo embaixador de Portugal em Londres, realiza um grande festival com dois propósitos: o de celebrar o aniversário daquele que viria a ser o rei D. João VI e a expulsão do exército francês do território português, em consequência da derrota de Massena. Influenciado pela euforia que se instalara após a vitória luso-britânica, João Domingos Bomtempo compõe uma cantata intitulada Hino Lusitano. Op. 10, sobre versos do poeta liberal Dr. Vicente Pedro Nolasco da Cunha. Neste festival apresentou-se perante uma audiência de personalidades que incluía a quase totalidade do Conselho de Ministros britânico. As obras compostas nesse período incluem a Primeira Grande Sinfonia. Op. 11, executada pela primeira vez em Londres em 1810, o Quarto Concerto para Piano. Op. 12, executado pelo autor em Hannover Square, Uma Sonata Fácil para Piano. Op. 13, Grande Fantasia para Piano. Op. 14, que dedica a um ilustre emigrado, liberal e seu particular amigo, Ferreira Pinto, Duas Sonatas e Uma Ária Popular com Variações para Piano. Op. 15 e um Quinteto para Piano. Op. 16.

Em 1815, após o congresso de Viena, regressou a Portugal no contexto de uma Europa pacificada. Nesta sequência compõe A Paz da Europa, Cantata. Op. 17, que teria uma edição em Portugal, em versão reduzida com o título O Anúncio da Paz. Preocupado com o desconhecimento da música instrumental portuguesa do período clássico, uma das ideias que trazia em mente era fundar em Portugal uma sociedade de concertos ao estilo da Philharmonic Society londrina, esta fundada em Londres em 1812. Pretendia deste modo preencher uma grave lacuna na cultura musical portuguesa.
Mas o ambiente que se vivia em Portugal, tornara-se ainda mais difícil do que aquele que deixara em 1801 devido à ingerência inglesa na política portuguesa, à ausência da Corte portuguesa no Brasil e o agravamento da repressão contra a Maçonaria Portuguesa e contra todos os que ousavam defender os princípios liberais do constitucionalismo. Deste modo decide regressar a Londres onde publica Três Sonatas para Piano e Violino. Op. 18 e, Elementos de Música e Método para Tocar Piano Forte, Op. 19, a sua principal obra pedagógica que dedicou à “nação portuguesa”. Além disso compôs ainda, Grande Sonata para Piano. Op. 20, Fantasia e Variações para Piano sobre a Ária de Mozart «Soyez Sensibles». Op. 21, uma Ária da Ópera Alessandro in Efeso composta e arranjada para Piano, Op. 22, uma Valsa e uma Marcha.
Em 1816, passa por Paris e regressa a Lisboa aquando da morte de D. Maria I no Brasil. Em 1817 o General Gomes Freyre é enforcado no Forte de S. Julião da Barra e este ambiente de repressão leva-o a Paris, de novo em 1818, mas também aí a crispação política não propicia às artes. De regresso a Portugal, dedica-se à composição da que é considerada a sua obra-prima, o Requiem Op.23, (À memória de Camões), integrada no mesmo espírito de revivalismo que tinha originado a publicação em França da famosa edição de Os Lusíadas pelo Morgado de Mateus (1817). Este requiem é talvez o mais importante composto entre o Requiem de Mozart (1791) e o de Berlioz (1837).
João Domingos Bomtempo volta a sair do país para, em 9 de março de 1821, apenas alguns meses depois da Revolução de 1820, oferecer ao Soberano Congresso, uma nova missa de homenagem à regeneração política portuguesa. Esta missa foi cantada na Igreja de S. Domingos no dia 28 de março, seguida de um Te Deum mas, realizada a homenagem à nação, Bomtempo pode então assumir o que não podia antes e, compõe uma nova Missa de Requiem, desta vez, à memória de Gomes Freyre de Andrade e aos supliciados de 1817. Agora, já o nome do prestigiado General e grão-mestre da Maçonaria Portuguesa podia ser evocado, sem os riscos que essa atitude comportaria, alguns anos antes.
João Domingos Bomtempo alcançou a estima de D. João VI e dirigiu as exéquias fúnebres de D. Maria I, quando os seus restos mortais chegaram a Lisboa. Conseguiu obter as condições que lhe permitiram fundar a ambicionada Sociedade Filarmónica, que iniciou a sua actividade em agosto de 1822, com a realização de concertos periódicos. No entanto, a política interpõe-se uma vez mais no seu caminho, quando a reacção miguelista lhe proíbe a realização dos concertos então levados a palco na Rua Nova do Carmo e mesmo após a sua reabertura - no insuspeito palácio velho do duque de Cadaval, onde é hoje a estação do Rossio – pela influência de alguns fidalgos admiradores de Bomtempo, viu as suas portas serem definitivamente fechadas após os acontecimentos de 1828 (aclamação do Rei D. Miguel - Guerras Liberais), altura em que o Absolutismo volta ao poder. Este foi um período difícil na vida do compositor português, quando até a sua integridade física esteve seriamente ameaçada. Acabou por ter de se refugiar no Consulado da Rússia em Portugal, mantendo-se aí durante cinco anos, até à chegada a Lisboa das forças liberais de D. Pedro.

Com o constitucionalismo, João Domingos Bomtempo pôde retomar a sua actividade artística e é nomeado, por D. Pedro IV, professor da rainha D. Maria II. Em 1835, compõe para celebrar o primeiro aniversário da morte de D. Pedro IV, uma Segunda Sinfonia e um Libera Me. Em 1836, é criado, sob inspiração de Almeida Garrett, o Conservatório Geral de Arte Dramática, sendo entregue a Bomtempo a Direcção da sua Escola de Música, mantendo-se como chefe da Orquestra da Corte e onde acumulou também as funções de professor de piano. Aí pretendeu implantar um novo modelo de pedagogia musical, contando para isso com o recurso aos métodos do seu amigo Muzio Clementi, sem dúvida um dos mais notáveis mestres do piano do seu tempo, na altura já falecido. Embora se dedique mais ao ensino, continua a compor até 1842, data em que compõe e dirige uma missa festiva que seria executada, na Igreja dos Caetanos, por professores e alunos do Conservatório. Viria a morrer alguns dias depois, a 18 de agosto de 1842, vítima de uma "apoplexia".
Alguns esforços têm sido feitos para divulgar a música de João Domingos Bomtempo, nomeadamente algumas gravações, mas a grande parte mantém-se desconhecida e inédita. As suas composições compreendem concertos, sonatas, fantasias e variações, compostas para piano-forte, desde sempre o seu instrumento preferido e do qual foi exímio intérprete. Conhecem-se também duas sinfonias, embora se admita a existência de mais cinco, que transmitem de um modo mais flagrante a sua personalidade musical e as suas influências invulgares para compositor ibérico da época, nomeadamente influências germânicas clássicas. São ainda de destacar alguns trabalhos corais-sinfónicos como o já o referido Requiem em memória de Camões e outros e ainda alguns fragmentos a ópera Alessandro in Efeso.
A música de Bomtempo, apesar de revestida de inegável qualidade e de ter alargado o panorama musical português da época, não é vanguardista, sendo mesmo menos moderna que a de Haydn e Mozart e muito menos do que a de Beethoven (seu contemporâneo e compositor de transição clássico-romântico). Por último é importante referir que João Domingos Bomtempo foi sempre defensor dos valores portugueses e na sua obra assumem posição de relevo os valores da liberdade individual e da soberania da nação portuguesa.

Johnny Otis nasceu há 92 anos

Ioannis Alexandres Veliotes, mais conhecido como Johnny Otis (Vallejo, Califórnia, 28 de dezembro de 1921 - Los Angeles, Califórnia, 17 de janeiro de 2012) foi um músico norte-americano de blues e rhythm and blues, além de baterista, pianista, vibrafonista, cantor, líder de banda e empresário. Foi um dos mais importantes personagens brancos da história do rhythm & blues.
Depois de tocar em orquestras de swing, ele fundou a sua própria banda, em 1945. Com esse grupo, viajou em turnê extensiva pelos Estados Unidos como a "California Rhythm and Blues Caravan" ("Caravana do Rhythm and Blues da Califórnia"), obtendo vários sucessos em 1952.
Como produtor musical ele descobriu vários artistas, tornando-se também um influente disc jockey em Los Angeles. Mas ele continuou a tocar, obtendo grande êxito em 1958 com "Willie and the Hand Jive", que se tornaria a sua canção mais conhecida.
Nos anos 60 Otis entrou para o jornalismo e, depois, para a política, não sendo muito bem sucedido. Ele continuou a tocar nos anos 80, embora os seus inúmeros projetos paralelos tenham-no mantido afastado dos palcos durante bastante tempo.
Ele está no Hall da Fama do Rock and Roll desde 1994.